Os atores Guilherme Fontes e Mel Lisboa falam sobre Pacto de sangue, que estreia em 27 de agosto
A partir de segunda-feira (27/8), o canal Space lança Pacto de sangue. A produção nacional estreia com a exibição de um episódio duplo, às 22h30, sem intervalos comerciais. Esse é mais um seriado nacional a entrar na grade da tevê por assinatura no Brasil.
Pacto de sangue é protagonizada pelo ator Guilherme Fontes. Ele dá vida ao repórter Silas Campello, um homem que às custas de ter mais espaço e mais audiência dentro de uma pequena emissora televisiva de Belém do Pará se envolve em polêmicas e até atos criminosos para criar matérias sensacionalistas com a ajuda do irmão Edinho (Adriano Garib), ligado a várias redes criminosas. “Esses personagens que usam a televisão para ascender socialmente são algo bem recorrente (no dia a dia)”, afirma Fontes.
A história da série é baseada “em diversas referências e diferentes pontos: desde políticos que possuem programas de TV, que são muitos por todo o Brasil, até como a busca por audiência, criação e divulgação de fake news e manipulação da informação em benefício próprio acontecem em várias instâncias”. Sobre a inspiração na realidade, Guilherme Fontes afirma: “Eu tinha notícias de longe dessa inspiração. Não me espanta esse caráter. Mas não procurei só olhar esse exemplo, tem vários outros por aí. Fui criando a partir do que me apresentavam”.
Outros debates em Pacto de sangue
Por meio da história do protagonista, que se torna uma pessoa influente na cidade graças às polêmicas na tevê, a série traz para debate vários temas, como violência, sensacionalismo, além de tráfico de drogas e de pessoas. “Acho que é nossa obrigação pincelar as coisas que estão aí, que estão presentes, que a gente fica fingindo que não acontecem. Os números de violência no Brasil são gigantescos, dignos de guerra civil. E o tráfico de drogas é muito responsável por isso”, analisa Guilherme Fontes.
Dentro desse contexto, o seriado avança e mostra os policiais Roberto Moreira (Ravel Cabral) e Lucas Soares (André Ramiro) tentando desvendar os crimes e as atrocidades que acontecem em Belém e que aparecem nos programas de Silas. A dupla acaba chegando a uma rede de tráfico organizado chefiada por Gringa (Mel Lisboa) e Trucco (Jonathan Haagensen). “Ela promove rituais com sacrífico de mulheres envolvendo drogas. É um ritual, que, para não parecer com nada que existe, foi criada para a série”, revela Mel Lisboa.
Pacto de sangue é uma coprodução do canal Space com a Intro Pictures e conta com oito episódios de 45 minutos cada. A série será exibida toda segunda, às 22h30, com reprises às quartas, às 21h. A segunda temporada ainda não está confirmada, mas segundo Guilherme Fontes, pode acontecer: “Gancho é o que não falta! Então temos boas chances”.
Leia entrevista com Guilherme Fontes e Mel Lisboa
Três perguntas // Guilherme Fontes
A cada ano a gente vê o aumento de séries nacionais na tevê fechada. Como você vê isso?
No caso da série é muito interessante você como ator e diretor ter início, meio e fim, planejar, desenhar um arco dramático. A série te permite isso. A novela não te permite isso. A novela acaba sendo um tiro no escuro, você pode começar coadjuvante e virar protagonista. Ser protagonista e acabar figurante. É muito frustrante, você acaba desenhando conforme o riso da plateia, mas a gente não tá fazendo teatro, a gente tá fazendo televisão. A série nesse sentido, de uma obra fechada, é muito mais interessante, muito mais divertido.
Nos anos 1990 você fez uma novela atrás da outra. Você sente falta de fazer novela?
Tenho vontade, quero fazer de novo. Estou aí disponível para convites. Mas eu não posso negar que prefiro outros formatos, muito por esse controle artístico que a gente tem sobre a obra que está fazendo. Novela é genial, você atinge milhões de pessoas durante um ano inteiro. Ao mesmo tempo hoje você faz uma série e de repente ela entra na Netflix e vai para o mundo todo. Isso é fabuloso. Mas eu acho que as pessoas não têm mais tanto tempo para acompanhar uma história por tanto tempo. Mudou de mais a forma de consumir isso. Acho que a série te da uma chance melhor para isso.
Você é muito lembrado por alguns personagens, como em A viagem. Você gostaria de fazer algo de novo com o Alexandre?
Ele está tão presente em mim. Não tem jeito, eu saio na rua e as pessoas falam dele. Ele repetiu quatro ou cinco vezes no Vale a pena ver de novo e depois no Viva. Então me dá uma vontadezinha de propor um projeto em cima dele, quem sabe? Por que não?
Duas perguntas // Mel Lisboa
Como você vê esse bom momento das séries no Brasil?
Eu acho maravilhoso, porque abre o mercado para todo mundo. Então você não fica mais dependendo tanto assim, eu torço para que haja cada vez, que a qualidade seja cada vez melhor, que as pessoas consumam cada vez mais. É bom para todo mundo.
Você está fazendo faculdade de letras. O que te motivou a voltar a estudar?
Estou fazendo a faculdade, acabei de terminar o primeiro semestre e vou entrar no segundo. Eu queria voltar a estudar, queria estudar outra coisa, foi uma necessidade. Acabei escolhendo esse curso sabendo que o primeiro semestre seria mais tranquilo de trabalho, que estaria só em cartaz com peças. Fiz essa história da Netflix, a gente tá gravando. No segundo semestre vai ser mais complicado, não peguei todas as disciplinas, sabei que não seria assim. Não vou concluir no tempo que leva, mas também não tenho pressa. Não tô fazendo para me formar e entrar no mercado de trabalho. Meu objetivo é estudar, pensar, ver mais coisas.
*Diferentemente do publicado no domingo (26/8) na matéria Submundo do crime da Revista do Correio, a série Pacto de sangue não é baseada apenas na história de um personagem real, como foi citado. Mas sim de diferentes pontos de inspiração da vida real. “Não se trata de uma produção baseada em uma única história ou pessoa, e sim, de personagens inspirados em situações que acontecem, também, fora da ficção. Pacto de Sangue é um drama ficcional e conta em sua história como misturar poder, política e mídia pode ser polêmico”, afirma o canal em nota.