Uma importante característica de Brasília é a sua diversidade de religiões, um reflexo de sua pluralidade cultural. Embora a metade dos brasilienses se declarem católicos e haja uma forte presença de outras denominações cristãs, com o crescimento visível de adeptos do evangelismo, a liberdade de crença é um traço da capital, com grande número de igrejas e templos de outras religiões, do islamismo ao budismo, incluindo as de matizes africanas.
Essa diversidade religiosa pode ser observada no Parque da Cidade, onde frequentemente acontecem eventos e por todo o espaço você se depara com rodas de jovens, adultos, pessoas cantando, tocando, festinhas de crianças, outras em silêncio e meditação, grupos de leitura, famílias em momentos de lazer e comunhão.
São muitos encontros de grupos religiosos que se organizam em churrascos, piqueniques, cafés da manhã e aniversários. Muitas vezes eu me aproximo para saber do que se trata e tenho observado uma presença maior de grupos evangélicos, que também são muito diversos, de diferentes igrejas.
Foi numa festa linda de aniversário da filha, em um ambiente alegre, com muitos convidados da igreja Presbiteriana Redenção, que conheci Jefferson Quirino, 34 anos, casado, com Carol Quirino, pai de Elena Quirino, de 1 ano, morador de Águas Claras. Ele é presbítero integral de uma igreja presbiteriana e é seminarista em Brasília. Jefferson me explicou que presbítero é um pastor, que a igreja divide entre docente e regente. Hoje ele é presbítero regente e está estudando para se tornar docente, que é o que se conhece como Reverendo.
Aproveitei a receptividade dele para conhecer melhor o trabalho e sua forma de pensar o mundo na visão da religião evangélica presbiteriana. Muito simpático e atencioso, ele é uma “pessoa do Parque”, que vive a igreja intensamente e se prepara em um curso de 5 anos para servi-la.

Perguntas para Jefferson:
P- Você sempre foi evangélico?
R- Sim, desde criança, meus pais, a família.
P- A sua formação é em escola evangélica?
R- Não, grande parte da minha formação é em escola pública. Me formei em gestão de processos e agora faço seminário para me tronar pastor, são 5 anos estudando pra poder fazer essa trilha.
P- Como é a vida de uma pessoa que se prepara para ser pastor?
R- É uma vida que requer humildade, dedicação e é necessário a gente confiar no Senhor. Então tem que crer no Senhor Jesus Cristo como único salvador, como aquele que nos amou, morreu numa cruz. E tem que estar disposto se sacrificar, uma vez que Jesus Cristo é o modelo e ele se sacrificou para salvar os perdidos. Um pastor não é alguém que está numa posição de superioridade, ele é um servo. Eu costumo dizer que não existe pastor titular de igreja nenhuma, todo mundo é pastor auxiliar. Só existe um, que é grande, que é Jesus Cristo, e ele é o supremo pastor. Então a minha função é auxiliar Cristo, como um pastor servindo as ovelhas.
P- E o que lhe atrai em ser pastor?
R- A salvação. Eu estava perdido, morto em meus pecados e delitos, e a minha função é pregar o evangelho pra que outros sejam alcançados.
P- Então você não nasceu na igreja?
R- Eu nasci na igreja, mas tive falhas, pecados, e nascer na igreja não torna ninguém salvo. Aqui tem várias crianças, a gente fala que essas crianças pertencem à família da aliança, só que elas vão ter que confessar Jesus Cristo como salvador da vida delas, se elas não confessarem, não adiantou nascerem na igreja.
P- Você já prega na Igreja?
R- Prego na igreja em alguns momentos.
P- O que lhe dá mais alegria nesse trabalho?
R- Pregar o evangelho e caminhar com meus irmãos lado a lado.
P- Nesse mundo maluco de hoje, como é aceitação dessa pregação?
R- Eu acredito que todos nós, desde quando o mundo foi criado e Adão e Eva pecaram, todos nós carecemos de Jesus Cristo. Existe um professor meu do seminário, que está aqui, ele fala que cada cultura resolveu particularizar o pecado. A particularização do pecado é expressa em todas as culturas que nós temos, então todo mundo tem anseio com Deus. João Calvino fala que o coração do homem tem uma semente religiosa, se não estamos adorando a Deus, estamos adorando alguma coisa. Então o Parque, por exemplo, as pessoas estão correndo e se exercitando. Certamente elas estão adorando seus corpos se elas não entenderem que tem que fazer isso pra glória de Deus.
P- Você vê uma diferença entre as pessoas que vão à igreja e as que não vão?
R- Não necessariamente, porque ir pra igreja seria reduzir. Eu diria que existe uma diferença entre quem tem vida eterna, quem tem Jesus Cristo e quem não tem. Porque se a gente entende que vida, além da vida biológica, é uma vida espiritual, então só Jesus Cristo pode proporcionar isso.
P- Por que vocês decidiram fazer o aniversário da Elena no Parque?
R- A nossa maior dificuldade era encontrar um espaço para a quantidade de pessoas que foram convidadas e o fato de que o Parque da Cidade é belíssimo, ele ajuda bastante, deixa tudo mais bonito, e você não precisa decorar, já que Deus trouxe essa criação belíssima pra gente.
P- Você tem ideia de quantas pessoas estão aqui hoje?
R- Na lista tinha 300 pessoas, acredito que já chegaram umas 250.
P- Porque acho que esse é o maior aniversário que já vi aqui, tá muito lindo.
R- É, nós fomos tentantes durante 9 anos, e Deus mandou a nossa filha depois de 9 anos. Estamos casados há 12 anos e num determinado momento começamos a tentar efetivamente, então demorou 9 anos pra Elena chegar. Então todo mundo que está aqui de alguma forma orou com a gente, chorou com a gente.

