Passeio seguro

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(da Revista do Correio)

Cor e estampa são preferências estéticas, mas itens de segurança para os pets exigem outro tipo de critério na hora de escolher. Seu cão é pequeno, dócil e obediente? Ou pula de um lado para outro no carro? Durante o passeio, quer correr para brincar com outros cães e adora saltar nas pessoas ou se comporta perfeitamente, caminhando a seu lado? Perguntas assim devem nortear a seleção dos equipamentos usados para garantir um transporte seguro, tanto para os animais quanto para os tutores e para as pessoas nas ruas.

Há, por exemplo, inúmeras guias disponíveis. Entre as mais usadas, estão a tradicional e a peitoral. De fato, elas são as mais indicadas para a maioria das raças, mas é importante saber apontar as diferenças de cada uma. A tradicional pode ser de tecido, náilon, couro ou outras variações que existem no mercado, vai ao redor do pescoço do cão. Com ela, é possível treinar o animal mais facilmente, independentemente da raça. Nas primeiras vezes que o filhote sai para passear, ele deve entender quem manda. A coleira tradicional possibilita esse comando com mais facilidade, uma vez que o dono pode puxar o animal delicadamente para que ele se mantenha ao lado ou atrás. Com a peitoral, isso é mais difícil. Mesmo quando o proprietário realiza o comando de segurá-lo ao seu lado, o cachorro ainda pode jogar o tronco para frente, dando a impressão que está no controle. Por esse motivo, é indicada somente depois que houve o adestramento do animal.

“O proprietário conhece a índole do seu cachorro, sabe se ele é capaz de atacar ou avançar em outra pessoa e, a partir disso, ele escolhe melhor a coleira para ter total controle sobre o mesmo”, comenta a veterinária Camila Albuquerque. O maior erro dos donos é confiar que o bichinho é comportado e não vai correr ou atacar ninguém, pois muitos acidentes acontecem a partir disso. Os animais podem se assustar, correr atrás de algum bicho ou simplesmente querer brincar. Por isso, Camila acrescenta que o uso da coleira em qualquer passeio é indispensável, já que o comportamento do animal pode sempre surpreender.

Outro modelo de coleira é a enforcadora. Ela é usada para conter o animal e se aplica mais a cães de guarda, como rotweiller e pastor-alemão. Ou a qualquer outro que tenha muita força ou um comportamento mais bruto. Do lado inferior da coleira, existem alguns ganchinhos que ajudam a controlar o cão ou que deslizam, apertando mais o pescoço. Mas, segundo a veterinária, esse tipo de coleira não causa nenhum mal ao animal, ela apenas o incomoda e o faz parar.

Anna Carolina Prates é aviadora e tem três shih tzus — Thor, Bella e Shoyu. Por morar em apartamento, ela passeia com seus cães pelo menos duas vezes ao dia e conta que sempre optou pela coleira peitoral por sentir mais segurança na hora do passeio. “Tenho medo de puxar a coleira e machucar ou dar falta de ar porque eles são muito pequenos, e sei que, com a peitoral, isso não acontece.” Anna Carolina já teve outros dois cachorros da raça labrador e conta que, neles, ela preferia usar a coleira tradicional de pescoço, por causa da força que os animais tinham durante o passeio. “Era mais fácil conter os dois com a de pescoço para que eles não me derrubassem”, conta a aviadora.

Na rua e no carro

Os tutores têm um medo infundado: acreditam que a focinheira só pode ser usada em cães ferozes ou de guarda, e que o acessório machuca ou limita a respiração. Mas a realidade é que a focinheira é indicada para qualquer raça, em qualquer passeio. O correto seria sempre usar a coleira em conjunto com a focinheira, obrigatória, de acordo com lei distrital, sobretudo para cães de grande porte, como dobermann e pit-bull.

Também é obrigação do dono, estabelecida pelo Código de Trânsito Brasileiro, transportar, nos carros, os cães dentro de caixas adequadas ao tamanho do animal, casinhas ou presos ao cinto de segurança adaptado. Caso  isso não seja respeitado, os motoristas estão sujeitos às penalidades da legislação, como multas e pontos da carteira de motorista.

Apesar disso, muitas pessoas levam seus animais soltos no veículo, com a janela aberta ou no colo de alguém, mas, assim como um ser humano, o cãozinho pode causar algum acidente quando está livre, ou até mesmo correr risco de óbito caso haja uma batida. “O peso do cachorro pode ser triplicado em caso de acidente e isso pode machucar alguém ou ele mesmo”, ressalta a veterinária Camila Albuquerque.

Giulia Pires é estudante de comunicação organizacional e dona de Napoleão, da raça sealyham terrier. Ela diz que sempre usou a coleira peitoral em seu cachorro e o cinto de segurança em todos os passeios de carro. “Pensando na segurança dele, comprei o cinto logo no dia que ele chegou em casa. Tenho medo que aconteça algo e ele se machuque. Já sabia da existência da cadeirinha adaptada para carro, mas fui ao petshop atrás de algo do tipo que ele tivesse mais liberdade e não ficasse totalmente imóvel, e me indicaram o cinto que fica ligado a coleira.” Napoleão se acostumou muito bem com o cinto de segurança e ela deixa a guia mais curta, mas com distância suficiente para que ele possa olhar pela janela.

É o mesmo caso de Letícia Brazil, estudante de pedagogia e dona de Aladdin, um shih tzu que não passeia solto no carro. “O Aladdin é muito agitado. Antes do cinto de segurança, quando ele passeava de carro, ficava muito animado e pulando em todos os cantos. Tinha muito medo de que algo acontecesse com ele, e agora ele fica bem comportadinho.” Caso haja impacto, o cinto trava, impedindo que o animal se machuque.

Bono Blue

é jornalista, um cão farejador de notícias

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