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“O esporte salva, ele te ajuda a se libertar de coisas ruins.”

Apesar de ter uma geografia e um clima propício, com duas estações bem definidas, de chuva e de seca, e também um grande número de adeptos de pedaladas, Brasília ainda não é uma cidade que se possa chamar de “amiga da bike”. Falta muito pra isso. Mais ciclovias ligando toda a cidade às demais regiões do DF, educação de trânsito efetiva e maior atuação do poder público com políticas de mobilidade e ações de segurança, por exemplo. O fato é que o brasiliense pedala, muito, e o Parque da Cidade é um dos lugares preferidos dos ciclistas, pois tem uma pista interna de 10 km dedicada à locomoção sobre duas rodas, embora nos horários mais movimentados seja compartilhada com outros transeuntes que se movimentam em patins, skate, longbord, patinete e outros tipos de rodas. Mas, bem cedinho, e também à noite, os ciclistas tomam contam da pista do Parque, pedalam e treinam com segurança. Sem falar na pista externa que, durante a semana, tem uma faixa interditada, e quem transita de carro por lá pode observar um grande número de atletas do pedal que passam em alta velocidade, no início das manhãs.

Outro dia consegui parar um ciclista assíduo do Parque para falar sobre a prática desse esporte.

Marcos Vinicius e sua bike no Parque: frequentador assíduo. Foto CV/Jul2024

Marcos Vinícius 42 anos, solteiro, brasiliense, filho de pai e mãe baianos, residente no Guará, é técnico especializado em retífica de motores automotivos, gosta de pedalar e de nadar. Ele pratica ciclismo há 12 ano em Brasília, já participou de competições de mountain bike e está tentando voltar a competir. Marcos é defensor e grande entusiasta da prática de esportes, “que te tira tudo que está ruim” e, para ele, pedalar é “um remédio, uma terapia”. Acredita e defende que toda pessoa deve praticar algum esporte, procurar algo de que goste e se encaixe pra praticar, ter mais saúde e uma melhor qualidade de vida. Falamos de locomoção de bike na cidade, do Pelotão de treinos, do Parque da Cidade, outros assuntos. Confira nossa conversa.

Perguntas para Marcos Vinicius:

P- Como é praticar ciclismo em Brasília?

R- Em Brasília o ciclismo é muito competitivo, mas praticar é fácil, tem vários locais com boa qualidade, como o Parque da Cidade e o Lago.

P- Qual o melhor lugar para treinar em Brasília?

R- No Parque da Cidade

P- Por quê?

R- Pela segurança que você tem, você tem lugar para pegar água, se abastecer, tem uma estrutura por trás para você se alimentar. Eu moro no Guará e venho de bike, me locomovo mais de bike.

P- Não é perigoso se locomover de bike em Brasília?

R- É um pouco, pegar uma via movimentada, é um pouco perigoso, sim.

P- Quais os principais cuidados que a pessoa que se locomove de bike por Brasília, pelo DF, precisa ter?

R- Usar capacete, óculos, luvas, os equipamentos de proteção, e ter uma iluminação traseira que vai indicar que você está pedalando na via, vai ter uma identificação mais fácil para os carros verem.

P- É mais difícil pedalar pela cidade de dia ou à noite?

R- É mais difícil à noite.

P- Mesmo com a iluminação?

R- Mesmo com a luz da bike, porque tem a galera que sai dos eventos, que bebe, tem o uso do celular. A maioria dos acidentes são esses, ou os motoristas estão mexendo no celular ou estão bêbados.

P- O que você diria para os ciclistas que vêm de suas casas pra trabalhar, para os que circulam pelas vias de Brasília, qual é o seu principal conselho?

R- É redobrar a atenção, estar sempre olhando pra trás, vendo os carros, antes de sair pra qualquer lado, dar uma sinalizada pra direita ou para esquerda, ter bastante atenção no trânsito.

P- E no caso dos motoristas, qual seu recado pra eles?

