Marcela Valentin tem 38 anos, é brasiliense, educadora física, solteira, tem uma filha de 13 anos, frequenta o Parque desde bebê e tem boas lembranças da infância quando a mãe a levava para brincar no “foguete (Parque Ana Lídia) e depois no Nicolândia. Hoje é o lugar que vai para praticar esportes, andar de roller, correr, andar de patins, passear com a filha e sua pet. O Parque é a praia dela: “Eu gosto dessa energia, desse clima, porque ele lembra praia, eu sou da energia praiana então eu lembro muito do litoral”, afirma, sempre sorridente. Na minha conversa com Marcela ela expôs um problema grave de experiência com uma relação abusiva e ficou à vontade para falar sobre o tema, pois acredita que falar é uma forma de ajudar as pessoas que podem estar passado por uma situação parecida. Muito religiosa e positiva, ela acredita na força do bem e da espiritualidade para enfrentar os desafios que a vida impõe. O Parque pra ela é uma inspiração e um estímulo para a manutenção de uma vida saudável. Conheça um pouco mais essa pessoa alto-astral, que acredita na humanidade e na sua salvação, se houver mais amor ao próximo e empatia no mundo.
Perguntas para Marcela:
P- Você acha que o Parque é a praia de Brasília?
R- Eu acho, pra mim ele é a praia de Brasília. E esse ecossistema pra mim influência muito pra gente ter um estilo de vida mais saudável. É bom ver pessoas com um corpo bonito, com a aparência boa, pra me manter nessa vida saudável. Então, pra mim, o ecossistema é tudo na minha vida, pra eu continuar firme na cultura de um corpo curado.
P- Você acha que se encontra muita gente bonita aqui no Parque?
R- Com certeza, aqui tem muita gente bonita, sim.
P- Tem algum horário de sua preferência?
R- Eu gosto mais da parte da manhã, mas como tenho vindo mais no fim de semana, tenho vindo mais à tarde, quando o sol não está muito forte. Porque eu gosto de uma atividade mais forte, de mais de uma hora de prática.
P- O que você faz, em que você trabalha?
R- No momento estou desempregada, eu tenho uma história bem longa a respeito dessa decisão. Eu larguei minha profissão como treinadora física, eu era treinadora de crianças especiais, de psicomotricidade para crianças especiais. Morei na Malásia muitos anos, fui treinadora física, fazia shows de samba, criei um grupo de mulheres lá com meu ex marido, eu representava o Brasil num país asiático, isso foi durante 7 anos. Aí eu voltei, tive um outro relacionamento e me dediquei à família, a cuidar das filhas, do marido, dos animais, porque vivíamos em uma chácara, e larguei tudo. Mas essa história teve um fim porque era um relacionamento abusivo. Agora eu me converti, sou uma serva de Deus. Por conta dessa dor e desse sofrimento, eu estou me reestruturando, me restaurando, e eu sei que Deus tem um propósito muito grande na minha vida em relação à minha carreira profissional, tenho certeza.
P- Você acha que é importante uma pessoa falar naturalmente sobre relações abusivas?
R- Muito. Eu não tenho vergonha nenhuma de dizer, pelo contrário, eu acho que precisa ser falado porque isso é muito comum, mas não é normal. Então, as pessoas não podem normalizar qualquer tipo de relação abusiva. No meu caso, foi abuso moral, abuso financeiro, físico. Então existem muitas pessoas que têm uma porcentagem desse abuso e não têm noção nenhuma, a pessoa está totalmente cega, e o importante é ligar o botão da consciência.
P- Você viveu essa relação por quantos anos?
R- Quatro anos e meio.
P- O que você diria para uma pessoa identificar que está vivendo uma relação abusiva?
R- Eu acho que quando uma pessoa quer controlar muito a outra, quando uma pessoa desconfia demais e fica tentando inverter certas histórias e te coloca como vilã de algo que não existe. A pessoa faz alguma coisa errada e te coloca como a culpada daquilo, sabe?
Existem várias formas da gente ver isso, vários sinais. Ciúmes demais, ciúme não é normal, controlar, existem coisas que são demais e é importante a gente está atento em relação a isso.
P- O que você diria para uma pessoa que você encontrasse hoje e está vivendo uma relação abusiva, qualquer que seja o tipo de abuso?
