Inteligência Artificial – Regras!
Elon Musk prega ser contra os avanços desmedidos da Inteligência Artificial, desde que a Neuralink (sua empresa), possa te salvar, implantando um chip no seu cérebro. O astrônomo Stephen Howkin e diversos outros cientistas alertaram sobre os riscos de uma humanidade dominada pela IA.
Neste sentido, me agrada a forma como a sociedade europeia se posiciona diante dos temas relacionados com a Privacidade e a preservação dos Direitos Humanos. Considero que eles têm exercido um papel fundamental nesta temática. O Parlamento Europeu, por exemplo, aprovou no dia 20 de Outubro de 2020, a Regulamentação sobre o uso da IA com base na prioridade “Antropocêntrica e Antropogénica (centrada no, e produzida pelo, ser humano)”. Afirmam em nota para a imprensa, que a intervenção humana no controle dos sistemas autômatos deve ser prevista e garantida: “Se uma funcionalidade utilizada puder constituir um sério compromisso dos princípios éticos e tornar-se perigosa, a capacidade de autoaprendizagem deve ser suspensa e retomado o total controle humano”
Mesmo quando os Estados compreendidos na União Europeia, estabelecem suas macro diretrizes, reproduzindo a influência de outras nações, a população, os cientistas assumem posicionamentos firmes em resposta ao que entendem tratar-se de excessos. Foi o caso do polêmico “Projeto Cérebro Humano”, que recebeu uma contestação formal de 300 Neurobiólogos e outras 500 pessoas no ano de 2014. A finalidade do Projeto em recriar até 2024 um cérebro humano com o auxílio se um Supercomputador foi duramente criticada. Previsão orçamentária: 1,2 bilhão de euros (quase a metade proveniente dos fundos europeus).
Na Ásia, a visão humanizada sobre o uso da Inteligência Artificial ainda é muito tímida, merecendo aplausos o cuidado com que Singapura tem tratado o assunto. No dia 16 de Outubro de 2020, o Grupo de Indústrias do país (equivalente a CNI no Brasil), lançou o Guia de Referência de Ética e Governança da IA cuja utilização deve ser centrada no Ser Humano. 60 profissionais de áreas multidisciplinares elaboraram o documento. “O BOK, guiará o desenvolvimento de currículos sobre ética e governança de IA. Ele também formará a base de treinamento e certificações futuras para profissionais – tanto nas áreas de TIC quanto não-TIC. Esses profissionais servirão como consultores para empresas sobre a implementação responsável de soluções de IA”, afirmou o Ministro de Comunicações e Informação do país S.Iswaran.
Robotização Física e Mental
Na medida em que a produtividade dos Robôs operando 24h nas fábricas chinesas alcançaram alta produtividade a custos inferiores ao salário de 3 funcionários (3 turnos de 8h) é sinal que a substituição da mão de obra humana em linhas de produção seja inevitável e irreversível em escala global.
Recentemente no Artigo: “A Nova Ordem Mundial – Great Reset”, publicado neste Blog (https://bit.ly/36ZzNv4), informei que o “botão de reinicialização da humanidade”, será apertado no próximo Fórum Econômico Mundial de Davos-Suiça, no segundo semestre de 2021. Klauss Schwab, fundador e presidente do FEM, não esconde o pavor dos donos do capital, diante de uma pressão global que vem das bases da sociedade humana contra o atual e perverso modelo capitalista, concentrador de rendas e privilégios na mão de uma minoria, gerador de miséria e de desequilíbrios sociais e ambientais sem precedentes na história humana.
A certeza de que a substituição da força de trabalho físico por robôs e das atividades que envolvem a inteligência humana pela IA deverá gerar um caos social em âmbito planetário e com isso, a necessidade de se tomar medidas preventivas capazes de amenizar o impacto de possíveis insurgências faz com que apresentem um novo modelo de governança global, onde os poderosos se apresentam com “mais generosidade” e “disposição em contribuírem para o bem geral da humanidade”. Em troca, exigirão uma série de controles sobre os direitos individuais da maioria da população planetária, acessando seus dados pessoais, incluindo o genético, impondo regras “meritocráticas”, na qual todos teremos um “score social” que definirá e controlará nossas vidas, incluindo níveis variados de permissão de acesso aos serviços públicos, por exemplo. Maior pontuação, maiores benefícios, menor pontuação, menores possibilidades de atendimento por parte da máquina governamental.
Seleção Humana por Algoritmos?
