Uma das primeiras séries lançadas pela Amazon após começar a atuar no país mostra Christina Ricci brilhando no melhor papel de sua carreira. Pena que a história não tenha ficado à altura… Este é ‘Z: The beginning of everything’
Quem conhece a história do casal Fitzgerald pode se decepcionar com a nova série da Amazon, lançada mundialmente em fevereiro. Embora muito famoso nos Estados Unidos, muitas pessoas no Brasil não conhecem o romance da era do jazz que marcou não apenas o imaginário norte-americano, como as páginas de jornais e foi eternizado em livros e filmes. Mais conhecido nas terras tupiniquins pela sua obra Grande Gatsby, o escritor Francis Scott Fitzgerald não apenas cunhou o termo “era do jazz”, como foi um dos seus principais representantes.
O casal, conhecido por seu comportamento boêmio, também foi protagonista de muitas brigas, dramas e vexames. O relacionamento conturbado muitas vezes foi deixado de lado, devido ao grande reconhecimento artístico. Com isso, o público passou alguns anos ignorando o fato de que Zelda não foi apenas fonte de inspiração para Scott. O marido usou, por diversas vezes, trechos de cartas e de diários da mulher, como também chegou a publicar obras dela no seu nome, argumentando que pelo peso da assinatura Fitzgerald eles lucrariam mais.
A série de 10 episódios de 30 minutos, veio na medida certa. Os curtos capítulos impedem que os espectadores se cansem da produção, com alguns erros, e desistam de assistir ao programa. Mas não se deixe enganar. Mesmo com seus problemas, Z: The beginning of everything ainda vale a pena (assista ao trailer em inglês aqui).
O casal mais famoso dos anos 1930 infelizmente não foi bem retratado na tela. Falta química, falta paixão entre os protagonistas. Mas talvez seja melhor assim, já que sobra espaço para Zelda brilhar, com seu sotaque interiorano, sua acidez e sua atitude transgressora. Quando Fitzgerald não está em cena, ninguém se lembra dele. Mas quando Christina Ricci desaparece, o público fica esperando ansiosamente por sua volta.
O nome deixa claro: o que interessa aqui é a mulher, Zelda. O lado controverso e largamente conhecido de Fitzgerald transborda pela tela: beberrão, descontrolado, cheio de vícios e defeitos. A protagonista é apresentada como uma garota de uma pequena cidade do Alabama que, apesar de vir de uma família extremamente tradicional, não dá a mínima para os bons costumes. Ela quer conhecer o mundo, deixar sua marca, e não se importa se no meio do caminho chocar ou constranger algumas pessoas (ou uma cidade inteira).
Zelda é apresentada como a mulher que impulsionou Fitzgerald a ser grande. Ela é impressionante e bela, como as mulheres dos seus livros, e a atriz Christina Ricci, que até hoje é lembrada pelo seu papel em Família Adams encontra nela, o papel de sua vida.
Ainda não vemos, durante esta primeira temporada, sinais da doença mental que mais tarde veio a assolar Zelda na vida real, resultando na sua internação anos mais tarde. O que vemos é a força de uma protagonista que empurrou um dos maiores escritores norte-americanos a ser mais. No decorrer dos episódios ela cresce, amadurece, e deixa claro que a sua ingenuidade é apenas aparente. Não à toa, Z: the beginning of everything entrou na nossa lista de séries para ficar de olho em 2017.
E você, já assistiu?