R- Primeiramente ela tem que buscar sua real identidade. Tem que orar, conversar com Deus, fazer perguntas pra ele abrir a sua consciência em relação ao que precisa enxergar e ao que não está enxergando. Saber escutar e saber ouvir e tentar buscar a Deus, ser obediente a ele. Pra mim é isso que está me fortalecendo muito. Ler a bíblia, a bíblia tá aí pra todo mundo, é um manual prático, e é o único livro que a gente lê na presença do autor. E com o tempo a gente vai criando uma certa sensibilidade e vai vendo os sinais.
P- Faz quanto tempo que você se livrou dessa relação?
R- Faz 4 meses.
P- E qual é sua expectativa agora, como você pensa em reconstruir sua vida?
R- Primeiro estou colocando Deus como prioridade, a minha vida espiritual estava totalmente negligenciada. Então a vida com Deus fortalecida, depois uma alma curada e o corpo sarado. Então quando a gente tem ali esse pilar, como se fosse um triângulo: na base, o espírito, no meio, a alma, que são as emoções, você colocar razão e as emoções na mesma direção, e o corpo saudável, como estou fazendo aqui. Então quando a gente tem o equilíbrio desses 3 fatores, a gente consegue ser bem sucedido em todas as áreas da vida. Em todas mesmo, conjugal, filhos, família, intelectual, social, acho que tudo vai se encaixando e eu estou nesse processo, estou nessa jornada de construir tijolinho por tijolinho.
P- E falando sobre o Parque, o que você mais gosta?
R- Gosto de praticar atividade física, dou uma volta no Parque, ou correndo ou pedalando, ou no roller, venho, pego minha água de coco e depois vou embora.
P- E como é andar de roller no Parque?
R- Pra mim é libertador. Eu enfrento, tenho uma certa adrenalina com isso, porque no fundo, no fundo eu tenho um medinho da descida, porque eu não sei frear, porque é difícil frear com esse roller. Então na hora da descida, eu vou orando, mas vou curtindo, protegida, mas sei que não passo do chão.
P- Você falou que acha que o Parque é a praia de Brasília, é no sentido de aqui vir todo mundo ou mais no sentido de ter opções de lazer?
R- Eu acho que é não só pelo lazer, porque eu gosto de andar em orlas de praia, porque lá é que o pessoal faz atividade física, mas pelas pessoas em si, eu acho que a gente tem que procurar ambientes que estimulem a gente a ser a nossa melhor versão. Então a gente tem que estar no meio de pessoas que são referências, tem que ter muito cuidado com o que a gente escuta, com o que a gente vê, porque isso gera uma crença dentro da gente. Eu quero ter boas crenças dentro de mim pra eu poder ser uma boa referência pra minha família, pra minha filha e para as pessoas que estiverem ao meu redor.
P- Como você se define como pessoa e no que você acredita?
R- Eu me defino hoje como uma mulher bem-sucedida, como uma mulher feliz, porque felicidade porque mim não é só ter o amor-próprio, mas também ‘amar o próximo como a si mesmo’. Minha felicidade é essa, você ter empatia, não ter inveja, você torcer pela felicidade do outro, então eu acredito que eu sou uma mulher bem-sucedida e feliz por conta disso.
Eu acredito que a humanidade pode ser mais unida quando a gente tem essa mentalidade. Acho que todo mundo precisa ter essa empatia dentro do coração e se tornar pessoas do bem, porque a mesma mão que você estende pra pedir ajuda é a mesma que você oferece pra ajudar alguém, então com isso a gente consegue salvar a humanidade.
P- Qual o seu conselho final para as pessoas?
R- Eu acho que o conselho que eu tenho é você se preocupar com a sua alma, as pessoas estão muito perdidas, eu acho, muito perdidas, muito preocupadas demais com o que os outros podem pensar, do que você mesmo se reestabelecer como pessoa, ter pensamentos bons. Eu acredito que tem muita alma perdida querendo se encontrar, mas não sabe o caminho certo. Então o meu desejo é de que cada vez mais as pessoas se encontrem dentro de si, porque está tudo dentro da gente. É só a gente saber buscar, porque Deus tem um propósito pra todo mundo, independente de qualquer crença, Deus tem promessas incríveis pra gente.