Raquel Villar comemora o bom momento do audiovisual brasileiro e compara a nossa situação cultural com a da Alemanha
A ponte aérea Brasil – Alemanha foi uma constante para a atriz Raquel Villar durante o período da gravação da série Dom, do Amazon prime, na qual ela interpreta Jasmin, menina apaixonada pelo protagonista Pedro (Gabriel Leone). Isso porque Raquel mora há seis anos em Berlim, onde vive uma realidade bem diferente no que diz respeito ao incentivo à cultura.
“Aqui (na Alemanha) se investe muito em cultura, pois existe essa noção de que a cultura faz parte da formação do ser humano, o que é completamente verdadeiro. Hoje, no Brasil, existe um boicote contra a cultura. E é por meio da cultura que a gente traz essas reflexões que nos ajudam a entender quem nós somos e a nossa história. Essas reflexões só podem ser justas se elas forem feitas pelo máximo de pessoas possível. Um exemplo: Se o brasileiro sem incentivo criou obras de arte na música como o samba e o funk (sim, o funk), imagina com incentivo? Nós não só teríamos mais museus pra entender nosso passado de verdade, mas teríamos mais escolas para construir nosso futuro”, compara Raquel.
Mas nem tudo é perfeito na Alemanha. Raquel conta que, como mulher, negra e latina, sofreu preconceito lá. “Na Alemanha existe o racismo velado, pois o tema racismo é constantemente trazido a público, e a cultura é uma das grandes ferramentas para essas discussões, reflexões e denúncias. Já no Brasil o racismo é tão explícito que, muitas vezes, as pessoas não enxergam mais. Porém, vejo que agora o caminho é outro: a tolerância acabou, finalmente, pois racismo é crime e nós estamos cobrando”, reflete a atriz.
Da Alemanha, Raquel acompanha a produção do audiovisual brasileiro e comemora o bom momento de séries como Dom, que teve a segunda temporada recentemente anunciada pela Amazon. Para ela, não há muitas diferenças entre as séries brasileiras e alemãs: “O roteiro, produção, fotografia, tudo foi muito bem feito e de forma gigantesca.”
A personagem dela em Dom, Jasmin, traz, entre outras coisas, a discussão sobre violência doméstica. “Ela vem de um histórico de agressões, viu a mãe passar por isso e morrer por isso. Depois ela se vê em uma mesma relação de violências com o cara que ela está antes de conhecer o Pedro. Eu não sei o quanto ela reflete sobre as próprias atitudes, mas percebo que ela está em um movimento de mudança”, afirma Raquel.
Fora da ficção, a atriz é mais firme: “Não dá pra aceitar nenhum tipo de violência, seja ela física ou psicológica, por mais que essa pessoa seja o amor da sua vida. Isso não é mais amor e precisa ser denunciado o mais rápido possível.”