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Livros com alma e paixão

Entre o cheiro de café recém-passado, páginas amareladas pelo tempo e conversas sussurradas entre estantes, a Asa Norte tem um lugar onde o tempo parece desacelerar. Mais do que uma livraria, o Porão Livro & Café se tornou um encontro entre histórias: as que se lêem, as que se ouvem e as que se vivem. Misturando sebo, livraria com títulos novos e cafeteria em um só ambiente, a marca transforma a experiência de ler em um ritual completo, onde cada livro vem com um aroma, um afeto e, muitas vezes, uma segunda chance.

“Começamos em 2016 com uma loja on-line e, em 2019, resolvemos abrir nosso primeiro espaço físico: uma lojinha de menos de vinte metros quadrados, mas já com a proposta de oferecer uma curadoria cuidadosa, reunir pessoas e fomentar a cultura na cidade. Em 2021, mudamos para um espaço maior, já trazendo junto a ideia de integrar o café à livraria”, conta Luana Pessoa Rêgo, proprietária.

Junto com o seu sócio, Sebastião Rodrigues Reis, a empresária buscou reinventar o conceito de sebo. “Eu faço pessoalmente a curadoria do nosso acervo, escolhendo livros que equilibram clássicos, obras contemporâneas e títulos que despertam curiosidade, sempre considerando o interesse dos leitores e garantindo um acervo diversificado, inspirador e de qualidade”, destaca.

A escolha por também vender livros usados se deu devido à acessibilidade e à sustentabilidade defendida pelos sócios. “Eles permitem que mais pessoas tenham acesso a obras de qualidade e, ao mesmo tempo, carregam as suas próprias histórias, com marcas, anotações, grifos, bilhetes e até uma flor esquecida entre as páginas pelos leitores que passaram por eles, tornando cada livro único”, ressalta. Para Luana, é emocionante acompanhar a interação do público com os livros, tornando cada experiência única e individual.

A dedicação trouxe resultados: por ano, são vendidos aproximadamente 10 mil livros. No entanto, a loja estende a sua atuação. “Vemos a livraria como um espaço que vai além da venda de livros. Buscamos contribuir para a cena cultural de Brasília oferecendo um lugar de encontro, troca de ideias e experiências. Acreditamos que, ao reunir livros, arte, oficinas e eventos, podemos inspirar, conectar pessoas e fortalecer a cena cultural local de forma acessível e acolhedora”, explica.

Dessa forma, também são realizadas oficinas de colagem, aquarela e origami. Luana informa que ainda são promovidos bate-papos sobre os mais variados assuntos e contações de histórias para crianças, tornando o espaço acolhedor para todas as idades.

Outra iniciativa que amplia a atuação da marca diz respeito aos eventos culturais. “Realizamos diversos eventos culturais, mas dois se destacam: o Festival Candanguice, que celebra a cultura local; e a ‘Arte no Porão’, que transforma nosso espaço em um ponto de encontro de artistas e público, promovendo arte, música e troca de experiências”, detalha.

Essa proposta de acolhimento motivou a criação da cafeteria, um dos elementos que ajudam a tornar o ambiente ainda mais especial. “Decidimos incluir a cafeteria quando percebemos que queríamos que o Porão fosse mais do que um espaço de livros, queríamos que fosse um lugar de convivência, onde os leitores pudessem se sentir à vontade para explorar, relaxar e aproveitar o tempo. A cafeteria surgiu como uma forma de complementar a experiência, tornando a visita à livraria mais acolhedora e convidativa”, complementa Luana.

Entre café e livros

O sonho de Luana é que o Porão se torne um ponto cada vez mais vivo e pulsante para a cidade, ampliando iniciativas que conectem pessoas e inspirem novas histórias, tornando-a uma referência da arte local e um ponto de visitação para pessoas de outros estados.

Para isso, busca, constantemente, trazer inovações para a população. Recentemente, a loja passou por uma ampliação. “Demos ao café um espaço maior, criamos uma área infantil e também um novo espaço para expor a arte de artistas locais”, diz.

Três perguntas para Luana Pessoa Rêgo, proprietária do Porão Livro & Café:

Qual foi o momento mais marcante desde a abertura?

Foi ver os primeiros clientes chegando quando inauguramos a livraria. Ver o interesse das pessoas pelo espaço que criamos e perceber que elas estavam aproveitando e curtindo o ambiente foi realmente muito especial.

O que aprendeu ao longo do caminho como empreendedora?

Aprendi a acreditar na minha visão, ser resiliente diante dos desafios e valorizar cada pequena conquista. Também percebi a importância de ouvir as pessoas, aprender com os erros e me adaptar às mudanças. Criar algo com propósito faz com que o trabalho se torne muito mais significativo e prazeroso.

Que conselho daria a quem quer abrir uma livraria?

Eu diria: tenha visão e propósito, prepare-se financeiramente e conheça bem seu público. Abrir uma livraria exige dedicação e criatividade, não se deixe desanimar pelas dificuldades e lembre-se de criar um lugar com alma, que as pessoas realmente queiram frequentar.

Gabriella Collodetti

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