João Baldasserini, o Zezinho de Salve-se quem puder, fala sobre a volta da novela e das gravações em meio à pandemia da covid-19
Por Pedro Ibarra*
A novela Salve-se quem puder está de volta com capítulos inéditos na Globo. A produção chega com os novos episódios para dar um desfecho à história das três mulheres que, por presenciarem um crime, precisam mudar de nome e de vida, ao entrarem em programa de proteção a testemunhas.
“Com toda certeza, esse retorno vai ser mais eletrizante”, conta João Baldasserini, intérprete de Zezinho na novela, em entrevista ao Correio. Ele conta que, com a redução dos capítulos, a história ficou mais dinâmica e o público pode esperar muita ação a partir dos novos episódios. “Todo capítulo, praticamente, revelará uma nova surpresa”, completa.
O ator deu detalhes de como foi gravar no novo normal e quais foram os desafios da retomada. “Quando voltamos a gravar, tudo era diferente, tínhamos camarim individual, um rígido controle de distanciamento, sempre higienizando as mãos, os cenários e usando máscara praticamente o tempo todo”, comenta João. “Gravamos cenas com o uso do acrílico muitas vezes, o que no início causou muito estranhamento para mim, mas, conforme os dias foram passando, aquele novo normal se tornou normal mesmo”, acrescenta.
Ele também contou que passou por momentos difíceis com a família quando todos testaram positivo para covid-19. “Por aqui, as coisas estão tranquilas agora, mas passamos por maus momentos. Tivemos covid, ficamos assustados, mas graças a Deus não tivemos nenhuma complicação”, lembra o artista.
Entrevista // João Baldasserini
Como foi gravar os novos capítulos da novela com as regras de distanciamento social e os protocolos da covid-19?
Na época, eu estava ansioso para que retornassem as gravações. Tivemos uma reunião virtual com os diretores e a produção para ficarmos a par de como seria essa retomada com as novas medidas de segurança. Quando voltamos a gravar, tudo era diferente, tínhamos camarim individual, um rígido controle de distanciamento, sempre higienizando as mãos, os cenários e usando máscara praticamente o tempo todo. Gravamos cenas com o uso do acrílico muitas vezes, o que no início causou muito estranhamento para mim, mas, conforme os dias foram passando, aquele novo normal se tornou normal mesmo. Atuar é dividir intimidade, emoções, sensações, é estar próximo, muitas vezes, ter contato. Mas com todas as novas regras tivemos que nos adaptar e seguir adiante. Nos divertimos do mesmo jeito e conseguimos contar a história. Foi um desafio, mas acredito que cumprimos o nosso dever dentro do possível.
Como você passou pelo tempo distante do trabalho em Indaiatuba? E como tem sido sua quarentena?
Assim que as gravações acabaram, eu voltei com a minha esposa, meu filho e o meu cachorro para Indaiatuba. Logo de cara fizemos uma mudança de casa, saímos de um apartamento e fomos morar numa casa, onde estou agora. Por aqui, as coisas estão tranquilas agora, mas passamos por maus momentos. Tivemos covid-19, ficamos assustados, mas graças a Deus não tivemos nenhuma complicação. Meu filho de 1 ano e 6 meses tem sido nossa alegria. Estamos curtindo cada segundo, curtindo esse momento tão gostoso do crescimento dele. Tenho assistido a televisão também, e estou acompanhando a triste realidade que o Brasil está passando, com tantas perdas de pessoas queridas. Um sentimento de luto amanhece comigo. Mas toda noite, antes de dormir, eu me debruço em um livro, em um romance, em uma outra história e, assim, tento me desligar um pouco da nossa realidade pesada.
O que você acredita que mudou na novela com o retorno?
Sem dúvida, mudaram muitas coisas. A novela era pra ter em torno de 170 capítulos e, no final de tudo, ficou com apenas 100 capítulos, mais ou menos. Ela teve que ser reduzida, e as histórias ficaram mais compactas, o que, por um lado, trouxe mais ação nesses novos capítulos.
Como o Zezinho retorna para Salve-se quem puder? Como foi voltar para esse personagem?
Eu fiquei preocupado em esquecer o tom do personagem, seu jeito, seu sotaque, mas sempre que eu podia, brincava em casa de ser o Zezinho, divertia minha esposa, meu filho (risos). Voltar a gravar foi estranho, como pegar um carro no tranco, mas o que importa é que acabou pegando. O Zezinho voltou e a história teve continuidade. O Zezinho vai passar maus bocados, vai se enfiar em situações perigosas, em situações divertidas e em muitas sequências de ação. Tô curioso e ansioso pra ver os novos capítulos que vêm por aí!
O que o público pode esperar do retorno da novela?
Com toda certeza esse retorno vai ser mais eletrizante. Com a diminuição no número de capítulos, as histórias se concentraram nos personagens principais. Todo capítulo revelará uma nova surpresa praticamente, e as sequências vêm com muito mais ação, claro, não perdendo a leveza e a graça que Salve-se quem puder sempre teve.
A novela não vai abordar a pandemia, como foi passar um tempo nesse mundo em que essa doença tão triste, não existe? E como era voltar para realidade depois da gravação?
Não retratar na novela a pandemia foi até um alívio, uma maneira de se desligar dessa realidade tão triste. Foi gostoso gravar e contar as histórias como se nada dessa tragédia tivesse acontecendo. Mas é claro que assim que acabava a gravação, já vinha uma pessoa com álcool gel e máscara para nos colocarmos no nosso devido contexto. Assim foi por alguns meses, entrando e saindo da realidade. Foi divertido, mas também foi e ainda está sendo triste por outro lado.
*Estagiário sob a supervisão de Sibele Negromonte