Macho ou fêmea?

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Além do amor e de uma misteriosa afinidade, é preciso levar em consideração alguns fatores antes de comprar ou de adotar um pet. No caso dos cachorros, o sexo pode ser definitivo nessa escolha

14/03/2017. Crédito: Breno Fortes/CB/D.A Press. Brasil. Brasília – DF. Rebeca Schmidt, 28 anos, com os seus cachorros da raça Bull Terrier Vingador (de pelo branco no pescoço) e Marry

Renata Rusky

Na hora de escolher um animal de estimação, é claro que o mais importante é gostar verdadeiramente de bichos e estar disposto a cuidar, a dar atenção e muito carinho a eles. Aliás, muitos casos de adoção são baseados em amor à primeira vista: a pessoa olha o pet nos olhos e já se apaixona. Não se importa com a raça, com o sexo ou com a idade do animal. Mas vale programar melhor a escolha para evitar dores de cabeça no futuro.

No caso de cachorros, ser fêmea ou macho pode fazer diferença. Os dois sexos têm vantagens e desvantagens, portanto, depende muito do estilo de vida da pessoa que for cuidar deles.

Atualmente, a publicitária Rebeca Schmidt, 28, tem um casal de cães da raça bull terrier, o Vingador, de 1 ano e 10 meses, e a Mary, de 1 ano e 4 meses. A jovem sempre gostou de animais e quando menina tinha um canil em casa. A convivência com cachorros e gatos sempre foi intensa. O contato com tantos bichos permitiu que ela definisse uma preferência: gosta mais dos machos. “Em geral, eles são até mais bonitos”, admite.

Na opinião dela, as fêmeas mudam muito de humor. “No período antes do cio, a Mary fica deprimida. Ela fica mais agressiva e bate no Vingador”, relata. O macho tolera, mas, quando Mary passa dos limites, sai machucada. Ele é maior e mais forte. A fêmea também morre de ciúmes se Rebeca dá mais atenção a ele. A última cadela que Rebeca teve, antes de Mary, foi bem recebida por seu cachorro anterior. Depois de quatro meses, no entanto, ela passou a machucá-lo e a dona foi obrigada a doá-la.

Embora cada dono tenha uma opinião própria, a veterinária Fernanda Cioffetti Marques, membro da Comissão de Animais de Companhia e gerente de Marketing da Vetnil, afirma que o modo como o pet é criado é um fator muito mais importante para definir a personalidade dele. “Não existe uma relação comprovada do comportamento com o sexo deles. Um contato próximo com o dono e uma educação que valorize essa proximidade auxiliam bastante no relacionamento do cão com o tutor e com outras pessoas. Ter um pet faz bem, em todos os sentidos. O nosso foco deve estar em como o relacionamento com eles é benéfico para nossa saúde e para o próprio bem-estar deles, mesmo que dê um pouco de trabalho no começo”, afirma.

Já a ambientalista e defensora do direito dos animais Vininha Carvalho, idealizadora do Dia Nacional de Adotar um Animal, acredita que existe, sim, diferença no comportamento da fêmea em relação ao do macho. Mesmo assim, concorda que o animal sente e reage de acordo com os estímulos promovidos pelo ambiente, portanto, se houver respeito e carinho, a reação do animal será recíproca.

Apartamento x casa

Quando Rebeca morava em apartamento, foi complicado ter um macho. Ele fazia xixi em todo lugar. Não havia spray repelente suficiente para evitasse a urina em locais indesejados. Atualmente, ela mora em uma casa. Solto no quintal, Vingador fica à vontade para demarcar todo o território.

Rebeca também já teve uma experiência difícil com fêmea em apartamento. Durou pouco tempo, porque o dono era um amigo. Ele viajou e deixou a cadela aos cuidados da publicitária, mas ela estava em seu ciclo estral, equivalente à menstruação dos humanos. “Era sangue pelo apartamento inteiro, uma confusão”, relembra.

Na comparação entre ter dificuldades em cuidar de um ou de outro, Rebeca reforça a preferência pelos machos. “Eles são muito mais carinhosos”, conta. Segundo ela, também são mais preguiçosos. “Parece muito com mulheres e homens: o cão sabe que tem uma mulher para fazer todo o serviço da casa, aí fica dormindo”, compara na brincadeira.

Em casa com mais espaço, também é mais fácil separar o casal de cachorros quando Mary está no cio, o que seria quase impossível em apartamento. A solução, nesse caso, seria pedir que outra pessoa cuidasse de um dos pets. Quem quer ter casal, mas não tem a possibilidade de separá-los, o melhor é castrar ambos, pois, cruzar e, consequentemente, engravidar em todo cio pode fazer mal à saúde da fêmea.

Há quem prefira fêmeas por terem a intenção de que elas cruzem e procriem. A castração precoce das cadelas, no entanto, segundo Fernanda Cioffetti, é uma maneira de prevenir o câncer de mama. Além disso, a castração deixa ambos sexos menos territorialistas, o que facilita os cuidados. Os machos demarcam espaço ao longo do ano e as fêmeas só durante o cio: uma ou duas vezes por ano. Castrados, eles perdem essa necessidade quase por completo.

Caso opte-se pela procriação, Fernanda alerta para a necessidade da assessoria de um médico veterinário. “Há cuidados específicos para ter com o casal  antes do acasalamento, durante a gestação, no parto, pós-parto e com os recém-nascidos”, explica.

Paloma Oliveto

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