5 razões para maratonar A maldição da residência Hill (mesmo se você tiver medo)

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A produção gerou muito burburinho no ano passado, e o Próximo Capítulo fez uma lista para que você encare os medos e dê uma chance para A maldição da residência Hill

Quando Stephen King, o mestre do terror ocidental, chama um trabalho de “próximo a obra de um gênio”, é uma dica de que talvez você devesse dar uma chance pra tal trabalho. Quando falamos de A maldição da residência Hill, talvez o aval de King nem tenha sido uma grande surpresa, afinal, a produção foi um dos grandes destaques da Netflix em 2018. E não para menos.

A série, que conta a história da família Crain na famosa “casa da colina”, conseguiu apresentar uma narrativa de extrema qualidade, em que o terror se torna apenas um pano de fundo para o verdadeiro enredo de uma clã entre os altos e baixos e que tenta sobreviver das recorrentes tragédias. Óbvio que a produção ainda tem perturbadores elementos de terror (com muitos sustos), entretanto, o trabalho de Mike Flanagan (o responsável pela adaptação do livro de Shirley Jackson, de 1959, para a tevê) em aprofundar uma história se torna quase uma obra de arte, com elementos diversos e cheia de emoção ao longo de 10 episódios.

Crédito: Reprodução/Imdb (em imdb.com) – Pode até não parecer, mas a série é mais do que terror

Por isso, se você estiver disposto a passar um pouquinho de medo por uma boa história, essa pode ser a chance perfeita!

Confira motivos para assistir A maldição da residência Hill

Cuidado, texto contém spoilers!

1) Foco na família

Séries com foco em histórias familiares praticamente construíram o formato na televisão mundial. Logo, não é surpresa que aqui a base de tudo também seja uma família. Os Crain são formados por Hugh (Timothy Hutton), o pai; Liv (Carla Gugino), a mãe; Steve (Michiel Huisman), o filho mais velho; Shirley (Elizabeth Reaser), a filha mais velha; Theo (Katie Siegel), a filha do meio, e os gêmeos Luke (Oliver Jackson-Cohen) e Nell (Victoria Pedretti), os filhos mais novos da família.

Crédito: Reprodução/Imdb (em imdb.com) – A superação com a ajuda da família é uma das bases da série

Tudo vai bem com a tradicional família. Hugh ganha a vida ao comprar casas abandonadas, reformá-las e posteriormente as vende por um preço mais alto. Mas o destino coloca o homem frente a uma verdadeira tragédia: a residência Hill. A casa ficou para a eternidade como uma cadeia de espíritos vorazes, que enxergam nos Crain o mais novo alimento. O terror, os sustos, os dramas. No fim das contas, tudo isso é só uma espécie de cortina para a verdadeira história de A maldição da residência Hill: como a família interfere na vida de cada membro, especialmente para salvá-los, independentemente das mágoas, brigas do cotidiano ou traumas de infância.

2) História em mosaico

A maioria dos episódios de A maldição da residência Hill são feitos em dois blocos, com uma parte retratando eventos do passado (de quando os Crain chegaram na casa) e outra parte no “presente”. Ou seja, como a família está tendo de lidar novamente com essa verdadeira maldição que os seguiu durante toda a vida. Além dessa perspectiva temporal, cada episódio é contado pela visão de um dos personagens, que tiveram experiências muito particulares com a casa na infância e precisam da ajuda dos irmãos para combater – de uma vez por todas – esses demônios do presente.

Crédito: Reprodução/Imdb (em imdb.com) – O público só consegue entender os motivos de Shirley fazer o funeral da irmã na própria casa se acompanhar a série até o final

Então, de uma forma não tão inédita, mas absolutamente bem-feita, o público entra em contato com uma nova forma de cliffhanger, em que cada minuto de um capítulo vai completando a história de outro personagem, tornando assim quase impossível de abandonar a produção na metade. Certas partes da série você sabe desde o primeiro episódio – como o “suicídio” da Liv –, mas só vai entender de fato como ocorreu nos próximos capítulos, com especial foco em como cada filho sofreu com a tragédia, e em consequência explicando o motivo pelo qual eles se tornaram tão problemáticos no presente.

3) Enredo pensado

Esta história em mosaico jamais seria sequer possível se tal enredo não fosse muito bem pensado. É exatamente nisso que A maldição da residência Hill consegue fazer escola. Para os fãs de séries talvez isso fique mais perceptível ainda: a grande verdade é que cada diálogo que é completado em outro episódio, ou uma cena que só faz sentido a partir da perspectiva de outro personagem – ou de outra época – deixa a grande sensação que estamos assistindo algo minimamente pensado e organizado para contar uma boa história.