P- Que vitória, né?
R- Graças a Deus.
P- Você costuma frequentar o Parque?
R- Só em aniversários, e esse ponto é um ponto comum de aniversários da nossa igreja.
P- Você faz encontros da igreja aqui também?
R- A gente já fez dois eventos da nossa igreja aqui.
P- As pessoas são de onde?
R- Aqui vai tem gente de Ceilândia, Sudoeste, Águas Claras, Asa Norte, Asa Sul, porque a nossa igreja fica no SIA, então é uma região muito central que acaba abarcando muita gente. E o Parque é central pra todo mundo.
P- E o que você acha do Parque?
R- Eu passo no Parque todos os dias porque o seminário é aqui na igreja Presbiteriana Nacional. Eu acho o Parque belíssimo, gosto do Parque e, como obra de Deus, isso aqui serve muito bem a sociedade.
P- Pra você, o que o Parque representa pra Brasília?
R- Pulmão, o Parque da Cidade é um pulmão. É um local onde as pessoas se identificam positivamente, e é um local onde a gente consegue encontrar todas as regiões das cidades administrativas aqui. Então eu acho que o Parque aceita as pessoas.
P- Qual o recado sobre o Parque você daria para as pessoas?
R- O Parque, como criação de Deus, deve ser desfrutado com alegria, com prazer, para glorificar a Deus e se deleitar nele para sempre. Então nós temos a oportunidade de fazer uso daquilo que Deus nos deu. O Parque está aqui pra isso, estão façamos uso disso.
P- O que você acredita na vida?
R- O propósito da vida é me tornar cada vez mais semelhante a Jesus Cristo, como um filho que ama o pai. Jesus Cristo disse isso lá no evangelho de João, ele veio pra revelar o pai, ele amava o pai. E o Pai disse “no meu filho eu me comprazo, eu tenho satisfação”, então a minha função é me tornar semelhante a Jesus Cristo.
P- Traduzindo, em termos de valores?
R- A vida é Jesus Cristo. Amor ao próximo, amando a Deus acima de todas as coisas, sacrifício e disposição a anunciar o evangelho.
P- Então qual é o seu recado para as pessoas em geral?
R- Creiam em Jesus Cristo porque ele é o único salvador, ele é a esperança da vida, sem ele nós podemos ter muita coisa boa, como esse Parque, mas ele é o único que nos proporciona a vida eterna.






One thought on ““O Parque aceita as pessoas””
Este é o perfeito de alguém que compreendeu o verdadeiro propósito da vida: tornar o nome de Cristo conhecido, inclusive por meio de aproveitar a boa e linda Criação de Deus que temos no Parque da Cidade. São testemunhos assim que enchem a vida em nossa cidade com beleza transcendental, pois é a própria beleza divina que adorna os servos do Senhor.