Em entrevista ao Próximo Capítulo, o ator Gabriel Contente fala sobre a carreira e como construiu o polêmico Vicente de Bom Sucesso
Com apenas 23 anos, Gabriel Contente tem roubado a cena na televisão. Seja como Kavaco em Malhação — Vidas brasileiras, seja agora como Vicente em Bom Sucesso. Isso porque o jovem ator se joga de cabeça nas atuações. “Sempre começo a criação do personagem de dentro para fora. Então primeiro penso no que aquele personagem gosta, qual a relação que ele tem com as pessoas que o cercam, o que ele quer da vida, qual a ética individual dele, etc. A maioria dessas informações pego do próprio texto e as que não existem, crio”, conta sobre o processo de criação.
Para viver o polêmico Vicente, um personagem com atitudes machistas, ele diz que se inspirou nas pessoas ao redor, mas também buscou em si um modo de ser ao mesmo tempo Gabriel e Vicente. “O Vicente nada mais é do que eu mesmo, Gabriel, com aquelas vivências, e opiniões do personagem. Com certeza me inspiro em muitos discursos que já ouvi de outras pessoas ou figuras públicas, e como eles falavam para construir o discurso preconceituoso do Vicente, por exemplo. E me divirto usando trejeitos ou criando tensões que acho que combinam com o personagem que já vi em amigos, colegas ou até mesmo pessoas passando na rua”, revela.
A relação de Gabriel Contente com o mundo da atuação começou muito cedo. Ele afirma que, aos 13 anos, já estava fazendo o primeiro personagem nos palcos: “Acho que o artista já nasce com a vocação. Mas quem me fez falar “Sou ator”, foi a minha mestra Leticia Cannavale, que me mostrou como o teatro é importante pro mundo e como ele é sedutor e atraente. Me fez conhecer Augusto Boal, com apenas 13 anos, além de me dar o presente de fazer Iago, de Shakespeare, com a mesma idade”.
Além da novela Bom Sucesso, o ator está paralelamente fazendo outros projetos: uma websérie, como ator, e quatro textos, como roteirista. Confira abaixo entrevista completa com Gabriel Contente!
Entrevista // Gabriel Contente
Em Malhação — Vidas brasileiras, você viveu um personagem que teve bastante destaque. Como foi essa experiência para você e o que aprendeu com ela?
Eu aprendi muito fazendo Malhação. Sou muito grato a Nathalia Grimberg, a Gabriela Medeiros e Matheus Malafaia, que me escolheram para fazer o Kavaco. Foi uma boa oportunidade de exercitar o humor e o drama no audiovisual. O Kavaco me permitia explorar lugares bem diferentes, alguns tensos e tristes e outros bobos e divertidos. Com seu jeito estabanado e, ao mesmo tempo, cuidadoso com a namorada. Também aprendi muito sobre o funcionamento das gravações, e dos bastidores. E também me aprofundei, junto com a Pally Siqueira, no mundo das pessoas com doenças raras, como ELA (Esclerose Lateral Ameotrofica) e outras doenças degenerativas.
Você está em Bom sucesso. Como surgiu a oportunidade de integrar a novela?
Fui chamado para um teste pelo Fabio Zambroni, que por sinal foi o primeiro produtor de elenco a me chamar pra atuar na globo como elenco de apoio na Totalmente demais. O teste foi maravilhoso e dei sorte do Luis Henrique Rios, a Rosane e o Paulo gostarem também. Além do bom teste, o Luís gostou muito do meu trabalho com o Kavaco e os autores gostaram muito do meu trabalho como Horácio no longa Intimidade entre estranhos, dirigido pelo Alvarenga. Acho que tudo isso me ajudou de alguma forma.
Como você se preparou para viver o Vicente? Se inspirou em alguém?
Sempre começo a criação do personagem de dentro pra fora. Então primeiro penso no que aquele personagem gosta, qual a relação que ele tem com as pessoas que o cercam, o que ele quer da vida, qual a ética individual dele, etc. A maioria dessas informações pego do próprio texto e as que não existem, crio. O Vicente nada mais é do que eu mesmo, Gabriel, com aquelas vivências, e opiniões do personagem. Com certeza me inspiro em muitos discursos que já ouvi de outras pessoas ou figuras públicas, e como eles falavam para construir o discurso preconceituoso do Vicente, por exemplo. E me divirto usando trejeitos ou criando tensões que acho que combinam com o personagem que já vi em amigos, colegas ou até mesmo pessoas passando na rua. Também comecei a ver muito jogo de basquete e jogar com a galera do aterro. Existem duas coisas que amo no trabalho do ator: Conhecer a si mesmo profundamente e observar os outros constantemente.
Você acha que tem algo em comum com Vicente?
Como disse, o Vicente, assim como o Kavaco e o Horácio, sou eu, só que em outra situação de vida. Outra criação, outros sonhos e outra noção do que é certo e errado. Mas se fosse pra comparar as atitudes, diria que nossa forma de lidar ironicamente com o mundo é parecida, mas o momento que usamos da ironia é diferente. Em algum lugar a forma de seduzir também lembra um pouco, porém ele é grosseiro e tem atitudes machistas. Apesar de não ser reativo como o Vicente, quando fico irritado tenho atitudes explosivas que lembram as dele. Mas raramente você vai me ver irritado.
Você começou bem cedo no teatro, o que acha que motivou a virar ator?
Acho que o artista já nasce com a vocação. Mas quem me fez falar “Sou ator”, foi a minha mestra Leticia Cannavale, que me mostrou como o teatro é importante pro mundo e como ele é sedutor e atraente. Me fez conhecer Augusto Boal, com apenas 13 anos, além de me dar o presente de fazer Iago, de Shakespeare, com a mesma idade.
Além de Bom sucesso, você tem outros projetos em vista? Se sim, o que pode adiantar?
Estou gravando uma websérie de comédia, chamada Vamo que vamo e estou produzindo quatro textos que eu escrevi para o teatro, entre eles, um musical com músicas autorais.