Nesses tempos de calor e muita chuva, aumenta o risco de surtos de leishmaniose. Isso acontece porque o mosquito-palha, principal transmissor do protozoário, tende a se multiplicar em ambientes úmidos e com temperaturas mais altas. Para evitar a infecção de animais e humanos é preciso tomar alguns cuidados.
A médica veterinária Mirela Tinucci Costa, do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP) e professora da Universidade Estadual Paulista (UNESP), lembra da importância da prevenção. “O uso regular de coleiras e inseticidas específicos aplicados no dorso do animal auxilia na prevenção. Se residir em área endêmica, o cão deve ser recolhido ao entardecer, pois é quando há maior atividade do inseto vetor”, esclarece.
Rodrigo Mainardi, médico veterinário e presidente da Comissão de Clínicos de Pequenos Animais do CRMV-SP alerta ainda que é a leishmaniose visceral canina não tem cura, há apenas o controle dos sinais clínicos e a diminuição do parasita infectante na circulação do organismo.
Nos animais, os sintomas da leishmaniose se apresentam na queda de pelos, descamação cutânea e presença de ulcerações localizadas ou difusas, além de letargia e emagrecimento.
“Como se trata de uma doença crônica, o primeiro sinal pode ser o emagrecimento. Com o tempo. podem surgir sinais adicionais. Todavia, o animal pode ser doente e não apresentar nenhuma manifestação. Sendo assim, o tutor deve periodicamente levar o animal ao médico veterinário para completa investigação”, explica Mirela Tinucci Costa.
Para prevenir a doença, existem coleiras com substâncias repelentes. A deltametrina é o elemento químico recomendado pela Organização Mundial da Saúde para impedir o contato dos animais com o mosquito transmissor. Rodrigo Mainardi também recomenda que os moradores façam sempre a limpeza dos quintais e jardins, evitando o acúmulo de materiais orgânicos, para eliminar os criadouros do mosquito-palha.
Revestir janelas e portas de canis ou viveiros com redes e telas é outra medida preventiva com boa efetividade. Como o inseto se alimenta no período noturno, em regiões quentes e com incidência de leishmaniose é recomendável manter os animais abrigados após o fim de tarde.
Embora não tenha cura, a leishmaniose não é mais sinônimo de morte para os animais infectados. Em 2017, os ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e da Saúde aprovaram a venda do primeiro medicamento para tratamento da doença. A droga promove uma grande diminuição na carga parasitária presente no sangue do animal, reduzindo o desenvolvimento das enfermidades características. O tratamento, entretanto, requer monitoramento periódico de um médico veterinário e deverá ser administrado até o fim da vida do animal.
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