(da Revista do Correio)
Na hora de agasalhar o pet, é importante ficar atento ao tecido escolhido e ao tamanho da peça. Se usadas com bom senso, as roupinhas são perfeitas para o momento
Na semana que passou, o brasiliense experimentou temperaturas na casa de 10ºC. Embora peludos, os pets também penam com o frio. No caso dos cães, uma forma segura de aferir se estão incomodados é verificar as orelhinhas deles — se estiverem geladas, é um mau sinal. As roupas próprias para bichos ajudam, sim, a mantê-los protegidos e livres de doenças, como a gripe canina.
A estudante de administração Thaíssa Bruno, 21 anos, mora em apartamento, mas, mesmo assim, não hesita em vestir Beethoven, da raça shi tzu. “Ele sempre ficava todo encolhido e com o pelo frio. Como a gente prefere deixá-lo tosado, comecei a comprar roupinhas para aquecê-lo.” Thaíssa aproveita o modelo e investe em looks descolados, com tecidos quentinhos e estampas divertidas. Apesar de, inicialmente, a aceitação não ter sido boa, após algumas tentativas, o cão se acostumou. Na hora de dormir, além da roupa, Beethoven se enrola em uma manta.
As estampas são de livre escolha, mas alguns tecidos são contraindicados para cães. Para evitar alergias, é importante procurar peças feitas à base de algodão, flanela, plush, malha e manta acrílica — essas dificilmente causarão reações negativas. Além disso, enfeites como babados e brilhos devem ser evitados para que não irritem o animal ou causem feridas pelo contato constante em determinada região do corpo.
O Zeca é um vira-lata bem bagunceiro. Por ter pelos curtinhos e ser muito magro, a professora de zumba Izabela Vieira, 23 anos, faz de tudo para mantê-lo aquecido. “O problema é que, se tiver uma etiqueta aparente, ele fica louco pra morder, então eu já arranco tudo antes para não correr o risco de ele ficar irritado.” A adaptação do bichinho com a roupa é de extrema importância. Não vale a pena insistir caso o pet não aceite a vestimenta no corpo, pois isso pode gerar um estresse desnecessário. É interessante começar com peças que não sejam muito justas e que não tenhm mangas, como coletes e capas.
Filhotes e idosos são os que mais sofrem com a estação. Os bebês podem adoecer com qualquer mudança brusca de temperatura e o mesmo ocorre com os pets mais velhinhos, cujo sistema imunológico já não responde tão bem. Entre 8 e 9 anos, eles começam a envelhecer, e os cuidados extras devem ser iniciados. Vale lembrar que cães e gatos braquicefálicos (com o focinho achatado), como o pug e o buldogue, tem dificuldade de aquecer o ar que vai para os pulmões, o que os predispõe a problemas respiratórios.
A veterinária Thalita Correa aprova o uso de roupinhas, mas destaca que é indispensável ter atenção para não manter o animal vestido por muito tempo. “As roupas abafam a pele e isso pode causar uma dermatite”, ensina. Outro fator importante é saber escolher bem o tamanho da vestimenta, para que não fique muito apertada ou muito grande e atrapalhe na hora de fazer xixi, por exemplo. É sempre útil ouvir um veterinário antes de ampliar o guarda-roupa do bicho.
A forma como os cães sentem frio é muito semelhante aos humanos em vários aspectos, mas Thalita ressalta que algumas raças são muito mais preparadas para temperaturas baixas devido à pelagem, caso do husky siberiano, do são bernardo e do golden retriever. “Essas raças grandes e peludas não sentem frio com tanta facilidade, então talvez não haja necessidade de vesti-los.” Cães que estão acima do peso também não necessitam de cobertura extra. Aliás, eles estão sujeitos a quadros de hipertermia — quando a temperatura do corpo aumenta além do normal.
Muitas vezes, a preocupação é com o passeio noturno. Frida, cachorrinha da raça spaniel japonês da estudante de direito Carla Teixeira, 20 anos, faz pelo menos dois passeios ao dia, sendo um deles à noite, quando a temperatura tende a cair. “Mesmo ela sendo bem peludinha, na hora dos passeios, eu tento colocar a roupinha.” A estudante confessa que aproveita a oportunidade para deixar a pet ainda mais fofa.
Sair de um local bem aquecido e ir para outro muito frio é perigoso. Caso o cão fique dentro de casa, mas saia para fazer suas necessidades no quintal, por exemplo, é importante que o proprietário fique atento ao choque térmico. Além disso, no inverno, os animais ficam mais sensíveis às viroses, como a traqueobronquite. É uma doença muito parecida com a gripe humana, com espirros, febre e falta de apetite. Caso não seja tratada, pode evoluir para quadros mais graves, como a pneumonia. Como a doença pode ser transmitida pelo contato, a melhor forma de prevenção é a vacinação contra a gripe canina, que é reforçada anualmente.
Para diminuir a chance de doenças do frio, evite tosar a mascote e diminua a frequência de banhos. Quando o banho tiver que ser dado, eles devem ser sempre com água morna e os cães, muito bem secados. As roupinhas são ótimas para ajudar, mas caso o cão as recuse, é importante reforçar o aquecimento do ambiente. Não permita que o cão durma diretamente no chão. Agora, se ele for criado em espaços abertos, o melhor é manter a caminha acessível, mas em um lugar que não seja tão exposto, e deixar uma manta ou uma toalha à disposição.
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