Série do canal Brasil Werner e os mortos tem bom elenco e funciona como humor mórbido
O humor mórbido dá o tom da nova série do Canal Brasil. Depois da ótima Fim do mundo e da irregular Amor de 4, a emissora vem com Werner e os mortos, série em 13 capítulos exibida aos sábados, às 21h30. Se você ainda não começou a assistir ao seriado, a plataforma digital do Canal Brasil disponibiliza os capítulos, cada um com cerca de 25 minutos.
Werner e os mortos tem roteiro e texto de Gabriel Faccini e Tiago Rezende e direção de Cláudio Fagundes. O ator Adriano Basegio vive o protagonista. É ele que tem uma relação quase íntima com os mortos. Werner vê e conversa com quem morreu recentemente e ainda não terminou de fazer “a passagem”. Numa espécie de limbo, os mortos o procuram para resolver alguma questão que ficou em aberto.
E aí vale tudo: a juíza quer reparar um erro que levou um inocente à prisão, o escritor quer dar a herança à filha que ele não reconheceu em vida, o menino quer avisar à médica que ela não tem culpa da morte dele. Werner avisa logo de cara: “Essa é a minha profissão e eu vou te cobrar pelo serviço”. É com esse tipo de humor que Werner e os mortos vai brincando e desfilando frases de efeito como “as coisas acontecem porque não podem deixar de acontecer”, “como uma pessoa pode alegar que dá atenção a outra e assinar um e-mail com att?” e “até o Vaticano precisa de dinheiro”.
Werner conta com a ajuda do cunhado Jão (Felipe de Paula) e da sobrinha Júlia (Mariah Pandoin) para realizar as tarefas com sucesso. Apenas Werner vê e fala com os mortos. A ética do trio — da dupla, na verdade, já que Júlia é uma criança — é uma só: o pagamento só pode ser gasto depois que o cliente passar pela porta da sala do apartamento de Werner, que leva ao céu, ao inferno ou “ao lugar que a pessoa acreditar”. Para tanto, eles fingem que são jornalistas, interessados em comprar uma casa, policiais, detetives.
O acesso ao portal onde a passagem é feita é guardada por Asaias. É com ele que o protagonista joga xadrez, numa batida (porém, eficiente) metáfora para a vida, e também é ali que está o papo sério da série, às vezes sobre religião, às vezes sobre o que se leva da vida.
Werner e os mortos está longe de ser uma obra-prima. Mas também não é uma produção ruim. Aparentemente barata — os atores não são conhecidos, são poucas locações –, a série agrada por divertir e por levantar algumas questões éticas sem ser didática ou panfletária. E o melhor: pode assistir na ordem que você quiser, pois um episódio não depende do outro.