A mais nova série médica das telinhas, The resident acerta ao criticar a medicina capitalista, mas erra ao se basear em clichês do gênero
Desde 19 de setembro de 1994, com a estreia de E.R., o mundo televisivo mergulhou no universo das séries médicas. A série, que teve George Clooney como um dos protagonistas, apresentou uma revolução no gênero com cenas em plano sequência, rotação de elenco (a produção ficou no ar 15 anos), mortes de protagonistas, e um apelo de verossimilhança que arrebatou o público.
Saber um pouco da saga de E.R. é fundamental para tentar entender de onde surgiu um dos gêneros bases das séries atuais. Mais do que uma tendência, as produções médicas encontraram espaço perante o público: com a imortal Grey’s anatomy e a novata The good doctor, do canal ABC; a série Code black, da CBS; a Chicago med, da NBC; e agora na Fox, que apresenta The resident.
Crítica de The resident
Criada por Amy Jones e Hayley Schore, a série chegou com a premissa de se destacar ao apresentar algo novo entre as tantas séries médicas. Nesse sentido, The resident certamente tem seu diferencial.
O principal ponto positivo da aposta da Fox é a crítica à medicina capitalista. Com a premissa simples de acompanhar um sonhador grupo de jovens médicos que têm que viver a dura realidade diária de um hospital, a produção mostra o lado podre da profissão, que mata pacientes ao ter médicos tirando selfies no meio de cirurgias, chefes sem a menor capacidade de liderança que transferem órgãos para pacientes graças ao poder monetário, enganação de familiares para manter pacientes sem chances de recuperação só para arrecadar na internação, e por ai vai.
A grande sina do doutor Conrad (Matt Czuchry) é apresentar ao novato doutor Pravesh (Manish Dayal) o fato da profissão deles ser dura e “vendida ao lucro”. Esse contexto é um verdadeiro oásis a um deserto de produções que apostam no clássico enredo de séries médicas que mostram essencialmente “jovens doutores que dão a vida pelo paciente”. A história ainda tem ainda a enfermeira Nick (Emily VanCamp), o interesse amoroso de Conrad, que busca os – aparentemente – perdidos valores da profissão junto aos médicos arrogantes.
Por mais que seu ponto positivo seja robusto, infelizmente, The resident ainda se perde no pior que o gênero pode oferecer: histórias clichês e personagens rasos.
A impressão que o público tem é que os enredos da produção são “casinhos repetidos”, como a jovem viciada em drogas, o diabético que não consegue parar de comer e outros nesse nível (nesse sentido há-se de tirar o chapéu a Grey’s anatomy, que, em criatividade para o “caso da semana”, nunca deixou a desejar). Os personagens também são exatamente aquilo que poderiam ser: o médico mal-educado, mas que no fundo tem boas intenções; o novato corajoso e cheio de vida; a enfermeira doce e esperançosa; e o vilão cruel que não pensa na vida dos pacientes.
Seguir acompanhando The resident não é coisa difícil, mas o faça sabendo dos altos e baixos da produção, que conseguiu um curioso caso de juntar um ponto positivo e outro negativo quase simultaneamente.