R- Pra prestar mais atenção e ter mais cuidado com quem está na bike, é um pai de família, ou um filho de família que está pedalando pra fazer um esporte pra ter uma qualidade de vida melhor. É pra prestar mais atenção em quem está pedalando.

P- Você acha que Brasília é uma cidade boa pra pedalar?

R- Sim, é um bom lugar pra pedalar, e eu falo porque me locomovo mais de bicicleta do que de carro.

P- O que é o esporte na sua vida?

R- O esporte é tudo, me tira de tudo que tá de ruim, do meu dia de serviço estressado, quando eu saio pra pedalar, consigo pensar só nisso, consigo relaxar, me distrair, voltar ao normal. É tipo um remédio, é uma terapia pra mim, então é uma coisa muito boa. Eu recomendo qualquer tipo de esporte, você tem que procurar o seu esporte, que lhe faz bem, pra mente, pro corpo, pra saúde, pra tudo.

P- Como você acha que seria a sua vida se você não praticasse esporte?

R- Eu acho que era uma vida muito diferente, uma hora dessas eu iria estar num bar bebendo, enchendo a cara, estragando a minha saúde, jogando tudo fora, meu tempo, parado num bar bebendo e jogando tudo fora.

P- Você sempre frequentou o Parque?

R- Sempre frequentei, é um lugar bom, agradável, aberto, com um povo que gosta de praticar esporte, livre.

P- Você vinha aqui quando criança?

R- Sim, vinha com meus pais, que me traziam pra cá pra andar de bicicleta, correr no Parque.

P- Você acha que de alguma forma essas vindas para o Parque interferiram na sua opção pelo esporte?

R- Sim, com certeza, porque os locais que você frequenta você vai vendo os esportes, você vai procurando e vendo alguma coisa que te encaixa. E foi vindo aqui, vendo a galera praticar esporte, que eu falei: vou procurar também. Sim, isso me incentivou bastante a praticar esporte.

P- E hoje, qual é a sua a frequência aqui no Parque?

R- Ah, normalmente de segunda a segunda eu passo aqui. Eu saio pra pedalar e no final sempre passo aqui pra pegar um água, encontrar algum amigo, sempre passo, é um ponto de encontro, e tem o Pelotão.

P- O que é o Pelotão?

R- O Pelotão é uma galera que se reúne no Parque toda terça e quinta, 6h40m da manhã, no Estacionamento 4, em frente ao Gibão, tem mais de 150 bicicletas e a gente fica rodando o Parque por fora. São mais de 150 pessoas, é tipo competição, um treinamento pra competição, a gente atinge uma velocidade quase igual aos carros e não tem como ser dentro do Parque, tem que ser por fora. A gente tem uma faixa exclusiva na pista porque são mais de 150 pessoas em velocidade alta, o Detran de vez em quando ajuda com as motos, proteção, porque não tem como ser menos de uma faixa.

P- Vocês dão quantas voltas?

R- São 6 voltas de 10 km, que dá 60km

P- Quem pode participar do Pelotão?

R- Normalmente só a galera que pratica pra competição, mas é aberto ao público, cada um vai se encaixando no Pelotão e vai fazendo a volta no seu ritmo.

P- Marcos Vinicius, como você se define e no que você acredita?

R- Eu sou um cara tranquilo, calado, sou um cara mais de boa, não bebo, não fumo, e gosto de praticar esportes, gosto de estar perto do povo que eu gosto, e da galera que está nesse ritmo do esporte. Acredito em Deus primeiramente, e no esporte que vai salvar vidas, que vai te ajudar a ter uma qualidade de vida melhor.

P- Posso imaginar qual o seu conselho para as pessoas, o que você diria?

R- Eu diria procure um esporte, qualquer que seja, que você se encaixe, que você se sinta bem, que você se sinta acolhido, é uma boa opção. O esporte salva, ele te ajuda a se libertar de coisas ruins.

P- E sobre o Parque da Cidade?

R- Eu recomendo a todo mundo, um ambiente agradável, onde você encontra pessoas que vêm aqui a galera mais saúde, mais saudável. Eu acho que todo mundo tem que conhecer o Parque da Cidade.

cilenevieira

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