Se já é difícil promover a adoção de pets saudáveis, imagine um cão ou gato com deficiência. Ciente dessa realidade, um grupo de defensores de animais lançou em São Paulo uma campanha chamada #AdoteUmPetComDeficiencia, que promove eventos de adoção e outras ações para sensibilizar as pessoas para que acolham também os animais com deficiência. Conversamos com a idealizadora da campanha, Lívia Clozel. Segundo ela, trazer a campanha também para Brasília só depende de parceria.
De quem foi a iniciativa de fazer uma campanha para adoção de pets com deficiência?
A campanha #AdoteUmPetComDeficiencia (
https://web.facebook.com/adoteumpetcomdeficiencia/)foi idealizada por mim, junto com os defensores de animais Luiz Scalea e Giuliana Stafanini, do Proteção Animal. O objetivo é criar um evento especialmente para pets com deficiência e especiais, gerando a oportunidade única de unir outras ONGs e protetores e promover a adoção de seus pets, uma vez que eles tem o menor chance de obterem um lar. Todos os pets para adoção devem ser cadastrados, vacinados e vermifugados. Após isso, entram para a seleção dos que vão participar de cada evento. O objetivo é quebrar preconceitos, conscientizar e promover a adoção consciente, gerando conhecimento sobre o assunto e criando um elo entre as pessoas que desejam ter um companheiro de quatro patas e que estão esperando por uma família.
É muito difícil adotarem pets com deficiência?
Neste caso, o índice de adoção é minimo. A maioria dos pets com deficiência participam de inúmeros eventos e acabam não sendo adotados. Dessa forma, acabam passando toda a vida, até a morte, no abrigo. Em um evento de adoção convencional, 90% dos filhotes são adotados. Essa realidade é inversa para os deficientes e os especiais: mais de 90% não são adotados. São considerados pets com deficiência todos aqueles que apresentam problemas motores, mentais, renais, amputados, paraplégicos, cegos, que tomam medicações constantes, necessitam de tratamento periódico etc. Chamamos de pets especiais os de cor preta, os que têm mais de 6 meses e os idosos, grupos que têm menor índice de adoção. A campanha prova que um pet com deficiência tem uma vida normal: muitos deles não precisam sequer de acompanhamento médico por conta da deficiência, e todos são grandes companhias! Sem contar que, na verdade, o preconceito é que é uma deficiência e impede a adoção absoluta de qualquer tipo de animal!
Há estimativas sobre pets deficientes no Brasil?
Não existem dados oficiais, entretanto, sabemos que a maioria (90%) acabam vivendo a vida toda em abrigos. A maioria de adotantes querem filhotes bonitos. Em um evento misto com filhotes e cães deficientes, a maioria dos filhotes é adotada, enquanto a maioria dos deficientes volta para o abrigo. Então, o objetivo da campanha é criar um evento especial somente para deficientes e especiais. Desta forma, quem vai até lá vai consciente! Seja para adotar, seja para conhecer o projeto.
Na sua opinião, por que é tão difícil que sejam adotados?
Não faz parte da cultura do brasileiro adotá-los. O comum é pegar os mais bonitinhos, olhos azuis, branquinhos etc. Existe também muita falta de informação. Não são todos os animais deficientes que precisam de medicação e tratamentos periódicos. Isso é um mito! Entretanto, existem alguns que precisam sim.
Que tipo de campanha costuma surtir efeito?
Nós fazemos o evento de adoção mensal, além de assessoria de imprensa e promoção em redes sociais, para divulgar os eventos de adoção e a campanha.
Pensam em expandir esse trabalho para além de São Paulo?
Sim, nos dependemos de patrocínio e parceiros, também de voluntários para ir para outros estados. Mesmo em São Paulo precisamos desse apoio.
O PRÓXIMO EVENTO EM SÃO PAULO
A Campanha #AdoteUmPetComDeficiencia acontece no primeiro domingo de agosto, na sede Andare S.A, localizada na Rua Fradique Coutinho, 380, em Pinheiros, São Paulo – SP, das 9h às 17h.