Sherlock Holmes dos animais

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(da Revista do Correio)

Os detetives particulares, além de não serem coisa de filme, prestam um serviço importante para donos de pets. O principal motivo para a investigação especializada é o furto premeditado dos animais de raça. Felizmente, esses casos costumam ser de mais fácil resolução que desaparecimentos comuns, já que, segundo o detetive particular Deusdete Corrêa, geralmente é possível descobrir algo por meio de testemunhas ou de câmeras de segurança.

De acordo com o detetive Edilmar Lima, os malfeitores geralmente buscam lucro vendendo o bicho ou usando-o como reprodutores. Há cerca de nove anos, Lima e sua equipe descobriram uma “fábrica de filhotes” no entorno do DF. Os cães não tinham procedência clara e o responsável pelo local acabou condenado na Justiça. A pena foi o pagamento de cestas básicas. Lima diz que as habilidades de um detetive pet são as mesmas de um profissional convencional. Tudo começa com perguntas na vizinhança e fotos do desaparecido. “Apesar de acharem que cachorro não deixa pistas, deixa sim. Alguém sempre vê, é quase o mesmo trabalho”, explica. Lima conta ainda que a denúncia anônima é uma aliada. “Às vezes, o empregado da casa reconhece os patrões com um cão desaparecido e denuncia — ajuda muito também.”

Ele se especializou na área há mais de 20 anos, a partir de um caso “familiar”: o cão de sua companheira havia fugido na primeira vez em que desceu do apartamento. Na ocasião, Lima já trabalhava como detetive e foi questionado por que não poderia ir atrás do animal, já que buscava pessoas. No fim das contas, o filhote foi localizado na casa de quem o vendeu! É que o cãozinho ainda se lembrava do endereço anterior. “Foi assim que peguei gosto pela coisa”, resume.

Deusdete Corrêa ressalta o potencial afetivo da atividade. “Entrei no ramo nem tanto pensando em ganhar dinheiro, mas em ajudar o próximo, porque o bicho de estimação hoje é como se fosse um filho”, observa. Para quem está em busca de uma mascote “desaparecida”, ele sugere distribuir cartões com o contato e oferecer uma recompensa pelo paradeiro. O valor, porém, não deve ser explicitado, pois poderia incentivar o sequestro de animais. Detetives também ajuda nesses momentos, pois estão preparados para resolver situações em que a outra parte tente agir de má-fé. Laudirene Pereira, 35 anos, está apostando nos serviços de detetive particular para encontrar Bob. O shih tzu, 1 ano, desapareceu em 7 de janeiro, quando visitantes esqueceram o portão da casa da empresária aberto, em Samambaia Sul. Ela imprimiu cartazes, entregou panfletos em todas as casas da quadra em que mora e também na vizinhança, além de contratar um carro de som e fazer anúncios na internet. O investimento não foi baixo: só o uso diário de um carro de som pode ultrapassar R$ 250. Ela estima ter gastado cerca de R$ 3 mil.

Desde o sumiço de Bob, a empresária passou a olhar classificados on-line diariamente em busca de alguma pista do shih tzu. Várias vezes, acreditou estar perto de recuperar o filhote e, recentemente, acabou decidindo comprar outro cão da mesma raça. Laudirene, porém, reconhece que não é possível substituir Bob. “Eu não tinha noção desse universo. Fui em muitas casas, recebi muitas ligações. Tem muita gente que passa pela mesma situação”, diz. Laudirene acredita que o cão não retornará. “Minhas filhas até hoje choram. Eu sei que há muitos canis clandestinos por aí…”, lamenta.

De fato, com o passar dos dias, a missão fica cada vez mais difícil. Edilmar Lima, porém, conta que existem casos de pets que são encontrados depois de meses, e que os tutores não devem perder a esperança. “Não recomendo desistir”, sentencia.

Alguns dos obstáculos incluem o vínculo que pode surgir entre o animal e a nova família. “Às vezes, a pessoa que recupera na rua não tem intenção de ficar, pega para proteger, mas, com o passar do tempo, toma afeto”, observa o detetive. Laudirene, porém, é categórica ao tratar de pessoas que se recusam a devolver um pet perdido ou roubado: “É mais fácil dizer para minhas filhas que o Bob está bem, com alguém que está cuidando e gosta de animal, mas quem faz isso não gosta. Quem gosta sabe que existe uma família esperando, que daria qualquer coisa para tê-lo de volta”.

Os valores para a contratação de um detetive podem ser elevados. É possível prestar o serviço por diárias, que podem variar entre R$ 300 e R$ 600, ou fechar um pacote por um período de cerca de 90 dias. Deusdete Corrêa explica que, nesses casos, o custo total fica em torno de R$ 3 mil, e metade do valor é pago antecipadamente.

Ajuda on-line

Segundo o detetive Edilmar Lima, uma das medidas mais eficazes que os tutores podem tomar paralelamente às investigações profissionais é divulgar informações e espalhar cartazes. As redes sociais também têm um papel importante no processo, devido ao grande alcance.

O Procura-se Cachorro é um site que cataloga cães perdidos e encontrados com base no sistema de localização do Google.Os sites Pet Vale e Procure 1 Amigo tratam de várias temáticas pet, mas contam com uma área exclusiva de anúncios de animais perdidos. Sem qualquer custo, o tutor pode cadastrar uma foto da mascote desaparecida e deixar um telefone de contato.

Existem ainda aplicativos, como o brasiliense Pinmypet, que facilitam a identificação do animal. No caso, todo bicho cadastrado no app ganha um perfil, que pode acessado a partir de um tag na coleira.

Anote o endereço completo dos sites mencionados:
http://www.petvale.com.br/cachorros-perdidos/ Pet Vale
http://www.procure1amigo.com.br/animais_perdidos.aspx Procure 1 Amigo

Você viu o Bob?


O cãozinho shih tzu desapareceu em janeiro em Samambaia, mas pode estar em qualquer lugar do DF. Se tiver informações, entre em contato com a dona dele, Laudirene Pereira: (61) 8634-4061.

Bono Blue

é jornalista, um cão farejador de notícias

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