PCSP ultrapassa 14.000 cargos vagos, denuncia presidente da ADPESP

Hoje, haveria mais de 700 candidatos aprovados em concurso, que poderiam ser nomeados, mas o governador João Doria não o faz

“A Polícia Civil de São Paulo (PCSP) sofre com um deficit de mais de 14.000 policiais, além de ter os piores salários de toda a Federação… Há quase três décadas de governo PSDB no Estado de São Paulo, nunca houve um investimento adequado neste setor.” São algumas das afirmações feitas por Gustavo Mesquita Galvão Bueno, presidente da Associação dos Delegados de Polícia do estado de São Paulo (ADPESP), em entrevista ao jornal Diário de São Paulo na semana passada.

Ao Papo de Concurseiro, a SSP enviou nota informando que “investe na valorização, ampliação e recomposição do efetivo policial em todo o Estado. A atual gestão reajustou em 5% o piso salarial dos policiais, equiparou o auxílio alimentação dos agentes, além de ter ampliado a bonificação por resultados, que passa a ser bimestral. Em 2020, a Capital recebeu 502 policiais, que concluíram a formação na Academia de Polícia. O governo de São Paulo também autorizou a abertura de mais 2.750 vagas para concursos da Polícia Civil, sendo 250 delegados, 900 investigadores e 1.600 escrivães”.

Confira abaixo trechos da entrevista:

Qual é a real situação atual da Polícia Civil no Estado de São Paulo?

A primeira coisa que a gente tem que deixar claro, é que a Polícia Civil do Estado de São Paulo é vítima do descaso dos governos paulistas, nas mãos do PSDB, há quase 30 anos. E, em decorrência disso, hoje a situação é que nós sofremos com um déficit que ultrapassa os 14 mil policiais, de acordo com o efetivo previsto. Ou seja, a população paulista cresceu e a polícia civil vem diminuindo naturalmente, o que prejudica o serviço prestado à população. Em segundo lugar, os equipamentos, as instalações precárias, insuficientes, viaturas e armamentos de má qualidade. E, o mais importante de tudo, é a desvalorização pessoal que se reflete nos piores salários pagos pelo Governo do Estado de São Paulo, aos seus policiais civis. No caso do delegado de polícia, é o pior salário de toda a Federação. É inadmissível que o estado mais rico do país pague aos seus policiais os piores salários. Este cenário faz com o Estado de SP perca diariamente bons policiais civis que deixam a carreira aqui, para segui-la em outros estados onde o trabalho deles e os salários são mais valorizados. Aí o governo gasta com a seleção e a formação desses policiais e, pouco tempo depois, esses mesmos policiais capacitados vão pra outros estados, aumentando assim, a questão do déficit de efetivo. Então, não adianta só contratar se não resolver a questão salarial, caso contrário, seguiremos enxugando gelo.

Essa situação do salário defasado faz com que os policiais civis procurem outra alternativa – o famoso “bico” – para completar a renda?

Com certeza! Ele tem que recorrer aos “bicos” pra poder prestar a subsistência da sua própria família, e essas são situações que refletem no próprio serviço prestado à população. Esse quadro gera uma desmotivação crescente no policial que, além de prejudicar a eficiência do serviço, pode levar a situações trágicas, como suicídios, onde o número no Estado de São Paulo já é alarmante. Ou seja, a questão salarial, além de uma questão de justiça com o servidor em relação às suas atribuições, responsabilidades, e o risco de vida que ele corre diariamente, hoje representa efetivamente uma falha de política pública, onde a sociedade perde.

O atual Governador João Doria usou em sua campanha em 2018, a bandeira do fortalecimento da segurança pública. Isso vem sendo cumprido?

Infelizmente não. Desde que foi eleito, Doria fez um compromisso público até o final de seu governo, onde os policiais paulistas seriam os mais bem pagos do país, mas nos concedeu um reajuste pífio de 5% que não chega perto da correção inflacionária. Em seguida, nos brindou com a elevação da alíquota previdenciária que anulou o próprio reajuste. Recentemente, o Governador falou em uma entrevista que a polícia civil do estado de São Paulo é a mais bem equipada do país, e isso não é verdade. Como eu já disse anteriormente, temos o pior salário, falta de contratação periódica de policiais e falta de equipamentos e infraestrutura. Hoje, há mais de 700 candidatos aprovados em concurso, que poderiam ser nomeados, mas o governador João Doria não faz essa nomeação alegando uma suposta vedação dessa contratação por parte de uma Lei Federal, porém, essa lei veda novas contratações e não a reposição dos cargos vagos que, repito, já ultrapassam os 14.000. Percebe-se assim, a utilização do argumento da pandemia para mascarar o que é, na verdade, falta de vontade política.

Leia também: PL suspende validade dos concursos de São Paulo até o fim de 2021

PCSP publica portaria que disciplina uso de redes sociais por policia

Lorena Pacheco

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