Odete Roitman (Debora Bloch) sai do banheiro já pronta para morrer | Crédito: Beatriz Damy/Globo
Patrick Selvatti
Quase quatro décadas separam dois dos eventos mais aguardados da teledramaturgia brasileira: o assassinato de Odete Roitman (Debora Bloch), na reedição de Vale tudo. Nesta segunda-feira (6/10), a nova Odete será morta em um capítulo que a TV Globo espera que cause um impacto similar ao que parou o país na véspera de Natal de 1988. A pergunta que paira no ar, entre produtores, atores e telespectadores, é: será possível repetir o fenômeno?
Naquele 24 de dezembro de 1988, algo extraordinário aconteceu. Enquanto famílias se reuniam para as tradicionais ceias, uma sombra pairou sobre as celebrações: a morte de Odete Roitman. O capítulo — escrito por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères — foi ao ar por volta das 20h30, horário em que milhões de brasileiros estavam colados na televisão para ver o desfecho da megera.
A personagem de Beatriz Segall foi alvejada por uma bala de revólver que atravessou a porta fosca de um banheiro em uma cena de intenso drama. Relatos da época dão conta de ruas vazias, lojas fechando mais cedo e jantares interrompidos para não perder o momento. Foi um verdadeiro evento nacional, um raro caso de a ficção se sobrepondo a um feriado familiar. A audiência foi estratosférica, consolidando a novela das oito como o grande ponto de encontro do país.
Aposta alta
Agora, em 2025, a aposta é alta. A trama, sob a batuta de Manuela Dias, constrói a morte de Odete Roitman com um peso semelhante. Debora Bloch herdou a tarefa de criar uma vilã odiada e amada na mesma medida. A cena, que já foi gravada, promete ser impactante, sanguinária e rodeada de suspense.
A estratégia de marketing da Globo é clara: promover o episódio como “o capítulo que você não pode perder”, explicitamente remetendo ao legado de 1988. A emissora busca criar a mesma expectativa, a mesma conversa nas redes sociais e nos grupos de família.
Um novo contexto
No entanto, o contexto é radicalmente distinto. Em 1988, a tevê aberta era hegemônica. Não havia internet, streaming, nem a fragmentação de audiência que temos hoje. A plateia era cativa. Parar o país, naquela época, significava dominar as poucas opções de entretenimento disponíveis.
Hoje, o público é pulverizado por dezenas de plataformas. Um “evento nacional” na televisão linear é cada vez mais raro. O sucesso é medido não apenas pela audiência instantânea do Ibope, mas pelos trending topics no X (antigo Twitter), pelos vídeos virais no TikTok e pela repercussão nos portais. A “parada” do país, se acontecer, será digital e midiática, não necessariamente física.
Não dá para parar o país como naquela época. A sociedade e a tecnologia mudaram. O mistério sobre a morte de Odete Roitan pertence a uma era de ouro que dificilmente se repetirá em 2025, mas tem o potencial de ser um grande evento dentro do ecossistema atual da televisão e da internet. Mas replicar a imagem de um Brasil literalmente parado em frente à televisão, em silêncio, assistindo ao mesmo capítulo ao mesmo tempo, é um feito que parece pertencer apenas aos livros de história da televisão.
O desafio da nova produção de Vale tudo não é apenas superar a cena original, mas ressignificar o que significa “parar o país” em 2025. O capítulo desta segunda-feira (6/10) dará a resposta.
Na entrevista abaixo, Debora Bloch fala sobre os bastidores da novela, o desafio de interpretar uma vilã icônica, a emoção da despedida e o impacto do mistério que volta a intrigar o público.
Vale tudo chega a sua reta final com audiência em alta, e sendo um dos assuntos mais comentados nas redes sociais. Em sua opinião, a que se deve esse sucesso?
A gente nunca sabe o motivo do sucesso, mas acredito que é o resultado da junção de uma boa história, uma equipe talentosa e um elenco comprometido. Quando esses elementos se alinham, acontece uma conexão genuína com o público. E acho que foi exatamente isso: personagens fortes e uma trama que prende e emociona.
Como foi para você interpretar uma vilã tão cruel e, ao mesmo tempo, conquistar o carinho do público?
Foi maravilhoso! Assumir um papel tão marcante, eternizado pela Beatriz [Segall], foi um desafio enorme e uma responsabilidade que levei muito a sério. Mas também foi muito prazeroso. Ver que o público abraçou essa nova versão da personagem foi gratificante demais.
Você costuma postar momentos divertidos dos bastidores da novela. Houve alguma situação que te marcou de forma especial?
Eu me diverti muito nos bastidores. Trabalhar e conviver com um elenco e equipe tão parceiros faz toda a diferença. Isso, pra mim, é essencial para que o trabalho flua bem e com leveza.
Como está sendo para você se despedir de um projeto tão intenso e desafiador como esse?
Está sendo um misto de sentimentos. Por um lado, a satisfação de ter conseguido fazer um trabalho legal, e sentir que as pessoas gostaram. Por outro, o cansaço natural de um ano de entrega total, com muita disciplina e dedicação. Estou feliz com o resultado, mas também sentindo aquela emoção de encerrar um ciclo tão especial. E, sim, já sonhando com as férias!
Como você imagina que o mistério “quem matou Odete Roitman” vai mexer com o público?
Aonde quer que eu vá, as pessoas me dizem que já estão fazendo bolão sobre o assassino de Odete! Está me parecendo que as pessoas já estão mobilizadas.
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