Ator que fez o garimpeiro Zé Victor em O outro lado do paraíso poderá, em breve, ser visto nas telonas. Confira entrevista com Rafael Losso!
Rafael Losso é daqueles atores para quem intensidade é palavra chave na composição de personagens. Pode ser um garimpeiro em O outro lado do paraíso, um preso em Carcereiros, um paciente de HIV em Sob pressão – não importa. A entrega está ali e pode ser percebida pelo público.
De férias da televisão desde o Zé Victor de O outro lado do paraíso – “tenho saudades diárias dele”, confessa -, Rafael tem feito muito cinema. Está em dois filmes que virão em breve: Virando a mesa e Intervenção.
Em comum, os longas giram em torno de policiais, universo com que Rafael está completamente adaptado, desde a estreia na tevê, em 9 milímetros, passando por Carandiru: Outras histórias e Carcereiros.
“Mesmo os ambientes sendo semelhantes, não dá para comparar os trabalhos porque cada personagem é único, até mesmo porque as abordagens variam”, afirma o ator.
Em entrevista ao Próximo Capítulo, Rafael fala sobre os novos filmes (em Virando a mesa, ele estará ao lado do brasiliense Rainer Cadete), do perfil de personagens de que gosta e de Sob pressão, trabalho que ele considera um divisor de águas na carreira.
Confira entrevista com Rafael Losso!
Em Virando a mesa você faz o melhor amigo de um policial, certo? O que pode adiantar sobre o personagem e sobre o filme?
No Virando a mesa eu faço o Naldo, que é o melhor amigo do policial, vivido pelo Rainer Cadete. Como eles cresceram juntos, têm uma relação muito próxima, o que acaba desencadeando, também, várias enrascadas. Essas confusões acontecem porque o Naldo precisa de alguns favores, além de dinheiro. (risos) O longa se passa, então, em torno disso: das enrascadas que o policial sofre por causa dos pedidos de seu melhor amigo. Além de engraçado, o filme está bem aventureiro.
O universo policial está presente em vários trabalhos seus, além do Virando a mesa, como Carandiru e Carcereiros. A preparação para eles se parece de alguma forma?
Desde meu primeiro trabalho em séries, que foi Nove milímetros, estou inserido nesse ambiente policial, onde eu morri na primeira temporada, mas depois voltei na próxima com outro personagem. Foi muito bacana. Contudo, mesmo os ambientes sendo semelhantes, não dá para comparar os trabalhos, nem o Carandiru e nem Carcereiros, porque cada personagem é único, até mesmo porque as abordagens variam. Em Carandiru: Outras histórias, por exemplo, meu personagem não estava envolvido em uma trama policial. Já o Carcereiros considero mais dark, principalmente porque eu fazia um preso. Foi intenso! Mas agora, em Virando a mesa, sinto uma leveza maior, pois tem uma brincadeira, uma descontração. Afinal, não dá só pro personagem ficar sofrendo, né? (risos)
Sua participação em um episódio de Sob pressão acabou tendo uma repercussão enorme. Você se surpreendeu?
Fazer Sob pressão foi muito marcante. Além de ter exigido muita disponibilidade em cena, me senti, energicamente, muito marcado. De fato, me surpreendi bastante porque a intensidade do personagem, pelo seu teor, me assustou inicialmente, confesso. Mas foi bem especial todo o processo de preparação e considero, hoje, um divisor de águas na minha carreira, tanto pela pesquisa que foi necessária, quando pelo jogo de cintura que precisei ter para que a emoção acontecesse em cena.
Nos palcos e no cinema, seus personagens são engajados, mesmo em clássicos como Ricardo III. É uma escolha? Por que faz essas opções?
Considero, sim, meus personagens engajados, e isso me orgulha muito. Fiz personagens bem intensos no cinema e na tv. No teatro, por exemplo, tive a honra de interpretar muitos clássicos de Shakespeare e foi uma grande escola. Mas, considero também um pouco de sorte, pois nunca foi uma escolha interpretar esses personagens, e sim uma consequência do acaso. Um acaso muito agradável e que me desafiou a cada trabalho. Graças ao universo fui presenteado com personagens difíceis, e num país onde é bem difícil ser artista, fico feliz pelas oportunidades. Temos que aproveitar as possibilidades se quisermos mergulhar na arte e, claro, viver dela. Agora estou com personagens mais leves. Mas sigo gostando de desafios, pois isso move o ator.
Você fez muito sucesso com o Zé Victor de O outro lado do paraíso. Já tem planos para voltar à tevê?
Ah, Zé Victor me dá uma saudade diariamente. Foi bem marcante. Sim, estou louco para voltar para tv e aberto às novas oportunidades também. Logo logo vem. O importante é continuar trabalhando e não parar nunca, porque batalhando a gente vai conquistando novos trabalhos.
No filme Intervenção, você repete a parceria com o Caio Cobra. Como é a relação de vocês?
Eu e o Caio nos conhecemos há alguns anos, fazendo o piloto de uma série. Nos demos bem logo de cara e desde então mantemos o contato e a vontade de trabalhar juntos.
Fazer um filme com o mesmo diretor facilita seu trabalho de ator?
Facilita a nossa comunicação, sim. Entendo mais o que ele precisa. Contudo, toda relação próxima tem suas concordâncias e discordâncias, mas seguimos sempre fazendo o melhor dentro das nossas possibilidades, o que faz com que o trabalho flua ainda melhor, pois entendemos os propósitos do trabalho proposto.
Fazer parte de um filme baseado em fatos reais, como Intervenção, é muito diferente?
Não acho que seja diferente em si, mas existe, sem dúvidas, uma preocupação disciplinar de postura para passar certas sensações e ser compatível com a realidade.