De Portugal veio o provérbio ‘Beleza e Formosura não dão pão nem fartura’. Entre nós transformou-se em ‘beleza não põe mesa’. Seguem abaixo dois exemplos de tal provérbio.
Política não é nem nunca foi minha praia mas existem momentos em que ela acaba fazendo parte do cotidiano de todos nós. Agora, quando a política me leva a uma dicotomia, a coisa piora e eu corro para a frente da telinha. Adivinha em busca de quê? De socorro, de um ‘respiro’. Onde? Em alguma série, é claro!
De controle na mão e confortavelmente instalada parti para a habitual e frenética busca do a que assistir, clicando em (sugestivos) títulos e capas, lendo sinopses que são em sua maioria enganosas mas, fazer o que… é assim que funciona.
Muito bem, dei de cara com Guilt, uma série que se anunciava baseada no (muito) divulgado caso de Amanda Knox; com elenco de gente bonita (Billy Zane, Daisy Head, Sam Cassidy, Zachary Fall e outros nem tão belos); cenário mais figurino caprichados e trama com todos os ingredientes necessários a um bom suspense: Grace, mocinha-ingênua-boazinha-americana se instala em Londres para estudar. Lá chegando, divide quarto com a melhor amiga Molly, uma querida que é brutalmente assassinada e… adivinha? Grace se transforma na principal suspeita.
A investigação é o (único) foco da história narrada em episódios de 45 minutos cada um, uma coisa arrastada que me deu desânimo e remorso pelo tempo perdido. Vi o primeiro episódio. Não gostei muito. Tentei o segundo, detestei. Insisti no terceiro e desisti.
Como odeio desperdiçar tempo, fui ao Google e vi que Guilt havia gerado comentários bons, ruins, mais ou menos e que a segunda temporada tinha sido cancelada. Um pouco irritada constatei que ‘beleza não põe mesa’ e fui em busca de um antídoto para Guilt.
Mais uma série de capa bonita: Os segredos de Borgo Larici
Apesar de ressabiada com capas bonitas, não consegui resistir e cliquei em mais uma – Os segredos de Borgo Larici – série para mim novidadeira uma vez que é italiana e anunciada pelos críticos como imperdível. De acordo com o Google, naturalmente.
Começou muito bem – elenco de gente bonitíssima (Giulio Berruti, Nathalie Rapti Gomez e Marco Falaguasta), ambientação interna, fotografia e figurino lindíssimos além de ser série de época (1922), fator que me atrai bastante. Inteiramente rodada no Piemonte, a princípio tal novidade me encantou pelas tomadas externas e pela lindeza dos protagonistas.
Encantamento que foi passando na medida em que o roteiro foi se enchendo de clichês: segredos mortais, assassinatos, paixões, traições, cartas anônimas, romances impossíveis e por aí vai, itens que superaram até mesmo os olhos verdes do protagonista. A bem da verdade, foram tais olhos verdes que me impediram de desligar a televisão logo depois do segundo episódio.
Aguentei até o quarto. No quinto episódio, quando o(s) roteirista(s) levou a trama até um convento onde o protagonista encontra a mãe que tanto procura por não acreditar na morte dela, confirmei que de fato, ‘beleza não põe mesa’.
Também tive certeza que, apesar dos filmes maravilhosos do cinema italiano, fazer série não é seu forte. Melhor deixar séries com os americanos – Guilt é a exceção que confirma a regra.