Lançado em 21 de julho nas livrarias, a obra de Josh Malerman se passa 12 anos após os acontecimentos do livro e do filme Bird box
Foi ao assistir a versão cinematográfica de Bird box feita pela Netflix que o escritor Josh Malerman decidiu voltar a escrever sobre Malorie, personagem vivida por Sandra Bullock e que é protagonista da história apocalíptica em que o mundo é assombrado por criaturas, que, em contato visual com humanos os levam à loucura.
O segundo livro da franquia, intitulado Malorie (Editora Intrínseca, 288 páginas, preço médio de R$ 39,9) foi lançado em 21 de julho nas livrarias brasileiras e deve dar origem a sequência do filme, de acordo com entrevista dadas pelo autor à imprensa internacional. A obra se passa 12 anos depois dos acontecimentos da original e também do longa-metragem, quando a protagonista chega com os dois filhos Garoto e Garota, Tom e Olympia, respectivamente, à Escola para Cegos Jane Tucker.
Antes de dar o pulo de 12 anos, que é o período pelo qual a história é ambientada, o livro primeiramente traça um panorama dois anos depois da chegada do trio à escola, revelando o acontecimento que os tira daquele local: uma invasão das criaturas causando caos na escola e comprometendo até pessoas cegas, como Annette que fica louca e ninguém sabe direito como. Teriam as criaturas começado a enlouquecer as pessoas pelo toque? Com medo, Malorie decide sair em busca de um novo abrigo com Tom e Olympia.
A história tem uma passagem de 10 anos de tempo, quando os três passam a morar no Acampamento Yadin. Malorie está cada ainda mais cautelosa e paranoica. Desde o enlouquecimento de Annette, ela tem certeza de que as criaturas evoluíram e, por isso, não utiliza só as vendas para tampar os olhos, mas também capas e luvas para evitar qualquer contato físico com o restante do corpo. Os filhos, agora com 16 anos, continuam a seguir as regras da mãe. No entanto, os dois questionam o modo restrito de vida, principalmente, Tom, um jovem idealista que acredita ser preciso enfrentar de outra forma as criaturas.
A regrada vida do trio muda quando um homem bate a porta deles alegando ser do censo. Ele quer entrevistar a família em busca de histórias e experiências com as criaturas para registro. Malorie diz que não. Porém, o homem acaba deixando na varanda da casa algumas páginas do censo. Curiosos, Tom e Olympia resolvem ler o registro e se deparam com algumas informações, como a existência de uma comunidade progressista em Indian River, que diz viver pacificamente com as criaturas; o chamado trem cego, que faz o deslocamento das pessoas pelo país; e ainda uma lista de sobreviventes.
A aventura na sequência de Bird box tem início a partir daí. Malorie descobre que os nomes dos pais dela, Sam e Mary Walsh, estão registrados na lista de sobreviventes. O que a leva, pela primeira vez, a quebrar regras e decidir seguir em busca dos pais. Em meio à isso, a história aborda os outros tópicos da lista do censo: o trem cego, que será o modo de transporte do trio, e a comunidade de Indian River, a qual Tom tem como objetivo encontrar.
Crítica de Malorie
A narrativa se difere bastante do primeiro livro (relembre aqui as diferenças entre o filme e a versão literária). Isso porque, agora, não é mais preciso estabelecer um modo apocalíptico, afinal de contas 16 anos se passaram desde a chegada das criaturas.
Em Malorie, há um aprofundamento dos personagens. A história é sobre a protagonista, mas também sobre os filhos dela, que ganham mais nuances. O leitor sabe o que eles pensam, deparam-se com os sentimentos e os segredos guardados pelos adolescentes. O passado de Malorie também tem mais espaço, com lembranças da vida em família com os pais e a irmã Shannon (que, no filme é chamada de Jessica), além de menções das pessoas com as quais ela viveu na casa, como Tom (o homem que inspirou o nome do filho), Olympia (a mãe biológica da filha de mesmo nome) e Gary.
Na reta final, o livro tem caminhos surpreendentes. Um deles pode parecer forçado. Na verdade, até é. Mas serve para colocar Malorie frente a frente com os demônios criados e reforçados ao longo dos anos. Por ter sido lançado em meio à pandemia, a obra tem aspectos ainda mais relacionáveis do que quando Bird box foi lançado. Isso acontece quando a história retrata o lado paranoico de Malorie e fala sobre o medo de viver em um mundo inseguro.
Mais do que uma trama apocalíptica, Malorie continua tendo o aspecto da maternidade como norte, mas também é uma história sobre sobrevivência e sentimentos dessa família em meio à escuridão.