Nova série de ação do Prime Video retrata versão atualizada do movimento de 1920. Ao Próximo Capítulo, a protagonista Alice Carvalho conta sobre o processo de gravação
Por Isabela Berrogain
“Um cangaço remasterizado e contemporâneo.” É assim que Alice Carvalho, protagonista da nova série nacional do Amazon Prime Video, Cangaço novo, define o cenário retratado na obra. Recém-chegada no catálogo da plataforma de streaming — o seriado estreou na última sexta-feira (18/8) —, a trama conta a história de Ubaldo Vaqueiro, um bancário de São Paulo que descobre que tem uma herança e duas irmãs, Dinorah e Dilvânia, no sertão do Ceará.
Ao partir para o Nordeste em busca do dinheiro a que tem direito, Ubaldo passa a ser admirado pela população da cidade devido à semelhança física com o pai, e se vê praticamente obrigado a assumir o papel de novo mítico “cangaceiro”. Assim, ele terá de enfrentar bandidos, assassinos, policiais corruptos e, principalmente, seus valores e sua ética. Na produção, Alice dá vida à valente Dinorah, única mulher parte de uma gangue de ladrões de banco. “Existia uma atriz antes de ter vivido o Cangaço novo, e, certamente, eu sou uma outra atriz depois de ter vivido tudo isso”, declara. Os atores Allan Souza Lima e Thainá Duarte também compõem o elenco.
“Como o próprio título diz, a série fala do cangaço novo, e não daquele cangaço insurgente em 1920, 1930 e até o comecinho de 1940, que começou a decair com a derrocada de Lampião, Maria Bonita e todo o bando que foi morto na chacina de Angico”, explica. Apesar de a trama não girar em torno do movimento que já faz parte do imaginário brasileiro, a também roteirista e dramaturga pontua que o cangaço novo, retratado na produção, tem muitos pontos em comum com o antigo. “Sem romantização nenhuma, eu acho que o movimento em si do banditismo compõe, de alguma forma, a colcha de retalhos da cultura brasileira, então é muito importante ter esse conhecimento”, afirma.
Nascida em Natal, no Rio Grande do Norte, Alice vê como um dos destaques o fato de a série ser inteiramente gravada no Nordeste. “Foram oito meses de gravação intensa, debaixo de Sol escaldante, e foi uma experiência que eu certamente repetiria quantas vezes fosse necessário, quantas vezes a obra pedisse. Eu acho que fez toda a diferença gravar in loco, estar lá, sentir o chão, o calor. Tudo isso contribuiu para a veracidade das nossas interpretações, para a verdade da fotografia, do som”, opina.
Parte da sequência de produções nacionais lançadas recentemente pelo Prime Video, Cangaço novo chega para conquistar não só o público brasileiro, como também os assinantes internacionais. A obra está disponível para espectadores de 240 países e territórios. “O papel dos streamings tem sido fundamental na propagação de narrativas como a do Cangaço novo, que talvez ficassem, entre diversas aspas, presas e circulando apenas no âmbito regional. Isso termina dando uma dimensão maior a uma história que pode gerar identificação em pessoas do mundo inteiro”, avalia. “Não importa de onde seja contada, toda boa história é passiva de gerar uma identificação”, garante.
Antes da chegada ao Prime Video, Cangaço novo teve estreia mundial no Festival de Cinema de Gramado, na última segunda-feira (14). A produção tornou-se a primeira série a ser reproduzida no evento. Para Alice, a exibição no festival é a prova de que o seriado chega ao streaming com “qualidade cinematográfica”. “Fazer parte do Festival de Gramado é uma exposição das qualidades técnicas da série. Particularmente, eu fiquei impressionada em como Cangaço novo é um seriado que poderia ser exibido em uma sala de cinema”, revela. “A fotografia é um personagem à parte, assim como o som, o desenho de som e a trilha sonora”, defende.