Série documental Espiões da máfia se debruça nas tentativas da CIA e do governo norte-americano de matar Fidel Castro durante a Guerra Fria
Por Pedro Ibarra
Durante a Guerra Fria, Cuba e Fidel Castro se tornaram uma pulga atrás da orelha dos Estados Unidos. Afinal, um país a poucos quilômetros de distância marítima dos EUA era um forte aliado da União Soviética comunista e estava municiado de armas nucleares. Por este motivo, o governo norte-americano liderado por John F. Kennedy, através da CIA, tentou matar Fidel mais de 600 vezes. Essa história é contada na série documental Espiões da máfia, estreia desta semana da Paramount+.
O que antes parecia apenas uma teoria da conspiração foi estudado a fundo por Thomas Maier no livro Mafia Spies: The Inside Story of the CIA, Gangsters, JFK, and Castro. A obra se tornou um best-seller e chegou às mãos de Tom Donahue e Ilan Adebola, que decidiram transformar a história em uma série documental. “Nós amamos o tema, o mundo e o ambiente criados e encontramos uma forma divertida de abordar o assunto”, comenta Ilan.
Os dois pontuam que a mistura entre os universos distintos da Máfia de Chicago e da espionagem da CIA, em um emaranhado que é crucial para períodos graves da Guerra Fria, chamou atenção. Essa realidade que parece uma ficção é chave para o que os showrunners escolheram para a produção. “Nós amamos a história de Hollywood na mesma intensidade que amamos política, e para mim isso combina as duas coisas”, afirma Tom.
“Nós queremos trazer um público mais jovem para fazer uma coisa divertida e retrô, tem algo romantizado nessa época do Frank Sinatra, John F. Kennedy, CIA e dos mafiosos. Nos debruçamos em histórias que criam essa sensação romântica para espionagem, como 007 ou até Pantera Cor de Rosa, para desenvolver nossa estética”, explica Tom. Essa estética e ambientação dão à série um caráter divertido que capta o público para transmitir a mensagem. “Seduzimos a audiência com essa sensação e com essa distração, eu e Ilan fizemos o que fazemos de melhor: a disrupção cultural. Mudamos os ângulos dos pontos de vista e no final de seis episódios mudamos toda noção dessa história, e do mundo, que o espectador tinha”, conta o showrunner.
Dessa forma, o documentário seriado conta uma história que vai muito além de uma explicação ideológica ou uma biografia. “Nós convidamos os melhores dos melhores para darem entrevistas, são pessoas que têm prêmios acadêmicos e impacto cultural. Não estamos trazendo uma teoria louca sobre comunismo, estamos falando com os maiores especialistas da área de uma forma divertida”, destaca Ilan.
Fidel Castro é apenas mais uma engrenagem na máquina criada pela série. “Castro talvez não seja o ponto mais importante da história, ele é apenas a representação do outro, do perigo a 90 milhas de distância, o inimigo”, diz Tom. “O drama está nas instituições, como a CIA e o governo, se desesperando por conta desse cara”, complementa o showrunner que também assina a direção.
A ideia sempre foi dar a própria assinatura a uma história inacreditável e interessante para qualquer público, não apenas para os amantes de documentários de guerras e mistérios. “Mesmo que tudo isso tenha chegado à beira da aniquilação nuclear, com os nervos à flor da pele em uma situação gravíssima., não deixa de ser divertido de assistir”, brinca Tom.