Robôs recrutadores, utilizados pela empresa Uber, foram alvos de críticas recentemente. Por mais que a eficiência do processo na análise dos candidatos seja mais assertiva, a ideia de que um algoritimo esteja selecionando pessoas, causa um claro desconforto. “Daqui há 5 anos, a tendência é que boa parte das atividades de RH seja feita por robôs. Será uma transição, como a da fita de VHS para o DVD. Em menos de dez anos vamos nos perguntar: como isso era feito antes mesmo?” afirmou David Dias, diretor associado da Accenture Tecnologia.
Na Amazon é conhecido o episódio do Robô que reproduziu o padrão dos selecionadores responsáveis por recrutamentos no período de 10 anos, atribuindo avaliação inferior aos currículos femininos. A IA reproduziu um comportamento preconceituoso e machista que priorizou sempre homens em suas contratações, gerando uma grande polêmica. A Empresa empenhou-se em corrigir o problema.
Humanos preferem Humanos
No Brasil, o Grupo Sercom que atua no segmento de serviços e plataformas de atendimento ao cliente, contratou uma pesquisa antes da pandemia e a atualizou no último mês de Setembro, que envolveu o universo de 1081 entrevistados. A enquete tinha o objetivo de apurar a relação dos clientes com os “bots” de atendimento e concluiu que tanto nas chamadas telefônicas, quanto pela via digital (chats, whatsapp, telegram etc), a preferência é pelo atendimento de um ser humano. Atendimento por telefone com robôs: 31% não gostam e 41% odeiam; Atendimento em Chats: 51% preferem a orientação de um ser humano; Atendimento por Whatsapp/Telegram: 49% preferem saber que a interação está a acontecer com um ser humano.
No Walmart, houve uma reversão na contratação de robôs em substituição a mão de obra humana na reposição de prateleiras em cerca de 500 lojas. Após 5 anos, os executivos constataram maior eficiência e produtividade por parte dos seres humanos nesta tarefa e cancelaram o contrato com o fornecedor das máquinas, demitindo os funcionários-robôs. Certamente que funcionários humanos da prestadora de serviços também perderam seus empregos em razão do corte. O fato é que centenas de famílias, com as contratações efetivadas terão um natal muito melhor este ano.
Preconceito Digital?
Na semana passada a comunidade internacional de IA se surpreendeu e entrou em polvorosa com um Tweet postado por uma das maiores referências em Ética no mundo da Inteligência Artificial, a ativista, Timnit Gebru. Ela informou ter sido demitida do Google após questionar censura interna a um de seus artigos. Estamos falando da co-fundadora do “Black and AI” que liderou a Equipe de Ética da Empresa. Sua contribuição ao mundo é destacada por apontar as falhas dos algoritimos no atendimento aos Grupos comumente sub-representados, ampliando a reprodução das extratificações sociais, de gênero, raça, cor etc. O Ativismo dos Dados é fundamental, visto que a transferência de paradigmas sociais envenenados pelo preconceito e pela descriminação, para os algoritimos que geram os sistemas preditivos, as análises de dados, a elaboração de regras, leis e os modelos de atendimento aos cidadãos, podem reproduzir e até ampliar as injustiças sociais que delas derivam. Uma Inteligência Artificial, desrespeitosa, racista, preconceituosa, romperá mais rapidamente a corda da polarização e do extremismo que hoje verificamos, potencializados inclusive, por “bots” nas redes sociais. Esta demissão de Gebru pelos motivos alegados a torna uma referência histórica que será muito lembrada no futuro!
O Preço da Sedução
O hipercapitalismo contemporâneo teme as rupturas sociais e tenta engendrar uma série de formas para conter desde as tensões identitárias ao petroanarquismo no Oriente Médio. As oligarquias e os regimes autoritários das elites financeiras, apressam-se para que em Davos possam seduzir a humanidade com seus anúncios de cuidados sociais, como acesso à saúde para todos, renda mínima universal, taxação de suas riquezas etc. Como diz o filósofo Gilles Lipovetsky: “A sedução é um motor. Ela está inscrita na antropologia da modernidade”. No Clube de Davos não faltará recursos para rodar uma nova narrativa sedutora em nome do “Bem Comum da Humanidade” e não se surpreenda se daqui a pouco estivermos tagarelando, reproduzindo o discurso que pensamos ser nosso, pois na anexação cultural, nada melhor que a ilusão do livre – arbítrio.
(curta meu canal no Youtube e outras redes sociais: gilbertonamastech)
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