Pessoas do Parque: Jardel Carlos de França tem 50 anos, divorciado, 3 filhos, e vive em Brasília desde que nasceu. É técnico em edificações, trabalha como projetista de edificações na área de arquitetura e interiores.
Ele é um tipo de frequentador do Parque da Cidade que busca menos os esportes e mais lazer e entretenimento. Visitava bastante o local com filhos ainda crianças, quando costumava ir com eles ao parque Ana Lídia e depois passaram a frequentar o Nicolândia, o maior parque de diversões do DF. Os filhos cresceram e ficou um bom tempo sem ir ao Parque, voltando aos poucos, como o mesmo propósito de diversão em família. Encontrei Jardel com duas filhas em volta de uma mesa, jogando tabuleiro, um tipo de diversão comum no Parque nas rodas de amigos ou família. Era um dia de sol escaldante de setembro, com muito calor e muita secura. A cena me chamou atenção, pois pareciam muito à vontade naquele clima, e no espaço. Curiosa sobre como as pessoas aproveitam o Parque, até em dias improváveis, me aproximei para conhecê-lo melhor, e saber um pouco sobre o universo de jogos de tabuleiro.
Perguntas para Jardel:
P- Você falou que tem vindo pouco ao Parque e veio agora, em plena seca, por quê?
R- A seca é a certeza de não chover. Então, pra esse tipo de jogo aqui, se armar uma chuva, a gente sai correndo.
P- Você gosta desse tipo de jogo?
R- Eu gosto e estou ensinando a minha amiga, é a primeira vez que ela joga. Estou esperando meus primos e um sobrinho que ainda vão chegar. A intenção é juntar bastante gente, porque tem outros tipos de jogos também, e a gente vai fazer um jogo de tabuleiro aqui hoje.
P- Qual é esse jogo que vocês estão jogando?
R- É o Domínio de Carcassonne. Ele representa uma civilização francesa e o nosso objetivo é conquistar cidades. A gente pode conquistar cidades, estradas, campos e no final, quem conseguir conquistar mais é o vencedor.
P- Como foi a marcação desse encontro de vocês no Parque?
R- A gente estava tentando combinar e nunca dá certo, reunir família, dificilmente junta todo mundo. Por acaso, tem o meu sobrinho que mora em Uberlândia e ele está passando as férias aqui, é a oportunidade. Ele chegou e se animou a vir. Então a gente está aproveitando as férias dele pra jogar aqui.
P- Esses jogos de tabuleiros são uma prática da sua família em geral?
R- Sempre que a gente se reúne, nosso lazer praticamente é esse. A gente gosta de jogar baralho também, um joguinho específico, bem família, o Valete Maluco, que parece com o Uno.
P- O que você acha de jogos de tabuleiro?
R- Depois que eu descobri, foi um universo de opções tão grande. Porque eu conhecia só WAR, Ludo e Banco Imobiliário, ficava meio cansativo. Mas esse jogo aqui é rápido, a gente termina e passa pra outro, cada um tem uma história, tem outros que são jogos de viagem espacial, interessantíssimos, então eu comecei a conhecer e fiquei fascinado.
P- Você recomenda para as famílias?
R- Muito! Principalmente pra família, porque causa essa aproximação, e você acaba interagindo mais. É uma oportunidade de conversar, você conhece os limites da pessoa também, se fica irritado, se não fica, é uma forma de você se conhecer e de conhecer quem está convivendo com a gente.
P- E por que vir jogar aqui no Parque?
R- Porque tem gente que mora no Paranoá, outros na Asa Norte, a gente em Taguatinga, tem um vindo de Samambaia, então a gente pensou em vir aqui porque é centralizado.
P- Como você está vendo o Parque nessa seca?
R- A seca é natural, não tem o que fazer, nossa época é essa aqui. Apesar da seca, você tem a certeza de que não vai ter chuva atrapalhando a gente. Eu lembro que a última vez que vim foi na seca também, o nível de água no lago estava muito mais baixo.
P- Jardel, e como é você?
R- Eu sou um cara caseiro, não gosto de festa, de sair à noite, amo ficar em casa, curto a minha casa. Pra mim, honestidade é algo fundamental, qualquer um pode falar que é honesto, certinho, mas é preciso analisar as atitudes. Falar pra você que eu sou uma maravilha é fácil, mas vem a questão de quem convive com você no dia a dia, a visão do outro sobre você é que diz quem você é. Eu também me acho muito exigente, e isso afasta de vez em quando as pessoas, talvez seja um erro, reconheço que posso melhorar.
P- E sobre o Parque o que você tem a dizer?
R- Eu acho que o Parque tem muito a crescer ainda, aqui caberia mais atrativos, chamar mais a atenção de estudantes, pra ficarem curiosos, tem muito espaço ainda sem uso. Lá perto dos eucaliptos eu vi com meu pai uma vez uns campos com umas linhas retas e descobri que eram campos de bocha, que ninguém usa. É impossível falar do Parque da Cidade sem falar da Piscina de Ondas, como tem uma estrutura daquela sem levar pra frente? Faltou investimento, faltou manutenção, é preciso criar algo e ter manutenção, porque se degrada com o tempo. Não é só o mau uso, tem a conservação também, que é muito importante. Eu recomendo muito o Parque. Essa questão da seca é a nossa realidade, a gente não tem como fugir disso aqui.
P- Você acha que o Parque fica feio nessa época?
R- Eu não acho bonito não, é muita poeira, as folhas secas dão a impressão de maus-tratos, de falta de limpeza, mas limpar isso é contra a natureza. Quando começa a chover, tudo se transforma naturalmente, tudo fica lindo.
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