A estreia da 11ª temporada de Arquivo X expôs um problema da série: ela não deveria ter voltado. Pelo menos, não para essa sequência
No ano passado, na onda dos “revivals”, Arquivo X ganhou novos episódios depois de mais de 10 anos de seu fim. Foi bom rever os agentes Fox Mulder (David Duchovny) e Dana Scully (Gillian Anderson) em novas histórias. E, no fundo, a animação do público (e minha) estava muito mais ligada a nostalgia do que a qualidade dessa volta. Se foi possível se convencer da necessidade do retorno da série na 10ª temporada, agora na 11ª é difícil.
A temporada começa com o episódio intitulado de My struggle III. O capítulo se passa exatamente após o episódio final da 10ª sequência mostrando Dana Scully sendo levada para um hospital. Com fortes de dores de cabeça, a agente desmaia e fica tento alucinações envolvendo Mulder e uma conspiração de um contágio global que poderá destruir a raça humana, salvando apenas aqueles que têm DNA alienígena. O primeiro episódio da 11ª temporada estreou há sete dias nos Estados Unidos e estreia nesta quarta-feira (10/1), às 23h, no canal FOX do Brasil.
Crítica (com spoilers) da 11ª temporada de Arquivo X
Como já havia sido previsto na temporada anterior, Arquivo X resolveu trazer à tona um mistério antigo: a localização do filho de Scully e Mulder, o jovem William. Em uma tentativa de salvar Mulder e a humanidade, a agente começa uma busca pelo filho, que também está sendo procurado pelo Canceroso — olha aí outra coisa do passado de Arquivo X de volta.
Um dos principais vilões de Arquivo X também retorna. Canceroso ou Homem Fumante aparece como a pessoa responsável por querer espalhar o vírus espartano, que tem como objetivo destruir o sistema imunológico dos humanos. A ideia dele é mostrar poder sobre a raça humana que, nas palavras deles, “se recusa a acreditar na extinção”.
Esse, inclusive, é um dos problemas dessa volta do Arquivo X. A motivação de Canceroso para acabar com a humanidade chegar a soar apenas como uma rebelião de uma pessoa mimada. O personagem ganha tanto destaque nessa temporada, que tem mais tempo de tela até do que os protagonistas Fox Mulder e Dana Scully. Além disso, a decisão do roteiro de mostrar que Canceroso é, na verdade, o pai de William (feito com a intenção de criar um super-humano), é uma negação a tudo que Arquivo X já nos ofereceu, seja em sua história, seja em sua relação entre os agentes.
Ao mesmo tempo é difícil acreditar em tudo que se vê nesse primeiro episódio, porque até a série dá alguns indícios de que nem tudo que tenha sido mostrado possa ser verdade. Pela primeira vez, é exibida a frase “I want do lie”, no lugar da clássica “I want do believe” na abertura. Será que tudo que Canceroso falou pode ser visto como verdade? Não saberemos até a exibição dos próximos episódios.
A única certeza que tenho é que Arquivo X deveria ter ficado no passado, sem chance de estragar o cânone, que é o que essa temporada pode fazer exatamente no ano em que a produção completa 25 anos de sua estreia, que ocorreu em 10 de setembro de 1993. Acho que até Gillian Anderson concorda comigo. A atriz já avisou que sairá da franquia após o fim da 11ª temporada.