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Ary Fontoura e a arte de se reinventar

Publicado em Novela

Geralmente brilhando como coadjuvantes, Ary Fontoura foi protagonista em Amor com amor se paga, novela que volta a ser exibida no canal Viva

A pandemia veio e trouxe, há cerca de dois anos, palavras que passaram a fazer parte do nosso vocabulário rotineiro. Uma delas é reinventar. Foi um tal de “fulano está se reinventando” para tudo que é lado. Nas artes, foram muitos os exemplos de cantores e atores que aproveitaram a adversidade e, para não enlouquecer, criaram, extravasaram, jogaram tudo pro ar!

Um deles foi o grande ator Ary Fontoura. Um dos maiores nomes da nossa teledramaturgia se entregou a stories e postagens no feed do Instagram apenas levando a vida na quarentena. Mas ele é genial mesmo fazendo o que, naquele momento, era necessário que ele mesmo fizesse: de cozinhar a arrumar a casa, de aprender a mexer na internet a molhar as plantas. Essa reviravolta serviu, entre outras coisas, para que o ator passasse a ser notado por uma geração que prefere dizer que ele protagonizou um “plot twist”.

Quem se interessou mais por conhecer a carreira desse exímio criador de tipos marcantes pode sintonizar no canal Viva a partir de segunda-feira (15/11), quando começa a ser reprisada a novela Amor com amor se paga, escrita por Ivani Ribeiro em 1984. A oportunidade é ótima para conhecer (ou rever) seu Nonô Correia, personagem brilhantemente interpretado por ele no folhetim.

Ary, injustamente, é ator de poucos protagonistas. Esse é um deles. Inspirado em O avarento, de Molière, seu Nonô era mesquinho e guardava num esconderijo um verdadeiro tesouro. Para não dar na vista, levava uma vida simples, sem aproveitar o que aquela fortuna poderia proporcionar a ele. Na novela, ele ainda fazia dobradinha com a excelente humorista Berta Loran (outra preciosidade da nossa cultura).

Nonô Correia marcou a carreira de Ary Fontoura — muita gente ainda o identifica com o personagem — e abriu caminho para uma galeria de tipos impagáveis, como o prefeito Florindo Abelha, o seu Flô, de Roque Santeiro (1985); Romeu, de Hipertensão (1986); e o coronel Arthur da Tapitanga, de Tieta (1989), só para ficar nos anos 1980.

Atores como Ary Fontoura não envelhecem, não passam da época. É sempre muito bom rever e ver esses consagrados nomes em cena. Este ano, ele já apareceu na telinha na delicada construção de um paciente que se descobre portador do HIV na terceira idade em Sob pressão. Moderno, não?