Mudança sem estresse

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Trocar uma casa ampla por um pequeno apartamento também altera a vida dos pets. Confira dicas para fazer essa transição sem traumas

Patricia Barbosa e Guilherme Andrade, com os cães Peru e Chile.

Foto Zuleika de Souza/CB/DA Press

Apartamentos são mais práticos e seguros. Mas será que os pets aprovam isso? A mudança de uma casa para um espaço mais limitado mexe com a rotina da família e também dos animais de estimação. Segundo o adestrador Carlos Júnior, a maior dificuldade nesse processo de adaptação é com a rotina de necessidades fisiológicas dos animais. “Os bichos que moram em casa costumam usar gramados ou quintais. Quando se mudam, eles já devem entender que esse lugar também será alterado”, explica. De acordo com ele, é preciso insistir até que aprendam, como se fossem filhotes.

Os chihuahuas Peru e Chile moravam em uma casa com bastante espaço até um mês atrás. Agora, os dois cãezinhos dividem um apartamento com a família. A dupla ainda está em processo de adaptação, mas vivendo muito feliz no novo espaço. “O Chile é muito sociável, adora brincar com todo mundo e gosta de outros animais. Já o Peru é mais arredio”, conta o analista de sistemas Guilherme Andrade, 36 anos.

De acordo com o proprietário, a maior dificuldade foi com Peru, que é “muito medroso”. “Ele se assusta com qualquer coisa. O pior momento é quando temos que levá-lo para passear. Só de pegar a coleira, ele já começa a se esconder embaixo da cama”, conta. Guilherme diz que nunca teve problemas com o cachorro na antiga casa. “O Peru adorava passear e conhecia toda a vizinhança.” O medo foi a única alteração no comportamento do cachorro, mas a família se empenha para garantir o bem-estar de todos. “A gente tenta mostrar que não tem perigo, que ele pode brincar com as pessoas e não precisa ficar assustado”, afirma.

Os cães são muito apegados à família. Peru e Chile dormem perto da cama do casal e, segundo o analista, essa aproximação maior só aconteceu depois da mudança para o apartamento. “Na casa, eles ficavam muito dispersos. Como aqui eles não têm muito por onde andar, ficam mais próximos da gente. São até mais carinhosos”, explica.

Para escolher um apartamento, um dos cuidados foi optar por um imóvel com varanda. “Esse era um dos critérios. Uma varanda com vidro para que eles pudessem ver o movimento da rua. No início eles latiam muito para os carros, mas hoje já acostumaram”, conta.

De acordo com Guilherme, em uma semana, os pets se acostumaram com o novo lar. Segundo o adestrador de cães Carlos Júnior, esse é o tempo médio para um animal se adaptar. “De curto a médio prazo. Os mais jovens (até 4 anos) tendem a se adaptar mais rapidamente, mas, no geral, em uma semana, fica tudo bem.”  Caso o dono sinta muita dificuldade com o pet, pode contratar um profissional para condicioná-lo.

Enquanto a maioria só precisa de tempo para se acostumar, alguns sofrem com sintomas de depressão e tristeza. E a mudança de humor não acontece apenas quando trocam um ambiente amplo por um apartamento. “Eles estranham qualquer mudança de residência, não sabem o local de fazer as necessidades, não se sentem bem no início. Alguns podem demonstrar até certa agressividade”, afirma.

Para o adestrador, o mais importante é ter a ajuda dos tutores. “Os pets vão precisar muito que os proprietários os orientem nessa nova casa. Quanto maior o apoio, menos traumático e mais rápida é a adaptação”, explica.

Lugar para dormir

Os animais precisam de um local próprio para descansar e isso deve ser estabelecido desde o início. O ambiente deve ser limpo, confortável e cheio de brinquedos.

Necessidades no local certo

Um local exato deve ser definido para que o animal possa fazer xixi e cocô. Recomenda-se que seja em um lugar que não incomode as pessoas da casa, como área de serviço ou varanda. Toalhas higiênicas e jornais podem facilitar a limpeza do espaço.

Cuidado com o estresse

É importante levar o cãozinho para passear e incentivar brincadeiras. A ansiedade e o nervosismo podem provocar a queda da imunidade, deixando-o mais suscetível a doenças.

Vida monótona?

Morar em uma casa não é sinônimo de vida agitada. Por conta do amplo espaço, muitas vezes, os donos esquecem que os pets precisam de outras atividades para se divertir. Ao contrário do que se pensa, cães que moram em casas não se exercitam tanto. “A vida desses animais é muito monótona. Nada acontece. Eles precisam fazer atividades e brincar para que eles fujam daquela rotina de quintal, garagem e grama”, explica.

Sem exercícios, o cão pode levar uma vida sedentária e ter problemas de saúde. O sedentarismo traz muitos problemas para a vida do pet. “Pode causar obesidade, problemas no aparelho circulatório, estresse e vários outras questões ligadas à saúde física e mental”, afirma Quintela. Os problemas também tendem a atingir os pets psicologicamente. “Eles começam a cavar, destruir plantas e comer objetos”, afirma Carlos Júnior. De acordo com o adestrador, é importante buscar outros meios para divertir o animal.

O médico veterinário Emanuel Quintela tem a mesma opinião. O especialista acredita que a mudança para um apartamento não representa uma vida tediosa. “Ele não tem que mudar necessariamente sua rotina nem se tornar um animal mais ocioso”, afirma. A iniciativa de levar para passeios e brincadeiras deve ser do dono.  Algumas empresas e profissionais autônomos oferecem esse tipo de serviço.

Bono Blue

é jornalista, um cão farejador de notícias

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