Uma batalha vencida por mim sem grande esforço, em sete dias de alegria que mandaram pra longe um perigoso banzo, em São Paulo
Estava eu posta em sossego – mais ou menos – quando me dei conta estar facilitando que tomasse meu universo cotidiano um perigoso banzo. Peralá! Sei de histórias de pessoas que por causa de tal sentimento quase perderam o juízo e isso é coisa que não saberia controlar!
Parei pra pensar. Identifiquei que a fonte de tal ameaça era saudade do meu pessoal que mora longe de Brasília, na amada cidade onde nasci. Identificado o problema, parti para a solução.
Tirei 10 dias de férias e fui para São Paulo, cidade considerada por muitos como controversa, fria, perigosa e outras negatividades bobas, típicas de quem não dá uma chance sequer a ela. Pois, para mim, essa autenticamente assustadora metrópole traz felicidade e me faz sentir em casa. Portanto, de armas e bagagens lá fui eu bem viver, me reciclar, paparicar pessoas queridas e ser paparicada por elas. Afinal, não sou de ferro.
Cumpri direitinho minha agenda cuidadosamente preparada: fui tomar sorvete com meus sobrinho-netos; almocei com a família e com amigos que não via há algum tempo; caminhei pelas ruas de São Paulo me encantando com vitrines já arrumadas, preparadas para despertar nos passantes o desejo de consumo de fim de ano.
Muita cultura em São Paulo
No quesito cultura, fui ao teatro assistir a Casa de bonecas parte 2 e no diversão fiquei em casa para não perder o capítulo de estreia de O sétimo guardião.
Desnecessário dizer que nos quesitos acima descritos `fiquei em casa`como dizem por aí: minha irmã, a Marília Gabriela, foi a protagonista de Casa de bonecas parte 2, peça que rolava no Tucarena; e meu sobrinho Theodoro Cochrane estreava em O sétimo guardião, a recente obra de Aguinaldo Silva, novela-das-oito-que-começa-às-nove, na Globo.
Em rápidas pinceladas e para quem não sabe, como o nome da peça deixa claro ser a parte 2 de Casa de bonecas, peça teatral escrita em 1879 pelo dramaturgo norueguês Henrik Ibsen que foca no relacionamento entre Nora (a personagem central) e seu marido Helmer. Para fazer a breve e incentivar a leitura de quem desconhece a obra, Nora abandona marido e filhos e sai pelo mundo afora.
Pois muito bem – um dramaturgo americano de hoje em dia, premiadíssimo, Lucas Hnath, resolveu escrever a “continuação” da obra de Ibsen que traz Nora de volta à casa. Se vivo fosse, Ibsen aprovaria encantado o texto, a montagem brasileira e Marília Gabriela interpretando Nora. A crítica elogiou tudo – montagem e atuação portanto, sem essa de afirmativas do tipo “gostou porque é irmã da protagonista…”
Se a peça vier a Brasília vai valer a pena conferir. Fica aqui a sugestão para prováveis produtores locais movimentarem a cultura da capital da República no ano que vem.
Acabo de descobrir quão prolixa sou quando gosto de verdade de alguma coisa! Portanto, deixo para o próximo texto comentários sobre a muito boa novela-das-oito-da-globo-que-começa-às-nove (nem sempre em ponto). Preciso estar ainda atenta a interpretações e caras-e-bocas de personagens.
Alguns me cansam sobremaneira outros, por sua vez, encantam e muito. Para terminar: um dia jurei nunca mais assistir a novelas, mas a essa não resisto. Por enquanto. Tomara que Aguinaldo Silva consiga manter o pique da trama pelos previstos oito meses de duração. Talento ele tem.