Juvam Palmeira, 51 anos, ultramaratonista e mecânico de automóveis, brasiliense, solteiro, duas filhas.
Conversei com Juvam numa manhã de Domingo, quando o encontrei na famosa banca de coco do Botafogo, no estacionamento 13, onde costuma encontrar os amigos, normalmente acompanhado de um dos seus cães.
Ele topou participar dessa seção do blog sobre pessoas do Parque, e confesso que, somente durante a entrevista, eu tomei conhecimento de sua experiência de ultramaratonista. Durante a nossa conversa, ele falou de algumas provas importantes que venceu. Então, na busca de algumas fotos dele no Cedoc do Correio Braziliense, a partir das provas que mencionou, eu percebi que falei sobre o Parque da Cidade com um dos maiores atletas de corrida de Brasília. Com certeza, Juvam é o maior ultramaratonista da história do DF.
O Correio Braziliense acompanhou sua trajetória vencedora por muitos anos, e se você tiver interesse em conhecer mais sobre a carreira do atleta homem de ferro, deixo alguns links no final desse post.
Juvam nasceu em Brasília, morou em vários lugares, como Rondônia, na região Norte, na Flórida e Califórnia, nos Estados Unidos, e voltou pra Brasília, por amar muito a cidade, ao ponto de se emocionar cada vez que viaja e a vê de cima, quando o avião se aproxima. “Brasília é tudo pra mim”, afirma.
Tem o seu avô nordestino como guru e exemplo na vida. “Meu avô foi um autodidata. Ele era amoroso, culto, tinha um pensamento interplanetário, sanfoneiro, foi quem me ensinou tudo. E eu sigo a linha do meu avô na vida, eu gosto de buscar o conhecimento.”
Perguntas para Juvam
P- Você foi fazer o quê nos Estados Unidos?
R- Fui competir. Mas num belo dia eu ia pra New Orleans, e apareceu na tela da televisão Venice Beach, eu vi e falei: eu preciso ir pra esse lugar! Eu fui conhecer, desbravar, conhecer essas paradas diferentes.
P- Você competia em que área?
R- Eu sou ultramaratonista. Então eu ganhei 3 provas nos EUA. Quando cheguei, em 2012, a galera riu de mim, perguntaram em quanto tempo eu ia fazer a prova. Eu falei: não tem esse negócio de tempo não, eu vou ganhar a prova. A prova era de 80km. Eu ganhei a prova, eu ganhei a prova! Com todo respeito, com toda humildade. Riram de mim, do meu tênis – e eu achei que tava abafando, que tava com uma roupa bonita, legal, nada disso. Riram de mim, mas eu ganhei a prova.
P- E qual foi o prêmio?
R- Foi 40 mil dólares.
P- Por isso você ficou lá?
R- Claro! Como não? Acredite se quiser, eu já tomei cerveja com Cuba Gooding Jr. (ator, produtor, roteirista e diretor americano, vencedor do Oscar). Eu disse que era um atleta do Brasil e ele perguntou se eu era atleta de MMA e eu disse que era ultramaratonista. Ele ficou admirado e tomamos cerveja a noite todinha.
P- Você parou de competir?
R- Sim, eu tenho 51 anos, eu fui muito expressivo no esporte, eu corria pra ganhar. É claro que eu perdi muitas provas, a vida é assim, a gente ganha e perde, não tem como. Mas com 51anos eu não estou mais na situação de querer provar mais nada, nem pra mim. nem pra ninguém. O legado está aí, ganhei diversas provas, corri diversas provas, sou reconhecido por alguns que participaram de corrida comigo, eu era um atleta muito competitivo e tá tudo bem, eu tô feliz. Foram 26 anos de competição, metade da minha vida.
P- E aqui em Brasília, você ganhou alguma prova?
R- Ganhei diversas. Eu sou tricampeão da Volta do Lago (100 km), sou bi campeão das 24 horas do Parque da Cidade (cerca de 200 km). Eu sou campeão da corrida de 80 km na Chapada dos Veadeiros.
P- Poxa, que incrível, parabéns por tantas vitórias. Agora me fale sobre o Parque da Cidade.
R- Eu amo isso aqui. Eu sou suspeito pra falar porque em 2010 eu fui a primeira pessoa a correr 24h aqui no Parque. Então é fenomenal, esse Parque é fenomenal.
P- Você vinha treinar aqui?
R- Claro! Aqui a gente tem um ciclo de amizades, os atletas, os não atletas, tem um ciclo de amizades aqui que é muito lindo. Esse lugar é ímpar, tanto que é um dos maiores parques do mundo. Esse Parque é maravilhoso.
P- E qual a área do Parque que você gosta mais, tem algum cantinho especial?
R- Eu gosto muito dessa região central aqui (estacionamento 13). Mas eu acho que quando você se dispõe, você se solta no Parque. Pra quem é atleta, o Parque é imperdível, é uma delícia treinar aqui.
P- E depois de tanta competição, depois de tanta experiência aqui e lá fora, que mensagem você deixaria para as pessoas?
R- Gente, vamos viver nossa vida de maneira legal? Vamos cuidar da nossa vida, do nosso corpo, da nossa alma. Não queira muito provar muita coisa pra ninguém. Não precisamos provar nada pra ninguém. Se a gente é bom, se a bondade está dentro da gente, não precisamos provar mais nada, é a sensação que tenho hoje. Vamos viver, só isso.
Juvam suporta 24h de corrida
http://buscacb2.correioweb.com.br/correio/2010/08/16/esp12-1608.pdf
24 horas sem parar de correr
http://buscacb2.correioweb.com.br/correio/2010/08/16/as01-1608.pdf
Ultramaratona: desafio no Parque
http://buscacb2.correioweb.com.br/correio/2010/08/15/esp13-1508.pdf
Corrida maluca
http://buscacb2.correioweb.com.br/correio/2010/08/13/esp12-1308.pdf
Fim do jejum
http://buscacb2.correioweb.com.br/correio/2010/05/31/esp20-3105.pdf
Louco para passar dos limites
http://buscacb2.correioweb.com.br/correio/2010/01/21/ESP13-2101.pdf
Herói da resistência
http://buscacb2.correioweb.com.br/correio/2011/11/23/AXX01-2311.pdf
Desafio de 220km
http://buscacb2.correioweb.com.br/correio/2011/11/23/EXX16-2311.pdf
Candango encara desafio de ultramaratona
http://buscacb2.correioweb.com.br/correio/2011/01/20/E15-esp-2001.pdf
Quase super-humanos
http://buscacb2.correioweb.com.br/correio/2012/08/18/EXX11-1808.pdf
O rei das margens do Paranoá
http://buscacb2.correioweb.com.br/correio/2012/06/18/EXX13-1806.pdf
Corrida de rua
http://buscacb2.correioweb.com.br/correio/2013/03/11/EXX16-1103.pdf
A mente como maior obstáculo
http://buscacb2.correioweb.com.br/correio/2013/10/21/EXX08-2110.pdf
Treinamento e ambições
http://buscacb2.correioweb.com.br/correio/2013/06/08/EXX16-0806.pdf
Oito opções para entrar em forma – Maratona
http://buscacb2.correioweb.com.br/correio/2013/12/11/EXX06-1112.pdf
As pouco mais de 7 horas e meia de corrida embaixo do forte…
http://buscacb2.correioweb.com.br/correio/2013/06/10/EXX10-1006.pdf
Dor relegada
http://buscacb2.correioweb.com.br/correio/2014/11/08/EXX06-0811.pdf
One thought on ““Ninguém precisa provar nada pra ninguém””
Respeito máximo a esse cara