Seja em humanos ou em pets, o câncer é um diagnóstico que ainda levanta muitas dúvidas e, principalmente, medo. Por maiores que sejam os avanços científicos nessa área, ainda existe temor sobre os resultados e as terapias em si. Na medicina veterinária, o tratamento integrativo é uma das opções para prevenir, tratar e amenizar os efeitos colaterais, no caso em que a quimioterapia é necessária. Segundo a médica veterinária Ana Catarina Valle, pós-graduada em homeopatia e acupuntura veterinária e doutoranda em biotecnologia, a combinação de alimentação, homeopatia e acupuntura muitas vezes pode devolver a saúde a animais debilitados pela doença.
A especialista observa que o estilo de vida imposto ao pet é um importante fator associados ao desenvolvimento do câncer:
“Antigamente, levantava-se a questão de que o câncer era exclusivamente de causa genética, mas hoje esse conceito mudou bastante. A epigenética é a questão. Os seus hábitos, o meio em que vive e sua alimentação podem modificar os genes, está aí o problema. Portanto, se você quer prevenir o câncer em seu animal, inicie a modificação dos hábitos alimentares, das medicações que são administradas; procure algo que gere menos efeitos colaterais quando possível, faça companhia para o pet em uma caminhada diária, exercite-se”, recomenda.
Se a doença já está instalada, o conjunto de práticas integrativas pode ser uma alternativa à quimioterapia ou um complemento ao tratamento convencional, diz Ana Catariana. Ela destaca a utilização de uma planta, o Visco album, também conhecido em português como visco, que há mais de 100 anos é utilizada na Europa para o tratamento oncológico com bons resultados na medicina veterinária.
O potencial terapêutico da planta tem sido estudado por cientistas. No ano passado, um artigo da Universidade Paulista publicado na revista Experimental and Therapeutic Medicine fez a revisão de 37 estudos sobre a aplicação da substância na medicina veterinária e constatou que, desses, 32 reportaram efeitos antitumorais. “A qualidade dos estudos foi satisfatória e a maioria reportou resultados positivos”, concluíram os autores.
O schnauzer Sushi, 10 anos, está fazendo tratamento integrativo para câncer, incluindo o uso de Visco album e, segundo a tutora, os resultados são impressionantes. O cãozinho aparentou dor de dente em meados de março este ano e, ao fazer os exames prescritos pelo dentista, constatou-se que ele tinha uma alteração no fígado. “Poucos dias depois, ele já estava entrando em cirurgia e descobrindo um câncer maligno e superagressivo no fígado”, recorda a maquiadora Jacqueline Ponce. A oncologista foi sincera com a família e avisou que a quimioterapia convencional poderia ser muito debilitante. A médica, então, aconselhou que Jacqueline ponderasse sobre o tratamento.
Como ela simpatiza com tratamentos mais naturais há alguns anos, resolveu não submeter Sushi à quimio, optando pelo tratamento integrativo, composto por alimentação natural, suplementação, homeopatia e Visco album. “Esperávamos resultados a longo prazo, mas com dois dias ele já apresentou melhora e desde então está ótimo. Ele ganhou o peso que havia perdido, a alegria de viver, o apetite e a disposição”, comemora. Agora, toda a “matilha” da família — Bucky, schnauzer de 9 anos; Layla, labradora de 11, e Nicole, poodle de 10) é adepta dos tratamentos integrativos. “Você não imagina como estamos felizes.”
Quando a quimioterapia é indispensável, Ana Catarina Valle explica que a medicina integrativa auxilia na melhora geral do paciente e combate os efeitos colaterais. Foi o caso da schnauzer miniatura Ellen, 10 anos. “Descobrimos o que a Ellen tinha linfoma quando houve a perda de apetite. Durante uma semana, fizemos exame de sangue , ultrassom e citologia, quando tivemos o diagnóstico”, relata a militar Érika Las Casas Leão.
Primeiramente, a tutora, querendo poupar a cachorrinha da quimioterapia, decidiu apenas pelo tratamento integrativo. “Minha opção foi dar qualidade de vida e não mantê-la viva a qualquer custo. Acontece que rapidamente a situação se agravou”, conta. Por isso, além da medicina integrativa, a schnauzer começou a quimio com a oncologista e, em 24 horas, os linfonodos já haviam praticamente desaparecido, e Ellen respirava normalmente. Os dias seguintes ao tratamento foram de falta de apetite, vômitos e diarreias. Porém, a medicação convencional e a integrativa (incluindo a alimentação natural) melhoraram o estado de Ellen, que também continua na quimio. “Ela está se alimentando normalmente, nada de vômitos ou diarreias. Para quem não sabe do caso, parece uma cachorrinha absolutamente saudável… Sinceramente, é difícil precisar se a melhora veio só da quimio ou dos dois tratamentos juntos. Talvez a oncologista possa dizer se já era esperado ou se realmente o efeito do tratamento foi potencializado com a conjugação dos dois métodos”, afirma a militar.
Para a aposentada Maria Aparecida Ramos de Castro, não restam dúvidas de que a medicina integrativa salvou a gatinha Dorothy, adotada por ela há quatro anos. Há nove meses, ela apareceu com um tumor na face, que foi tratado com quimioterapia paliativa. “Mas 20 dias atrás, o tumor apresentou grande crescimento, o que acabou obstruindo as fossas nasais da gatinha.
Em consequência, ela não mais conseguia respirar pelo nariz, beber, nem se alimentar”, relata. “Com o coração despedaçado, e na ausência por viagem da nossa veterinária, fui a uma clínica especializada em cuidados intensivos para animais no intuito de dar uma morte digna a Dorothy. Lá, a veterinária que a atendeu também se rendeu aos olhos verdes de Dorothy e me propôs mantê-la alimentada por sonda. Solução imediatamente aceita. Dorothy ficou internada por um dia e voltei para casa imensamente feliz”, relata.
No dia seguinte, Dorothy voltou para casa. “Pesquisando alternativas para a gatinha, encontrei uma revista que relatava a remissão de um mieloma em uma cadela de São Paulo tratada com Viscum Album, ministrada por uma veterinária de Brasília, a Dra. Ana Catrina. Meu coração encheu-se de esperança e implorei por uma vaga. Consegui atendimento emergencial para a Dorothy, que não se entregava e me contava com seu olhar verdejante que queria viver”, relata. Em dias alternados, Dortothy fez as aplicações de homeopatia. O tumor começou a regredir, a secreção nasal com sangue parou e, 14 dias depois, a gatinha voltou a respirar pelo nariz. “No 15° dia, o interesse pela comida reapareceu, e no 17° dia, Dorothy voltou a se alimentar. Fui em busca de cuidados paliativos e hoje sonhamos com remissão. É uma historia de amor, de saberes específicos e muita gratidão”, resume Maria Aparecida.
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