Encerrada em 24 de junho, segunda temporada de Westworld peca ao abusar dos recursos temporais. Leia crítica sobre os 10 episódios!
Depois da boa repercussão da primeira temporada, esperava-se que Westworld retornasse mantendo o nível alto. Porém, não foi isso que aconteceu na segunda temporada exibida entre 22 de abril e 24 de junho na HBO (e disponível atualmente na HBO GO).
A qualidade da série caiu bastante e o principal motivo é que Westworld se tornou uma grande confusão. Se na primeira temporada as várias linhas temporais em que se passava a história eram um recurso que pesavam a favor da série, na segunda temporada serviram apenas para dificultar o entendimento linear da trama. Foram tantos vai e vem, que ficou complicado entender e se importar com a trajetória dos personagens — estava me sentindo o próprio Bernard (Jeffrey Wright) que se perguntava o tempo todo se aquilo era agora.
Falando em personagens, Dolores (Evan Rachel Wood), uma das melhores da primeira temporada, foi uma das mais difíceis de engolir. As motivações da protagonista ao longo da temporada pareciam tão rasas, que, apenas no décimo episódio, intitulado The passenger, é que parece que o espectador volta a ver uma Dolores promissora.
Inclusive, esse é outro problema da segunda temporada de Westworld. A trajetória da série em seu segundo ano é tão irregular que é difícil cravar algo. A produção se arrastou demais ao longo dos 10 episódios, mas no derradeiro consegue um final tão interessante, que chega a ser um alento.
Meu maior problema com o segundo ano da série está ligado ao fato de que Westworld passou vários episódios reafirmando que os robôs finalmente acordaram e agora buscam ganhar o livre arbítrio. Algo que o espectador já sabia desde o fim da primeira temporada e que se tivesse sido usado de uma forma linear teria feito mais sentido, já que os episódios Akane no mai e Kiksuay não são ruins, pelo contrário, mas, na minha opinião, estão completamente fora de contexto com a narrativa iniciada no capítulo Journey into night, o primeiro.
Também incomoda o excesso de discursos à la Ford (Anthony Hopkins). Tudo bem, a série tem um debate interessante sobre livre arbítrio, poder, violência e imortalidade, mas não precisava ficar batendo nessa tecla de reflexão. Cansa.
No entanto, como já dito antes, nem só de problemas e defeitos viveu a segunda temporada de Westworld. Revelar os planos da Delos Corporation em relação aos visitantes do parque foi o ponto alto da temporada, que começa a se mostrar no episódio The riddle of the Sphinx e é bem concluído nos dois últimos episódios. Sem falar que o final — graças a Deus — compensa a uma hora e meia de duração, com Dolores finalmente saindo do parque para colocar seu plano em prática, que será mostrado em uma terceira temporada já confirmada pela HBO.