Em entrevista, o ator brasiliense conta que ainda está se acostumando com a fama que veio com o sucesso de Todas as flores
Patrick Selvatti
Nascido e criado no Distrito Federal até os 18 anos, Jhona Brujack, o Javé de Todas as flores, acredita que o sucesso da novela — a primeira totalmente produzida para o streaming, no Globoplay — é mérito do roteiro e da equipe envolvida. “A trama pede que o telespectador fique atento ao trabalho e ele foi desenvolvido por toda uma equipe, com muito carinho, paixão e dedicação. Vários fatores fazem com que a obra seja bem-sucedida, né?”, avalia o ator, que completa 29 anos em outubro e estreou na tevê como Lúcio, em Éramos seis (2019).
A novela chega nesta segunda-feira (4/9) à tevê aberta e passa a ser exibida logo após Terra e paixão. Em relação ao personagem, que na história é um rapaz humilde e puro que descobre o mundo da moda, Jhona Burjack observa que se aproxima na simplicidade e no amor. “Tem a questão do caminho como modelo, o romantismo. Já a distância está nas escolhas que ele faz, de desistir da carreira por uma paixão. E eu também nunca me envolvi com pessoas da mesma família”, aponta, contando que, assim como Javé, já ficou com uma prima “mas, muito distante, quando eu era criança”. Na história, ele é apaixonado por Brenda (Heloisa Honein), que o despreza por ser pobre, e envolve-se com a mãe dela, Mauritânia (Thalita Carauta), irmã de sua madrasta.
Também semelhante ao rapaz que vive na ficção, Jhona começou a trabalhar como modelo aos 17 anos. “Eu era acanhado, observava muito e fui me acostumando pouco a pouco. Lembra muito a história do Javé, que vai se soltando, ganhando confiança, até que ele chega a estar 100%. É emocionante resgatar essas memórias…”, acrescenta o ator, que morou em lugares como Itália, Turquia, Inglaterra, França, EUA e Austrália, mas considera Brasília o seu lar. “É sagrada para mim, é minha raiz, quero estar sempre pertinho. Vim pra cá em junho, eu amo essa época do ano. Aproveito a seca pra ir pra Chapada e praticar hipismo e ciclismo”, conclui.
Confira o bate-papo com o Próximo Capítulo, em Brasília.
ENTREVISTA / Jhona Burjack
A que você atribui o sucesso de Todas as flores no streaming?
Acho que a começar pelo roteiro, muito bem escrito pelo João Emanuel Carneiro. As novelas dele sempre fazem muito sucesso. A trama de Todas as flores pede que o telespectador fique atento ao trabalho e ele foi desenvolvido por toda uma equipe, com muito carinho, paixão e dedicação. Vários fatores fazem com que a obra seja bem-sucedida, né?
Acredita que terá o mesmo êxito na tevê aberta?
O Globoplay puxa mais sucesso que a TV aberta, por conta da internet e da disponibilidade, mas a Globo tem um alcance gigantesco.
Em entrevista recente, você afirmou que é 70% Javé. O que mais te aproxima do personagem e o que te distancia completamente dele?
Aproxima a simplicidade dele e o amor pela família, eu também vivi morando com vários membros da família. Tem a questão do caminho como modelo, o romantismo. Já a distância está nas escolhas que ele faz, de desistir da carreira por uma paixão. Também nunca me envolvi com pessoas da mesma família. Fiquei com uma prima, mas muito distante, quando eu era criança. (risos)
É seu segundo trabalho na tevê e considerado um grande sucesso. Como tem lidado com essa repercussão?
Com muita naturalidade, mas acho que a ficha não caiu. As pessoas me param e eu fico meio bobo. Fui fazer prova do Detran, aqui em Brasília, e a moça me reconheceu, eu não sei muito bem como reagir ainda. Tenho muita gratidão, sabe? E sei também que preciso me preparar para a repercussão da novela na tevê aberta. Em Éramos seis, foi menor, as pessoas que me abordavam eram mais velhas, por ser novela das seis, era vista mais por donas de casa.
Ser modelo ajudou na composição do candidato a Garoto Rhodes?
Como eu comecei a trabalhar, aos 17 anos, eu era acanhado, observava muito e fui me acostumando pouco a pouco. Lembra muito a história do Javé, que vai se soltando, ganhando confiança, até que ele chega a estar 100%. É emocionante resgatar essas memórias…
O concurso, aliás, traz candidatos com físicos diversos. Como você avalia essa mudança no comportamento geral?
Quando comecei, na década passada, era tudo padronizado: modelo alto, branco, rosto angelical. Hoje em dia, a gente vê perfis diversos, com jeito de ser humano. Acho isso bonito e necessário. Após anos de um padrão muito injusto, a moda ficou mais responsável, como aceitação humana mesmo.
Você já declarou que não se acha bonito…
Tá, eu me acho bonito (risos), mas tem dias que a gente tem autoestima baixa, né? Mas eu não sou crítico com minha aparência. Ator não tem que ter a mesma preocupação que modelo. Por isso, gosto mais da atuação. Me desprende da vaidade, sabe? E estou buscando mais a espiritualidade, para me ajudar a me aceitar melhor…
Como foi sua infância em Brasília e como é sua relação com a capital hoje?
Vivi no Gama até os 18 anos. Minha infância foi linda, nesse lugar de brincar na rua, cheia de crianças. Chegava da escola, ia pra rua, não tinha tecnologia. Minha família é ligada ao rural, então, eu ia pra cachoeira, rio. Vim de uma família mineira e nordestina, gente simples, mas tive uma infância muito rica. Meu pai era pedreiro, minha mãe era caixa de supermercado, então carrego muitos valores. Aos 15 anos de idade, eu já trabalhava: ajudava o meu tio no bar como garçom, trabalhei em uma peixaria na feira por três anos, depois em uma avicultura. Como modelo, vivi em lugares como Itália, Turquia, Inglaterra, França, EUA e Austrália, mas Brasília é sagrada para mim. É minha raiz, quero estar sempre pertinho. Vim para cá em junho, eu amo essa época do ano. Aproveito a seca pra ir pra Chapada e praticar hipismo e ciclismo.