Intérprete de Buchecha no filme “Nosso sonho”, o ator de 25 anos vai estar em “Justiça 2” e foi anunciado como mocinho de “Renascer”, ambos da Globo
Patrick Selvatti
Protagonista no cinema, no streaming e na tevê. De uma vez só. Este, sem dúvida, é um grande momento na carreira de Juan Paiva. Cria do Vidigal, formado pelo Nós do Morro, o ator de 26 anos pode dizer que chegou lá. Estrela ao lado de Lucas Koka Penteado no filme Nosso sonho, que conta a vida de Claudinho & Buchecha, ele está na série Justiça 2, gravada para o Globoplay, e foi confirmado como o protagonista de Renascer, remake que está sendo produzido pela Globo.
Esses trabalhos de destaque só vêm reforçar uma trajetória admirável de ascensão na televisão. Após estrear, em 2015, na novela Totalmente demais, e passar por uma das temporadas de Malhação mais aclamadas, Juan conquistou, em 2021, literalmente, Um lugar ao sol ao protagonizar, ao lado de Cauã Reymond, Alinne Moraes e Andréa Horta, a primeira novela das 21h original exibida após a pandemia.
Antes de Juan, apenas Lázaro Ramos havia alcançado esse espaço. Para o jovem ator, esse movimento do protagonismo negro já era para estar existindo há muito tempo. “A gente que é preto, favelado, que tem um sonho, pode realizá-lo. A gente quer se movimentar, trabalhar e poder viver nossa vida dignamente”, contou ao Próximo Capítulo.
Juan não pode falar muito sobre os projetos da Globo, que ainda estão em produção. Em Justiça 2, Balthazar será um dos justiceiros da trama, um motoboy que foi preso injustamente, passou sete anos na cadeia e sai disposto a reconstruir a vida. A série do Globoplay foi gravada em Brasília, mais especificamente em Ceilândia. Já no remake de Renascer, ele será João Pedro, o filho caçula do coronel José Inocêncio, que será vivido por Marcos Palmeira — intérprete original do personagem que o mais jovem irá defender. “Fiquei muito feliz, mas a gente está no início e eu não tenho muita coisa para falar ainda”, desconversou o rapaz.
Focado no papel que encara no cinema, Juan falou da responsabilidade de viver uma biografia, que sempre foi um sonho, e da troca com Bochecha, o sujeito de carne e osso que ele interpretou na telona. “Buchecha nos convidou até a casa dele para tomar um café da manhã e, a partir daquele momento, eu entendi que era um momento de preparação já, de observá-lo, de entender como era o universo dele pessoal, envolvendo família e tudo”, explicou o jovem ator, que é pai de Analice, 9, que teve aos 16 anos com a companheira, Luana.
ENTREVISTA / Juan Paiva
Qual foi o maior desafio para compor Buchecha no filme Nosso sonho? E como foi a troca com o próprio Buchecha nesse processo todo?
Eu sempre entendi que era uma responsabilidade viver uma biografia. Sempre foi um sonho e surgiu essa oportunidade agora. Fico muito feliz com o momento, com tudo que vem acontecendo. O Buchecha nos convidou até a casa dele para tomar um café da manhã e, a partir daquele momento, eu entendi que ali era um momento de preparação já, de observá-lo, de entender como era o universo dele pessoal, envolvendo família e tudo. Depois, a gente fez uma leitura de mesa que ele contou algumas vivências e junto com meu estudo, com a minha pesquisa, eu procurei alguns vídeos na internet para me aproximar ainda mais da época da geração dele.
Você teve uma atuação muito elogiada em Um lugar ao sol, mas houve críticas em relação ao desenvolvimento da novela, como um todo. Como foi para você ter a novela adiada pela pandemia e exibida já toda gravada, sem chances de reparação?
Foi um outro desafio também. Eu nunca tinha participado de algum projeto que parasse no caminho e ficou uma dúvida se ia continuar ou não, mas também serviu de aprendizado. A pandemia já veio trazendo esse aprendizado para a gente prestar mais atenção no tempo da vida. Foi interessante fazer seguindo todos os protocolos e tal, mas eu senti que nada limitava a gente. A gente estava muito a fim de de viver aquele momento e fazer com que a novela chegasse num lugar mais interessante possível. Acho que a gente conseguiu isso.
Na pandemia, o público pode rever Malhação e Totalmente demais, em que você interpretou um personagem que se torna cadeirante após um atropelamento. Houve uma preparação especial para esse papel?
A gente teve preparação sim. Eu tive preparação com a Beta Perez, junto com a maioria do elenco que foi bacana foi enriquecedor também para o meu estudo e para minha carreira. Em Malhação, tive preparação com a Laís Correia, que foi super importante também. Eu, como um carioca, tinha que entender um pouco da prosódia, do sotaque de São Paulo, o que foi mais um outro desafio. Mas me fez de me aproximar ainda mais do povo de São Paulo, por quem eu tenho maior carinho e o maior respeito.
E como está sendo a preparação para protagonizar Renascer?
Sobre a novela, fico muito feliz, mas a gente está no início, eu não tenho muita coisa para falar ainda.
Este será o seu segundo protagonista no horário nobre. Esse movimento importante de protagonismo preto parece que, finalmente, veio para ficar… O que você pode comentar?
Eu acho que esse movimento e o espaço do protagonismo negro, já era para ter para estar existindo há muito tempo, como já existe, mas era muito pouco. Eu acho que a gente está avançando por um lugar interessante e que seja numa velocidade mais rápida. Eu acho que a gente que é preto favelado, que tem um sonho e busca realizar esse sonho, o que mais a gente quer é se movimentar, é trabalhar e poder viver nossa vida dignamente, então eu fico muito feliz com tudo que vai acontecendo. E que eu possa estar inspirando outras pessoas que vêm de comunidade, assim como eu.
No filme você atua com o Lucas Penteado, que participou do BBB 21, e seu nome foi ventilado para entrar no BBB 23. Você participaria de um reality show?
Acho que não é o momento. Nunca pensei em participar de reality show e, na verdade, continuo pensando assim. Eu respeito pra caramba todo mundo que participa, acho bacana, alguns eu já assisti, mas ainda não é minha vibe. Eu não pensei nisso ainda. Eu acho que, no momento, não, talvez mais para frente. Quem sabe? Pode ser interessante, eu acho que tem que estar com a cabeça muito aberta, tem que estar preparado, porque ficar longe da família, ficar confinado… Acho que já é um outro lugar que, para mim, gera uma dificuldade.