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O negócio de dados e tabuleiros

Antes das telas reterem a atenção dos seres humanos por longas horas, os jogos de tabuleiro eram alternativas para quem buscava se divertir com os amigos e a família. Com o tempo, a possibilidade deste tipo de entretenimento se perder, devido ao aumento da tecnologia, era um cenário previsto. No entanto, até os dias atuais, essa modalidade de diversão em grupo ainda se mantém em alta.

Nesse contexto, um tipo de empreendimento tem conquistado as capitais, incluindo o Distrito Federal: as lojas destinadas a aluguéis de jogos. Seja para brincar no próprio espaço físico, seja para levar para casa, esses ambientes se tornaram uma opção para quem busca se desconectar do mundo virtual para se aproximar de momentos de qualidade presenciais.

Um dos sucessos do DF neste nicho é a Ludoteca BGC, localizada na Asa Sul. Presente no mercado de jogos desde 2013, a loja, inicialmente, se chamava “Board Game em Casa”. “Éramos bem mais caseiros. A BGC funcionava em um apartamento atulhado de jogos de tabuleiro. A gente alugava para todo o Brasil, pelos Correios. Em 2014, tivemos a oportunidade de inaugurar nossa loja física, com espaço para os clientes jogarem”, conta André Segovia, sócio-administrador.

André comenta que, aos poucos, além dos aluguéis de jogos, a loja começou a trabalhar com vendas. “Em 2016, recebemos um investimento-anjo e a Board Game em Casa ‘subiu de nível’, mudou de endereço para um espaço maior, ficou lindona e se transformou em Ludoteca BGC”, contextualiza. O empreendedor informa que, no modelo de Friendly Local Gaming Store, isto é, “loja de jogos amigável da vizinhança”, em tradução livre, a Ludoteca busca se aproximar dos seus clientes para tratá-los como amigos durante o atendimento no seu espaço.

Para André, essa iniciativa permite que a loja se torne um ambiente agradável, acolhedor e aconchegante. Além disso, essa proposta da Ludoteca também fomenta o senso de comunidade e o companheirismo que, para ele, são muito importantes para o hobby voltado a jogos de tabuleiro. O sócio-administrador destaca que, esse formato de atuação, é considerado um dos seus diferenciais.

Outro aspecto que destaca a loja neste segmento diz respeito ao acervo de jogos, que chega a 900 variedades para os clientes terem acesso. “Temos um dos maiores do Brasil”, informa. “Também contamos com instrutores na casa, que estão à disposição para ensinar as regras dos jogos, o que nos torna acessíveis para qualquer pessoa, independentemente se é uma veterana ou uma completa novata”, complementa.

Para manter o seu público com produtos de qualidade, André ressalta que o processo de atualização da Ludoteca é constante. Só neste ano, a loja já investiu na aquisição de, aproximadamente, 50 jogos novos para o acervo. O empresário indica que a ideia é sempre acrescentar os jogos que estão fazendo mais sucesso no momento, sem se desfazer dos modelos consagrados.

Oportunidade no mercado

Um dos motivos que inspiraram a criação da Ludoteca envolveu a ausência de ambientes que atendessem o público geek na cidade. Antes da criação da loja, como consumidor, André sentia falta de um local físico para jogos em Brasília.

“Ter acesso a jogos modernos, mais complexos, estratégicos e divertidos de um jeito inusitado era algo difícil. Hoje em dia, a capital conta com um belo punhado de lojas de jogos espalhadas pelas regiões administrativas. O mercado desse hobby está super aquecido”, avalia.

Com um público fiel, André comenta que a procura por jogos de tabuleiro cresceu muito, no Brasil, nos últimos 10 anos. Ainda com o aumento da digitalização e aumento das tecnologias, o segmento não perdeu a sua relevância.

“Nosso objetivo não é competir com o digital, mas oferecer uma outra possibilidade de entretenimento para as pessoas. Boa parte do público que frequenta nossa loja são pessoas que só conheciam os tradicionais da infância, mas que foram apresentadas a algum título moderno por algum amigo ou conhecido e ficaram curiosas. Geralmente, essas pessoas saem maravilhadas com a experiência e se tornam elas mesmas propagadoras do hobby – e clientes fiéis da Ludoteca”, comenta.

Três perguntas para André Segovia, sócio-administrador da Ludoteca BGC:

Como você faz a curadoria para levar à loja os melhores jogos?

O principal critério é a recomendação dos clientes. Se alguém pergunta de um jogo que a gente não tem, nós vamos atrás para ver se é interessante. Mas também ficamos de olho nos sites, canais e perfis que comentam sobre jogos, tanto nacionais quanto internacionais, nos lançamentos das editoras e no Board Game Geek (BGG), que é tipo um IMDB [base de dados on-line de informação sobre cinema, TV, música e games] misturado com Wikipedia para jogos de tabuleiro.

Além dos jogos, o que mais a loja disponibiliza em seu ambiente físico?

Ao longo dos anos, fizemos parcerias com vários restaurantes e lanchonetes para melhor servir ao nosso público. Atualmente, temos uma parceria com a creperia Frisson, que oferece não somente crepes, mas também açaí. Trabalhamos, ainda, com a venda de acessórios e produtos geeks, e disponibilizamos o espaço para eventos, aniversários e RPG (que é jogo, mas não é de tabuleiro).

Quais foram os maiores desafios da marca?

Sem dúvida, a pandemia. Fizemos questão de seguir todos os protocolos de segurança à risca, nos mantendo fechados (apenas com locações de jogos “quarentenados” via delivery) até por bem mais tempo do que a média do comércio, e retornando aos poucos, tomando todos os cuidados necessários, até que a normalidade fosse possível de novo. Também tivemos que mudar para um endereço menor e sustentar a loja com recursos próprios por um bom tempo, mas tivemos um apoio lindo da comunidade, que nos abraçou e nos ajudou em uma campanha de financiamento coletivo em prol da sobrevivência do projeto. Somos imensamente gratos a todo mundo que contribuiu.

gabriellacollodetti

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