Com estreia no Festival de Veneza, A lavanderia traz Meryl Streep como protagonista. Leia crítica!
De Steven Soderbergh (Onze homens e um segredo e Traffic), A lavandeira é mais uma aposta da Netflix no universo cinematográfico. A obra estreou em setembro no Festival de Veneza, teve algumas exibições em salas de cinema tradicionais, até que, em outubro, entrou no catálogo da plataforma de streaming.
O filme é bastante diferente das produções originais da Netflix, flertando mais com o cinema independente. A fita se inspira no escândalo conhecido como Panama papers, que expôs o universo de empresas de fachadas em paraísos fiscais para sonegar impostos.
Para isso, o longa-metragem escolhe um formato narrativo diferenciado em que espectador acompanha três histórias independentes, mas interligadas ao caso. A primeira é de Ellen Martin (Meryl Streep), uma mulher que perde o marido num súbito acidente de barco em Lake George, em Nova York, e começa a descobrir o esquema quando precisa do dinheiro do seguro. Depois, o filme apresenta Simone (Jessica Allain), uma jovem que ganha ações milionárias do pai após descobrir que ele tem uma amante, e Gu Kailai (Rosalind Chao), uma mulher que faz de tudo para que um dos seus funcionários continue lavando dinheiro de empresas de fachada.
Em meio a essas três histórias, há as intervenções em formato de narração dos personagens de de Antonio Banderas e Gary Oldman, Ramón Fonseca e Jürgen Mossack, respectivamente, dois advogados panamenhos envolvidos no vazamento das contas secretas, e ainda a saga de Ellen Martin, que passa a investigar o Panama papers.
Por se inspirar num caso real, A lavanderia serve para explicar mais sobre o vazamento. E esse é um dos problemas do filme: o abuso no didatismo. Esse lado meu professoral da produção é ao mesmo um recurso de humor, mas que cansa também o espectador ao utilizar a quebra da quarta parede de um jeito desnecessário. Até a intervenção final de Meryl Streep — essa musa do cinema –, soa forçada.