Por que ainda amamos Tieta?

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Costumamos chamar de clássicas as obras que resistem ao tempo e fazem sucesso mesmo anos depois de terem estreado. Pensando assim, já podemos incluir a novela Tieta nessa categoria.

O folhetim de Aguinaldo Silva está sendo reexibido no canal Viva, 27 anos depois da estreia na Globo, em 1990. A luz de Tieta continua brilhando e a atração já bateu o recorde histórico do canal por assinatura nas faixas das 15h30 e da 0h30. Tanto que o Viva resolveu fazer uma maratona semanal com o melhor dos capítulos, aos domingos.

Difícil bater o martelo sobre o que faz de Tieta um sucesso quase três décadas depois da estreia — e não vale dizer que é apenas nostalgia porque nas redes sociais jovens que não eram nascidos em 1990 se renderam à trama.

O texto de Aguinaldo Silva, baseado em livro de Jorge Amado, é um bom palpite. Aguinaldo estava realmente inspirado quando passou para a telinha a obra literária do baiano. Mesmo com trechos que hoje cairiam na desgraça do patrulhamento do politicamente correto, ao tratar de temas como machismo e regionalismo.

Em meio a temas pesados — como uma ex-prostituta que volta a Santana do Agreste décadas depois de ser expulsa pelo pai ou a incestuosa relação entre tia e sobrinho –,  há muito humor. Especialmente nas tentativas de Carmosina (Arlete Salles) de saber tudo o que se passa na cidade e  nos embates entre Tieta (Betty Faria) e a irmã, Perpétua (Joana Fomm) — a cena em que Tieta tira a peruca de Perpétua no meio da igreja é antológica. (Leia mais sobre a volta de Perpétua à tevê)

O elenco, afinadíssimo, era liderado por Betty e Joana. Experientes e ótimas atrizes, as duas ficaram marcadas para sempre pelos papéis que desempenharam em Tieta. Tanto que depois dessa novela tiveram outros êxitos, mas nenhum tão grande. Ainda é muito bom conferir as performances de José Mayer como Osnar, Lília Cabral como Amorzinho, e Luiza Thomé como Carol. E o que dizer sobre matar as saudades dos mestres Armando Bogus (Modesto Pires), Sebastião Vasconcelos (Zé Esteves) e Yoná Magalhães (Tonha)?

Tudo isso embalado por uma trilha sonora de primeira linha. Nana Caymmi em Vem morena; Gal Costa em Alguém me disse; Caetano Veloso em Meia lua inteira; Chitãozinho & Xororó em No rancho fundo. Isso sem falar na faixa da abertura, Tieta, na qual Luiz Caldas não nos deixa esquecer que “Tieta não foi feita da costela de Adão; é mulher diabo minha própria tentação” e ainda nos chama: vem, meu amor!

Vinícius Nader

Boas histórias são a paixão de qualquer jornalista. As bem desenvolvidas conquistam, seja em novelas, seja na vida real. Os programas de auditório também são um fraco. Tem uma queda por Malhação, adorou Por amor e sabe quem matou Odete Roitman.

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