Um dia como voluntária num abrigo de cães e gatos

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(Por Juliana Contaifer)

Desde que adotei a Lupita e o Natsu, uma cadelinha vira-lata muito doida e um gato também vira-lata que chegou lá em casa com dois meses e um nariz quebrado de brigar na rua, me tornei uma super ativista pelos animais sem raça definida. Já convenci amigas a esquecer os cães de raça e dar uma chance aos bichinhos que já estão nascidos, já passaram por muita coisa e só precisam agora de um pouco de carinho e atenção. E garanto, depois de passar por poucas e boas, eles são ainda mais companheiros e carinhosos.

Por esse novo amor, me inscrevi para participar de um dia de voluntariado organizado pelo Atados, vinculado ao Dia das Boas Ações (que aconteceu no dia 10 de abril). A ideia era ir ao Abrigo Fauna e Flora, no Gama, e ajudar a dar banho em alguns animais que participariam depois de uma sessão de fotos para incentivar a adoção. Me levantei sábado bem cedinho e segui com minha irmã para o abrigo. Não sei se por coincidência, mas a chácara onde ficam os animais fica exatamente ao lado de um morrinho com uma escultura do Cristo Redentor.

O Abrigo Fauna e Flora é um dos mais conhecidos de Brasília e eu, honestamente, não sabia o que esperar de um local que abriga mais de 200 cachorros e outros tantos gatos. Fui surpreendida positivamente. Tudo é muito bem organizado. Ao chegar, os cães ficam em uma quarentena. Depois seguem para uma área telada, depois para outra, depois outra, até poderem ficar soltos. Uma outra ala é só para os animais doentes, outra para aqueles que sofrem com os efeitos da cinomose, e há até uma maternidade para as cadelas que chegam prenhas. Todos os animais são castrados.

Depois de fazer um tour pelo local, seguimos para um local específico para os banhos. Lá, recebemos opções: quem quisesse, podia dar banho, ou limpar o chão, ou ajudar com os gatinhos, ou só sentar e fazer carinho nos cães. Decidida a ajudar, resolvi dar banho mesmo. É preciso colocar uma coleira ao redor do pescoço dos cachorros para levá-los ao local de banho. Claro que a maioria corre assim que vê a corda, mas alguns vinham de bom grado. E todos, depois do banho, se jogaram na terra e se sujaram de novo.

Um dos coordenadores explica que o que importa, na verdade, não é o banho. É o carinho associado, a massagem com o xampu especial, a atenção. É só o que eles precisam. A maioria fica bem quietinho, só aproveitando o banho. Alguns, mais assustados com a água fria, escondem a cabeça debaixo dos nossos braços. Outros, felizes, enchem os voluntários de lambidas. Um dos mais arredios, precisou de duas pessoas para conseguir levá-lo ao local de banho. Chegando lá, ficou bem quietinho. Descobri que a orelha dele estava toda mordida, cheia de sangue e pus. Por isso estava agressivo antes. Se não tivéssemos pegado para dar banho, talvez ninguém soubesse da ferida.

Muita gente aparece para ajudar. Uma menina vem da Asa Norte toda semana passear com um pitbull. Outro pessoal sempre aparece para ajudar a limpar o chão e as vasilhas. Outras senhoras tiram foto dos animais disponíveis para a adoção. E sempre no último domingo do mês, das 10h às 16h, as portas do abrigo ficam abertas para quem quiser aparecer e ajudar com o que puder.

Depois que terminamos com os banhos, sentei para descansar. Foi quando um dos cachorros me viu, veio e subiu no meu colo, só por causa do carinho. Outro me deu uma lambida na bochecha e ficou por perto. Mais um passou, ganhou um carinho, e seguiu em frente. Tudo o que esses animais precisam e de um carinho, de voz que transmita paz, sossego e segurança. Foi super gratificante. Saímos de lá não só com a sensação de dever cumprido. No final do dia, estávamos, nós e os cachorros, muito felizes, amados, cheios de carinho. Satisfeitos. Domingo (24/04), as portas do abrigo estarão abertas de novo para quem quiser ajudar. E garanto, não faltam cachorros para quem conseguir ir.

Bono Blue

é jornalista, um cão farejador de notícias

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