Crédito: Reprodução/Imdb (em imdb.com) – Os fantasmas assustam, mas existe uma forma de detê-los

A forma que A maldição da residência Hill usa para prender a atenção do público é essencialmente pelos sustos, porque o enredo em si é feito de forma lenta, calculada e construída sem pressa. Isso é a base para outro ponto importante que falaremos lá na frente: a carga dramática da produção, que é o gênero que de fato faz justiça a série.

4) Personagens quase amigos

Umas das melhores partes de A maldição da residência Hill são os personagens, então vamos a eles. A princípio, Steve parece ser a cota ranço “personagem chato” do elenco, e por boa parte dos episódios ele veste o julgamento com maestria, entretanto, com o tempo percebemos que o escritor não teve a infância tão livre dos fantasmas assim. Acho que no final das contas não sei se Steve de fato se redimiu, mas deu para perceber que o amor do primogênito pelos irmãos de fato é real.

Crédito: Reprodução/Imdb (em imdb.com) – Steve foi protegido durante a infância, mas agora adulto terá de lidar com os fantasmas do passado

Shirley tinha tudo para ser apenas a irmã mais velha mandona, mas a construção da personagem (em especial a relação dela com Theo) ampliaram as perspectivas da mulher para uma mãe de família bem mais complexa. Agora adulta, Shirley só quer salvar o irmão mais novo, após não conseguir ter feito o mesmo com a caçula, e em cada momento torcemos por ela, e pelo casamento que aos poucos desmorona.

Crédito: Reprodução/Imdb (em imdb.com) – O episódio de Shirley é um dos mais assustadores da temporada

Theo é outra que supera as expectativas. Se tínhamos a impressão que a mulher era apenas a “filha do meio”, não demora muito para que a série mostre que a mulher é muito mais do que isso. Com uma espécie de superpoder, Theo consegue sentir o que as pessoas sentem ao tocá-las e isso é fundamental para que a produção possa se desenrolar em alguns momentos. A dinâmica dela com Steve é outro ponto positivo, que essencialmente é baseado na comédia e dá um tom mais leve à trama.

Crédito: Reprodução/Imdb (em imdb.com) – Theo é outra que só faz sentido com a opinião e as memórias dos irmãos

Luke e Nell definitivamente são os melhores personagens. Os gêmeos, que na fase de infância geram um sentimento infinito de fofura no público, mudam de uma cena para outra para uma vida adulta completamente arruinada pela casa. Enquanto Luke tem de lidar com o vício em heroína (e o grande responsável por boa parte do desmoronamento da família no presente), Nell é perseguida até o suicídio pelo fantasma da “Bend-neck lady” – que no final nos é esclarecido ser a própria personagem após a morte. É sufocantemente triste ver o quanto um não conseguiu salvar o outro no fim das contas, mas também é revigorante ver como de certa forma foi o amor de ambos que conseguiu salvar a família.

Crédito: Reprodução/Imdb (em imdb.com) – No fim a casa conseguiu separa Nell e Luke

5) Drama – e técnica – no ponto

O sexto episódio da trama é especial – é absolutamente bem feito. A reunião dos quatro irmãos para o velório de Nell é construída essencialmente em planos sequências de tirar o fôlego no presente, e no passado fica melhor: os Crain enfrentam a primeira tempestade, que deixa a presença dos fantasmas mais clara – demorou quase dois meses para que a equipe conseguisse filmar o episódio, que com duração de quase uma hora, o capítulo tem apenas quatro cortes, ou seja, os planos sequências ultrapassam 20 minutos.

Crédito: Reprodução/Imdb (em imdb.com) – A dinâmica dos Crain no 6º episódio é bem feita e chave para a história

Entre as frequentes brigas dos irmãos e a luta dos personagens em aceitar que os fantasmas de fato os perseguem, a série mostra perfeita calibragem no verdadeiro gênero que lhe classifica: o drama. A história dos Crain é, acima de tudo, triste e trágica, e o contraponto com terror mostra uma mistura incomum, mas eficaz.

É de partir o coração a história de todos os personagens. Steve preso nas mentiras que sempre se contou para justificar a casa, o vício de Luke, o terror de Theo em sempre absorver o pior das pessoas, a decepção de Shirley em ter uma família destruída e horror de Nell em perder tudo para aqueles demônios faz o público principalmente refletir – em detrimento de ter só medo.

E é óbvio que tudo isso faz parte do clímax da série em mostrar que mesmo “quebrada”, a força do amor familiar é o que de fato vai conseguir libertar os quatro de uma maldição aterrorizante, e – enfim – trazer ao público a catarse fundamental de terminar uma maratona e pensar “que série legal”.

Ronayre Nunes

Jornalista formado pela Universidade de Brasília (UnB). No Correio Braziliense desde 2016. Entusiasta de entretenimento e ciências.

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