Crítica: Vade retro traz texto ágil de Fernanda Young e Alexandre Machado de volta à tevê

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Seriado que terá o segundo episódio exibido nesta quinta (27/4), Vade retro tem pontos altos no texto e nas performances de Tony Ramos e Monica Iozzi.

Imagine-se escalando o elenco de um seriado cômico para a Rede Globo chamado Vade retro. Um dos personagens é a personificação do Diabo. O outro, uma advogada que, de tão ingênua, se chama Celeste. Escolheu Tony Ramos e Monica Iozzi como os protagonistas?

Não né? Pois é… Foi o que o diretor Mauro Mendonça Filho fez. A coragem de optar por atores que não estão acostumados a esse tipo de personagem é um dos grandes trunfos de Vade retro, seriado de Fernanda Young e Alexandre Machado (mesma dupla do ótimo Os normais, mas que até hoje não tinha feito outra coisa tão boa juntos) que vai ao ar na Globo, às quintas-feiras depois de A força do querer.

Celeste é enganada por Abel Zebu

Logo na estreia, semana passada, a agilidade do texto chamou a atenção. Nada de apresentações formais dos personagens. A ação começa de cara e, como se fosse num salmo religioso cantado (ótima sacada, por sinal), conhecemos Celeste e Abel Zebu… sim, o nome do Tony Ramos em Vade retro é esse.

As piadas com o universo do Diabo não param e são perfiladas, uma atrás da outra, como um tiroteio. São engraçadas, mas podem cansar. Será que tem repertório para tanto?

Tony Ramos está perfeito como o empresário que quer se separar da esposa, Luci Fergueson (mais um trocadilho…), e quer levar a alma de Celeste. Monica Iozzi também dá conta do recado, especialmente quando Celeste é mais irônica do que mocinha. Maria Luisa Mendonça como Luci e Juliano Cazarré (finalmente livre do Adauto de Avenida Brasil) como Davi, o namorado de Celeste, são coadjuvantes de luxo e servem como “escadas” perfeitas.

Maria Luísa Mendonça é uma coadjuvante de luxo no seriado

Atenção! Agora tem spoiler sobre o episódio de Vade retro de hoje!

O segundo episódio de Vade retro —  que será exibido hoje, mas está disponível no Globo play desde o fim de semana — segue no mesmo ritmo acelerado e engraçado da estreia. A apresentação com um novo salmo cantado aparece de novo. E funciona novamente!

Por meio de uma palestra de Abel Zebu (assim como no capítulo anterior), ficamos sabendo que mentira é o tema do dia. Dessa forma, estamos aptos a descobrir que, na verdade, ele não quer simplesmente se separar de Luci. O plano dele é fazer de Celeste uma laranja para colocar os bens do casal em nome dela e fugir dos impostos.

Para isso, ele discute com várias pessoas (tem-se a impressão de que são diabos em potencial) numa espécie de videoconferência em uma sala de controle da maldade. A conclusão: ela é pura o suficiente para ser a vítima do golpe.

Não é sempre que vemos Tony Ramos como vilão na tevê

A certeza de Abel Zebu aumenta ainda mais quando o segredo de que Celeste foi beijada por João Paulo II quando ele veio ao Brasil é revelado. Aliás, o episódio tem mais duas coadjuvantes inspiradas: a secretária Kiki (Luciana Paes), amante de Davi, e a mãe de Celeste, vivida por Cecília Homem de Melo.

Esse é Vade retro: um seriado que devolve o humor bem-feito às noites de quinta, na Globo. Tem elenco afinado e autores em ótima forma. Vale a pena assistir!

Vinícius Nader

Boas histórias são a paixão de qualquer jornalista. As bem desenvolvidas conquistam, seja em novelas, seja na vida real. Os programas de auditório também são um fraco. Tem uma queda por Malhação, adorou Por amor e sabe quem matou Odete Roitman.

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