Eles precisam de um lar temporário

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por  PALOMA SUERTEGARAY, da Editoria de Cidades

Filhos de um casal de cães-guias, seis filhotes de labrador esperam, no quartel dos bombeiros, por famílias que aceitem hospedá-los até que estejam aptos a serem treinados para seguir a “profissão” dos pais

Lúcia Campos com o único filhote que nasceu com o pelo dourado no colo:

votação para escolher o nome.

foto Breno Fortes/CB/DA Press

Dez pares de olhos brincalhões mais 10 rabos balançando com alegria. Se existe uma fórmula para o amor à primeira vista, é essa. Uma ninhada de labradores, integrantes do Projeto Cão-Guia de Cegos do Distrito Federal, está à espera de famílias que queiram hospedá-los até que tenham idade suficiente para começar o treinamento: 1 ano. A iniciativa é executada pela Associação Brasiliense de Ações Comunitárias, que cuida de um canil localizado no Centro de Capacitação Física do Corpo de Bombeiros, no Setor Policial Sul. É difícil resistir a tanta fofura. No entanto, dos 10 carinhosos filhotes, seis ainda não conseguiram um lar. Interessados em adotar um deles temporariamente devem ter mais de 18 anos, morar em casa e arcar com os gastos do animal, entre outros requisitos. Em troca, recebem o afeto ilimitado do cão, além do bônus de estar fazendo uma boa ação. Os cachorrinhos são filhos de Ônix e Umbro, também cães-guia do projeto. São cinco fêmeas e cinco machos, com 4 meses de vida. A maioria é de cor preta e chocolate, salvo um, de pêlo dourado. Separados em vários canis no quartel de bombeiros, fazem festa para quem passar pela frente, ansiosos por um afago. Quando soltos, fica difícil segurar tanta energia: eles querem correr, pular, brincar e cheirar tudo o que encontram. “Os filhotes ainda não foram batizados, porque preferimos que a família hospedeira decida como chamá-los. Apenas o nome do dourado está sendo escolhido, via internet (veja serviço)”, conta a coordenadora do Projeto Cão-Guia de Cegos, Lúcia Campos. As opções são Calvin, Cheddar e Sinus. Entre 3 meses e 1 ano de idade, os cachorrinhos ficam com famílias hospedeiras, processo muito importante para socializar os filhotes. “As pessoas que recebem os filhotes têm a missão de apresentá-los ao mundo, ensiná-los a conviver em casa e levá-los para conhecer o maior número possível de ambientes, desde parques até meios de transporte público. É essencial para que se acostumem a como será a vida deles como cão-guia”, explica Lúcia. Segundo a Lei Nº 11.126, de 27 de junho de 2005, durante a socialização, o filhote tem os mesmos direitos garantidos a um cão-guia adulto. Um dos treinadores da iniciativa, o sargento Paulo Patrício Alencar, destaca a importância dessa etapa para o preparo do cachorro. “Se a família fizer um bom trabalho, ajuda muito nosso trabalho de treinamento, porque o animal é muito mais receptivo”, esclarece. Para participar do processo de seleção, a pessoa deve residir no DF, ter idade igual ou superior a 18 anos, morar em casa e ter disponibilidade de tempo para sair com o cão para atividades externas. “É importante também que toda a família esteja de acordo com a hospedagem do animal. A afinidade entre os humanos e o cão é essencial”, complementa a psicólogo do Projeto Cão-Guia Fernanda Baptista Alves. Para escolher quem está apto a receber um dos filhotes, é realizado um questionário, visita à residência e entrevista. “Além de verificar que nada na casa constitua um risco para o cachorro, como cercas pouco protetivas ou fios elétricos expostos, estudamos os hábitos dos hospedeiros para analisar se estão aptos para a tarefa”, descreve Fernanda. O grande desafio na seleção é evitar que os filhotes sejam enviados para áreas de risco de leishmaniose no DF, apontadas pela Zoonoses. Por essa razão, nos últimos anos, foram adotadas algumas medidas preventivas para evitar o contágio da doença com os filhotes. São priorizadas famílias hospedeiras das regiões da parte sul do DF, como Cruzeiro, Asa Sul, Taguatinga, Guará, Vicente Pires, Park Way, Ceilândia e Samambaia.

Hora do adeus

Outra das preocupações dos integrantes do Projeto Cão-Guia é que as famílias hospedeiras saibam lidar bem com a hora de se separar do cachorro. “Na hora da entrevista, já conversamos com as pessoas a respeito disso. Geralmente, quem procura participar da iniciativa está preparado para o momento, mas sempre é um pouco difícil”, diz Fernanda. Maria do Carmo Baptista, 58 anos, tia da psicóloga, é uma das escolhidas para receber um dos filhotes da última ninhada. É a primeira vez que vai passar pela experiência. “Não vai ser fácil dar adeus, mas saber que a gente está fazendo parte de uma coisa tão boa compensa. Além disso, a gente nunca perde todo o contato com o cãozinho depois que ele vai embora”, diz a aposentada.

Cães sob medida

Os labradores são uma das melhores raça para cães-guia. “Além de serem muito inteligentes, são fáceis de manter. O pelo deles, por exemplo, não precisa de cuidados muito complexos”, explica a coordenadora do Projeto Cão-Guia de Cegos DF, Lúcia Campos. Outra vantagem é que, mesmo muito amorosos, os labradores lidam bem com a separação de pessoas com quem convivem. “Isso é muito importante porque, desde a fase de filhote, o cão-guia mora um pouco com a família hospedeira, depois fica com o treinador, e só depois vai fazer companhia ao deficiente visual. Outras raças sofreriam com isso”, complementa Lúcia. Cerca de 40 cachorros fazem parte do projeto, contando os filhotes. Alguns estão na etapa de treinamento — que ocorre na mesma sede da iniciativa — e outros, já aposentados, podem descansar no canil. Serviço:

Para doar Quem tiver interesse, pode contribuir com o Projeto Cão-Guia de Brasília doando qualquer valor, por depósito ou transferência bancária, na seguinte conta: Associação Amigos do Cão-Guia – AACG Banco do Brasil /Agência 3604-8 / Conta corrente 11.882-6 CNPJ 18.080.324/0001-24

Para ser hospedeiro Entre em contato com os integrantes do projeto pelo telefone (61) 9309-0100 ou pelos email: caoguiadf@gmail.com e caoguia.voluntariafo@gmail.com

Para votar no nome do filhote dourado

caoguia.typeform.com/to/hKrA8s

Assista o vídeo:

Bono Blue

é jornalista, um cão farejador de notícias

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