Uma boa noite de sono repercute em diversos aspectos da saúde e do bem-estar. A hora do repouso é algo esperado e valorizado inclusive pelos bichinhos. Assim como os humanos, eles sonham e podem ter distúrbios do sono. Quem entende bem disso é a estudante Carla Teixeira, 20 anos, dona da cachorrinha Frida. Desde a tenra idade, a chin (spaniel japonês) de 4 anos apresenta falta de ar enquanto dorme. O diagnóstico? Apneia noturna.
A tutora conta que a cachorrinha, de focinho pequeno e achatado (braquicéfalo), nunca havia dado sinais de dificuldade respiratória enquanto acordada. “Quando ela começou a apresentar esse quadro, levamos um susto. Para nós, era tudo novo e não sabíamos como lidar. Acreditávamos que era uma espécie de espirro reverso e fazíamos massagem no pescoço dela. Depois, notamos que poderia ser algo mais”, lembra. Como as crises eram angustiantes, Carla resolveu procurar ajuda. “Acredito que ela já tenha se acostumado. Ficamos atentos à respiração e a barulhos que ela faz durante a noite”, diz. A família dá todo o suporte e, segundo a estudante, as visitas ao veterinário são constantes.
Além da apneia, que geralmente é acompanhada de ronco e cansaço durante o dia, os pets são muito suscetíveis a narcolepsia — estado de sono súbito e profundo, com paralisação total ou parcial dos músculos. Já a insônia é um tanto quanto rara e, na maioria das vezes, reflexo de outros problemas, tais como artrite, insuficiência renal, alergia ou tireoidismo. A médica veterinária
Francielle Kushminski explica que os donos precisam estar atentos à quantidade de cochilos do animal durante o dia. “Os distúrbios do sono podem estar atrelados a problemas de saúde, como vermes e até mesmo problemas neurológicos. Normalmente, as sonecas são um alerta”, explica. O quadro pode ser passageiro e inofensivo, mas apenas exames clínicos e laboratoriais fecharão o diagnóstico.
Quando a estudante Gabriela Abreu, 18 anos, levou a buldoque francês Kira, 4, ao veterinário, confirmou suas suspeitas: a raça é muito suscetível a problemas de sono por conta do focinho achatado, que dificulta a respiração. Os roncos de Kira são tão altos que a caminha dela fica em local afastado, para que o barulho não incomode os demais moradores da casa. “Recebemos orientação de que é melhor poupá-la de exercício físico, sobretudo em dias secos e ensolarados. Além disso, a Kira tem muita alergia — creio que isso colabore ainda mais para os roncos dela”, aponta a jovem. Fora os roncos, a cachorrinha é tranquila e, no quesito sono, acompanha os horários da família.
A veterinária Ana Catarina Valle alerta para os casos de sono irregular. A inconstância é um indício forte de distúrbio, mas a confirmação é feita com exames como tomografia e ressonância magnética. O tratamento varia de animal para animal, mas, para a especialista, a homeopatia e a acupuntura são excelentes aliados. “A medicina chinesa tem base em horários biológicos. Por exemplo, se o cãozinho apresenta insônia entre a 1h e as 3h, investigamos uma alteração hepática”, esclarece.
A beagle Lolla, de 3 anos, vive assustando os donos, Ariella Oumori, 25, e Rogério Duarte, 27. A cadelinha tem um sono agitado, com sonhos que a fazem chorar, mexer as patinhas e até latir. “Às vezes, ficamos com vontade de acordá-la, mas sempre deixamos pra lá”, comenta Ariella. A veterinária Francielle Kushminski ressalta que o sono dos pets é dividido em duas fases: não REM (Rapid Eye Movement) e REM. “Na segunda, o sono é profundo. Os cães sonham, podem fazer sons e até mesmo movimentos”, ensina.
Especialistas acreditam que o cão deve ter um sono calmo e um horário biológico que acompanhe o do dono. Para a veterinária Ana Catarina Valle, uma casa com harmonia colabora diretamente para um sono tranquilo. Hábitos saudáveis também colaboram para o bem-estar dos fiéis companheiros — inclusive nas horas de descanso.
Você sabia?
Humanos costumam seguir um padrão binário de sono: dormem cerca de 8 horas durante a noite e ficam acordados de dia. Cachorros, não.
(da Revista do Correio)
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