As amigas correm devagar, trotando na pista, falando sem parar sobre vários assuntos. Quando começo a correr também, escuto a conversa:
– Acho que você é a única pessoa que eu conheço que ainda assiste The Walking Dead.
– Não só assisto, como gosto de rever as temporadas anteriores, adoro essas distopias, essas histórias de fim de mundo, de sobrevivência, de resistência.
– Eu até via no início, mas depois parei, é muito angustiante aquele mundo sem futuro, sem esperança.
– Tem um episódio que tem uma cena que nunca esqueço, quando o Daryl pergunta pra Sarah porque ela quer viver naquele mundo destruído e ela responde que é “pra sentir o sol na minha pele”. Achei lindo, sempre fico pensando em fazer uma lista de motivos pra essa pergunta.
– Boa, gostei, dá pra gente listar “os 100 motivos pra viver num mundo todo detonado.”
– Os 100 não, mas 5 ou até 10 motivos bons dá pra fazer.
– Já digo um: tomar uma taça de um vinho tinto bom, daqueles bem caros, bem devagar…
– Aí não vale, eu diria outra bebida, cada um tem a sua, mas acho que teria que ser uma lista mais filosófica, algo acessível pra todos, mesmo num mundo apocalíptico. Por exemplo, ver o dia amanhecer, onde você estiver. É muito lindo o dia nascendo, amanhecendo, a claridade chegando, os barulhos começando, e o dia nasce pra todos.
– Eu listaria também comer um chocolate, sentir um pedaço de chocolate derretendo na boca, hummm, vale pena estar num mundo feio pra isso.
– Comida também eu acho que não deve entrar, dá pra fazer uma lista sem fim, só de comidas deliciosas que valem a pena. Uma outra coisa que eu colocaria na lista seria fazer exercício físico. Fazer exercício físico não, o banho depois de um exercício físico puxado, tomar um banho refrescante, é muito bom.
– Ah, você tá falando de sensação boa.
– Sim, tipo parar e olhar pro céu azul durante algum momento do dia, é uma sensação incrível, observar os raios de sol, os movimentos das nuvens…
– Uma boa transa, é uma ótima sensação, um motivo bom pra estar vivo, hahaha!
– Não vale, esse tipo de prazer é obvio, deixe de ser mundana.
– Ah, já sei, que tal uma lufada de vento no rosto, aquele vento suave, que mexe com os cabelos e você sente na pele?
– Uma maravilha. Sentir o vento no rosto também estaria na minha lista. Outro seria dirigir ouvindo uma boa música, que toca aleatoriamente no radio, numa via sem carros, só eu e o horizonte na frente, que delícia isso.
– Também gosto disso, mas sem cantar, esse clichê de dirigir um carro, toda feliz cantando alguma canção é muito americano, sinal de que vem problema na frente.
– Ouvir um “Deus te abençoe” da minha mãe”, com um beijo na testa, como isso é bom.
– Adoro quando vejo um filme ou uma série com final feliz, é bom demais, vale a pena, é um regozijo.
– Observar uma ou várias borboletas voando, é uma cena leve, fugaz, parece que elas vivem em outro mundo…
– Chegar no fim dessa corrida, tomar água de coco e saber que hoje não vou trabalhar hahaha.
– Lá vem você avacalhar minha lista com coisas da vida normal desse mundo.
– Normal? Trabalhar no Sábado pra mim é o fim do mundo! E no Domingo? É a hecatombe zumbi!
– Hahahaha! Taí, rir! Uma gargalhada também é uma boa razão pra viver.
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