da Revista do Correio
Seu cachorro come cocô? Esse comportamento se chama coprofagia e deve ser observado com atenção pelos donos.
Ilustração: Gomez
O veterinário cita ainda a presença de agentes causadores de zoonoses, doenças transmitidas para os seres humanos no contato com animais. Exemplo é o protozoário giárdia, que prejudica as funções do intestino. O sintoma mais comum é a diarreia. Agora, se o pet comer os próprios excrementos, não há grandes riscos, desde que ele esteja com as vacinas em dia.
Mais importante é observar se o estranho hábito é consequência de outros problemas, de ordem física ou comportamental. “Deve-se tentar entender o motivo, fazer uma análise do ambiente e uma avaliação clínica. Enfim, verificar se tem alguma patologia envolvida”, afirma o veterinário Otaviano Oliveira.
O cachorro de Jaciane Dutra, 30 anos, apresentou coprofagia. A técnica de engenharia clínica acredita que o problema ocorreu por causa de estresse e necessidade de chamar atenção. Ela conta que Fidel, um cão de pequeno porte e sem raça definida, costumava ter a companhia da mãe dele, mas ficou apenas com a irmã depois de Jaciane se mudar de Goiás para Brasília. E a irmã de Fidel, que era menor e mais dócil, tinha maior proximidade com os donos. “Foi difícil para ele. No começo da mudança, ele ficava com a cara toda suja de cocô. E ainda sujava a casa”, descreve Jaciane. A solução foi simples. “Nós ficamos mais presentes: começamos a sair mais com ele, a dar mais carinho.”
O veterinário Roberto Prista destaca que os motivos são variados e podem estar interligados. “Pode ser má digestão, estresse, necessidade de atenção ou simples curiosidade”, cita. Ele explica que as mascotes, eventualmente, ingerem fezes como uma forma de obter determinados nutrientes. Possíveis causas: deficiência na produção de enzimas digestivas, verminoses, consumo de ração de baixa qualidade e acesso a comida poucas vezes ao dia.
Segundo o especialista, o animal que faz poucas refeições chega com muita ansiedade à ração, alimenta-se com rapidez e, por isso, não consegue digerir bem. “Estudos mostraram que é melhor os cães se alimentarem mais vezes ao dia. Eu indico pelo menos três refeições diárias.” Prista também recomenda rações do tipo superpremium, com maior teor de nutrientes.
Outra causa apontada pelo veterinário é o medo de ser repreendido ao defecar no lugar errado. O cachorro come as fezes para escondê-las ou na tentativa de levá-las para outro local. “Ao ensinar, o ideal é agir com voz de comando, mudar o tom da voz, ser sério e usar palavras curtas, como ‘senta’. O proprietário não deve agir com violência, como esfregar o focinho”, aconselha. Nesses casos, uma opção é usar produtos específicos, capazes de estimular o cachorro a fazer suas necessidades no local apropriado.
Cadelas com filhotes frequentemente apresentam coprofagia. Roberto Prista diz que essa é uma herança ancestral, dos lobos. “É uma forma de higienização. Elas ingerem as fezes e a urina dos filhotes para os predadores não sentirem o cheiro.” O veterinário Otaviano Oliveira aponta que o comportamento também pode ocorrer nos filhotes. “Na fase inicial da vida, é uma forma de brincadeira, de curiosidade”, tranquiliza. As fezes de outros animais, como gatos, também despertam a atenção dos cães.
Antes de procurar ajuda profissional, vale a pena o dono rever a higiene da casa. A coprofagia pode ser uma forma de limpar o ambiente, se ele estiver muito sujo ou se o “banheiro” estiver próximo da comida. “Cachorro não gosta de ter fezes e urina no local onde come e dorme”, afirma Otaviano Oliveira. O veterinário reforça o peso do aspecto comportamental. “O pet se esfrega nas fezes para chamar atenção, para que outros cães o cheirem”, descreve.
Diante de tantas causas, nem sempre é fácil obter um diagnóstico exato. “Às vezes o dono não tem sensibilidade para saber qual é o motivo real e fica difícil identificar o foco”, comenta Roberto Prista. No entanto, o tratamento costuma ser simples. O mais comum é o uso de um medicamento que age no sistema digestivo e modifica o sabor das fezes, tornando-as desagradáveis para os cães. Mas, dependendo do caso, pode ser preciso a ajuda de um adestrador e o aumento da prática de exercícios físicos, entre outros estímulos.
A coprofagia é mais observada em raças pequenas, como shih-tzu, yorkshire e lhasa-apso. Gatos também podem apresentar o problema. Em roedores, como hamsters e chinchilas, o comportamento é normal e importante para o correta digestão dos alimentos.
Possíveis causas:
Necessidade de atenção;
Estresse;
Simples curiosidade;
Deficiências na produção de enzimas digestivas;
Verminoses;
Consumo de ração de baixa qualidade;
Realização de poucas refeições ao dia.
Para mudar o comportamento:
Uso de medicamento para alterar o sabor das fezes;
Acompanhamento de um adestrador;
Aumentar a distância entre o local de refeições e o “banheiro”;
Durante os passeios, não deixar o cachorro ter contato com fezes
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