(Por Mariana Rosa, Especial para o Correio)
(Fotos Luís Tajes)
O problema na hora de viajar é sempre o mesmo: com quem deixar o animal de estimação? Um parente? O vizinho? O amigo? O nem tão amigo assim, mas que gosta de cachorro… A decisão é difícil para quem pede e para quem aceita receber o bichinho. Focadas nessa situação, crescem no Brasil startups dispostas a solucionarem o impasse.
Páginas eletrônicas foram criadas para unir pessoas que recebem animais em casa e cuidam deles enquanto os donos estão ausentes. Algo como uma hospedagem domiciliar. Uma espécie de Airbnb (site oferece hospedagens em casas particulares), mas para animais. Na plataforma brasileira, o interessado escolhe o anfitrião que atende suas necessidades, entra em contato com ele, agenda os dias, os horários e fecha a reserva.
O valor da diária varia de R$ 25 a R$ 100, dependendo dos serviços oferecidos. Pagamento é feito on-line e é intermediado pelos sites de hospedagem.
Foi em 2012 que o paulista Sérgio Hernandes, 37 anos, lançou o site Pet Hub. Incomodado com a situação de não ter com quem deixar o cachorro durante uma viagem, o empresário arregaçou as mangas e saiu em uma tarde de sol perguntando aos frequentadores do Parque Ibirapuera, em São Paulo, se eles passavam pelo mesmo problema. “Todos viviam a mesma situação e 80% dos entrevistados aceitariam pagar para deixar o animal em um lugar realmente confortável.” Assim, o programador começou a desenvolver o site, que hoje possui mais de 20 mil anfitriões cadastrados e ultrapassa 200 mil noites registradas.
A escolha de uma casa para deixar o bichano vai além da questão financeira. A carioca Monique Corrêa, 34 anos, fundadora e CEO da Pet Roomie, presente em 20 estados brasileiros, conta que o momento da reserva exige atenção. “O local deve atender o pet em primeiro lugar. Por exemplo, se o bicho fica sempre acompanhado, precisa de um cuidador em tempo integral. Se é um gato, talvez seja mais interessante cuidar dele em casa. Pensando por esse lado, conseguimos conquistar 100% de satisfação nas avaliações de anfitriões”, conta. Entre os diferenciais, a Pet Rommie oferece um filtro específico para cuidadores de gatos. A própria Monique tem uma gata persa de 10 anos e é adepta a campanhas que promovem a adoção de animais.
Amor é a palavra que inspira os anfitriões. Eles cuidam dos animais porque gostam e ainda encaram a prática como uma atividade financeira (as empresas descontam, em média, 15% do valor da hospedagem). Para candidatar-se ao cargo, o interessado elabora um perfil em que conta sua experiência com os animais e o carinho que tem por eles. Adicionam fotos dos cachorros que têm, do ambiente em que vivem e informam se moram em casa ou em apartamento. A partir desses dados, o tutor do cachorro entra em contato com o anfitrião que mais lhe agrada e combina os detalhes da hospedagem.
Eduardo Baer, 31 anos, e Fernando Gadotti, 30 anos, gerenciam a Dog Hero e tranquilizam os donos dos animais. “Para garantir a segurança do serviço, o anfitrião envia, diariamente, fotos e vídeos para os responsáveis e oferecemos uma garantia de R$ 5 mil para emergências veterinárias”, pontua Eduardo.
Além disso, o candidato passar por um criterioso processo seletivo, que inclui entrevistas por telefone, análise da casa por meio de fotos e até o levantamento de antecedentes criminais. “A ideia é fazer com que o anfitrião ofereça a hospedagem porque gosta da companhia de um animal. O serviço é focado em pessoas que amam cachorros e fazem de tudo para garantir o bem-estar deles”, completa Fernando Gadotti, da Dog Hero.
Motivada pela experiência própria de precisar viajar e não ter com quem deixar os animais de estimação, Ana Paula Rodrigues de Souza, 23 anos, candidatou-se a anfitriã há seis meses. No apartamento da Asa Sul, a estudante de psicologia recebeu oito animais — alguns por mais de uma vez —, e coleciona cinco estrelas em todas as avaliações. “Achei a proposta interessante por ser menos traumática para os animais. Além disso, é uma realização poder ajudar quem passa pela mesma dificuldade que eu passei. Como tenho dois cachorros vira-latas, cuidar de um a mais não faz diferença”, conta.
Pepe é o shih tzu da oficial do Exército Thaís Madureira, 38 anos. Uma experiência traumática fez com que ela nunca mais deixasse o pet em um hotel. “Viajei por 30 dias e, quando voltei, o Pepe estava com a córnea perfurada. Gastei mais de R$ 5 mil para ele não ficar cego e o canil disse que não poderia fazer nada”, desabafa. Por meio do aplicativo para celular, a militar fez a primeira reserva. Satisfeita, está prestes a fechar outra hospedagem, desta vez para as férias do fim de ano, por 40 dias. “Ele terá o mesmo tratamento que teria se ficasse comigo. Ficará mais barato do que deixar no hotel, não vou precisar incomodar ninguém e receberei fotos diárias dele para matar a saudade”, completa.
Saiba Mais:
* Pet Sitter é um serviço em que o cuidador vai até a casa onde o animal vive e cuida dele lá. O serviço também é oferecido por alguns anfitriões, além de passeios, treinamento, day care e transporte, desde que previamente combinado.
* Caso o cão seja antissocial, agressivo ou possua necessidades especiais, é possível encontrar um cuidador especialista nessas áreas. Se for necessário, um orçamento personalizado pode ser elaborado para atender tais demandas.
* Mediante agendamento, é possível visitar a casa do cuidador antes de deixar o animal no local. É aconselhável levar a coleira, algum medicamento necessário, a caminha e a ração suficiente para todo o período que ele ficará hospedado. O cuidado evita a troca de alimento.
* Não é recomendado levar brinquedos perfumados. Os cães costumam ser ciumentos em relação e podem não gostar que outros animais se aproximem dos objetos preferidos.
Serviço:
* DogHero (https://www.doghero.com.br/) e PetHub (https://pethub.com.br/) possuem aplicativos para IOS e Android.
* A PetRoomie (http://www.petroomie.com.br/) está com os aplicativos em fase de teste.
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