Neste Dia dos Namorados, o Próximo Capítulo elenca os reality shows com temática romântica — ou puramente sexual — produzidos no Brasil
Por Patrick Selvatti
Um dos reality shows de maior sucesso da atualidade é o Casamento às cegas, que chegou à terceira temporada no Brasil estrategicamente nas vésperas do Dia dos Namorados. Com a premissa de que “o amor é cego”, o original da Netflix percorre o mundo — Love is blind tem versão até no Japão — e dá o que falar pela proposta ousada de enlaçar matrimonialmente pares que tiveram o primeiro contato apenas pela voz. Apresentado sempre por uma dupla que é casada na vida real — por aqui, quem conduz a paquera em conjunto é o fofo casal Camila Queiroz e Klebber Toledo —, o formato rende entretenimento a partir de histórias que se desenvolvem sem nenhum roteiro prévio, desde as primeiras conversas em cabines reservadas, passando por uma rápida lua de mel antecipada em um cenário paradisíaco, que logo emenda com a convivência conjugal, familiar e social quando se mudam para um flat. Enquanto isso, os preparativos para a cerimônia nupcial se desenrolam até que, ao final, vestidos a caráter, diante de um celebrante e convidados, os casais se dirigem ao altar para dizer “sim” e, muitas vezes, “não”.
Independentemente de todo o “circo armado” — conforme qualificou o pai de uma das participantes da segunda temporada —, Casamento às cegas envolve o telespectador no enredo da vida real como se estivesse acompanhando uma telenovela, torcendo para que os pombinhos vençam todos os obstáculos e conflitos da jornada romântica e tenham um final feliz. Ou que a mocinha apaixonada se livre do boy lixo que escolheu, da sogra megera que veio no pacote e siga de cabeça erguida na busca pelo seu príncipe encantado.
Mas essa brincadeira com o casamento diante das câmeras é antiga. Nos Estados Unidos, a franquia The Bachelor — e seus derivados — é produzida pela rede de televisão norte-americana ABC desde 2002 e vendida ao mundo todo. No formato original, um solteirão é disputado por 25 mulheres e vai eliminando-as até chegar àquela a quem pedirá em casamento. Uma versão brasileira, chamada The Bachelor: em busca do grande amor, chegou a ser produzida, sem muito alarde, pela Rede TV!, em 2014. De lá para cá, diversos programas exploram o nicho na TV aberta e no streaming. Confira a seleção feita pelo Próximo Capítulo:
Almas gêmeas?
Também na primeira metade da década passada, a MTV já havia produzido o Are you the one?, reality show original americano que ganhou também uma roupagem tupiniquim. Um grupo de 20 jovens solteiros, de ambos os sexos, são confinados em uma casa com o intuito de acharem seus pares ideais. Só que a produção é quem define quem tem a ver com quem, antes de confiná-los, e eles precisam identificar quem são as 10 almas gêmeas, analisando as personalidades de cada um e lançando apostas. A diferença é que, em vez de formar uma cerimônia de casamento no final, a turma leva para casa uma bolada, caso os 10 pares perfeitos pré-definidos sejam formados. E quem decide se casa ou compra uma bicicleta são eles, sem interferência da produção.
Relacionamento aberto
Foi desse formato que nasceu um dos realities mais famosos do gênero, da MTV. De férias com o ex confina em uma luxuosa mansão, sempre na praia, garbosos rapazes e vistosas moças — geralmente alguns egressos do Are you the one? —, supervisionados por um tablet. Com a pegação liberada em meio a muita festa e bebidas na beira do mar, o empecilho para a formação de novos casais é o anúncio, via mensagem no dispositivo eletrônico, da chegada de seus ex-namorados, que surgem em clima de total suspense na praia, sem identidade previamente revelada. Esses seres vindos diretamente do passado vão se juntando aos originais ao longo de toda a temporada, promovendo barracos e atraindo seus próprios exs, em um looping que só termina no último episódio. A proposta do De férias com o ex deu tão certo que o programa criou a versão com celebridades, inclusive misturando personagens das edições realizadas em todos os países. Na Amazon Prime Vídeo, é possível encontrar várias temporadas e descobrir quem são os ex que surgem do alto-mar.
Quando o sexo é restrito
Em uma linha bem parecida com o De férias com o ex, outras plataformas de streaming decidiram criar um formato para chamar de seu. A Netflix, por exemplo, lançou o seu próprio programa de pegação, mas um pouquinho diferente. Digamos que, em Brincando com fogo, há uma pimenta extra no tempero. Afinal, os participantes entram acreditando que será só curtição, mas são surpreendidos com o anúncio devastador feito por uma inteligência artificial chamada Lana: quem tiver contato sexual após as primeiras 24 horas debita uma boa quantia da bolada que o grupo tem como prêmio.
Solteiros por convicção
Já no original da Prime Video para o Brasil chamado Soltos em Floripa (com extensão a Salvador), um time de solteiros (hetero, bi e homossexuais) com os hormônios em ebulição vão para o balneário catarinense sem direito a nenhum pote de ouro ao final do arco-íris. É só pegação e treta, e está tudo bem. Um dos destaques das três temporadas é o brasiliense Murilo Dias, atualmente no casting de outro reality, A grande conquista, na Record. Solteirão, pegador, o cara quer distância de relacionamento sério.
Uma luz no fim do túnel
Em 2022, o Multishow resolveu surfar nessa onda, criando o formato original Túnel do Amor, que também reúne uma moçada livre e desimpedida, de gêneros e orientações sexuais plurais, em uma casa, e em outra, seus respectivos melhores amigos, separadas por um túnel. Sem nenhuma pretensão casamenteira, e, sim, de muito sexo e barraco, as duas temporadas — a primeira apresentada por Marcos Mion e a segunda por Ana Clara Lima — estão disponíveis no Globoplay.
Na alegria e na tristeza
Nem só de dar match sobrevive a indústria dos love realities. Entre 2016 e 2022, a Record investiu pesado em Power Couple Brasil, outro exemplo de enlatado com essa temática que explora a vida dos casais. Neste reality importado, um grupão de casais famosos da vida real encara uma disputa entre si por um grande prêmio em dinheiro no final. Foram seis temporadas bem-sucedidas — todas disponíveis no aplicativo PlayPlus. A última foi vencida, coincidentemente, por um casal que saiu diretamente do Brincando com fogo, da Netflix: Matheus Sampaio e Brenda Paixão.
Até que o perrengue os separe
Antes de Túnel do amor, o Multishow já havia criado um formato genuinamente brasileiro chamado Se sobreviver, case. Trata-se de uma mistura de Survivor, Largados, pelados e apaixonados e Casamento às cegas. Com a proposta de relacionamento conjugal e sobrevivência, casais testam sua relação vivendo por 20 dias em um ambiente completamente isolado, inóspito e nus. Nessa vibe Adão e Eva, não rola pegação, mas muito perrengue, tensão e DR de casal. A pergunta que o programa se propõe a responder é: será que uma convivência tão extrema sustenta o amor que os pombinhos peladões dizem sentir um pelo outro?