Bazar Solidário: Adoção com dose extra de amor

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Bazar solidário: Com a morte da protetora Suzane Faria, há dois anos, quatro gatinhos dividem o dia a dia num hotel à espera de uma nova família. Dificuldade de encontrar adotantes angustia o grupo Salvando Vidas, que vai promover bazar especial para custear despesas com os animais

(por Kátia Marsicano, especial para o Blog Mais Bichos)

Dizem que os olhos são a janela da alma. Mas, quando os olhos são felinos, certamente, a janela conduz a um universo muito mais profundo e transparente. Esta é a certeza que se tem quando nos deixamos hipnotizar pelo olhar de Tati, Lia, Daniel e Manoel. Há dois anos, pode-se dizer que eles só têm uns aos outros. Amanhecem e anoitecem juntos, procurando entre si o conforto que supra a ausência de quem mais os amava.

A psicóloga e protetora Suzane Faria os tirou da rua, cuidou, alimentou e fez tudo o que podia por eles – e por tantos outros – até ser vencida por um AVC que deixou, entre tantas consequências, a presença insubstituível na vida dos animais que dependiam dela.

Os quatro gatinhos que esperam há tanto tempo pela adoção passam longe do padrão utilitarista da grande maioria das pessoas que querem adotar. Não são filhotes fofinhos e brincalhões, não têm raça, não dão status e muito menos requerem cuidados especiais em pets de classe média. Pelo contrário. Precisam de doses extras de amor. São lindos e serenos adultos, que carregam em suas histórias as marcas do sofrimento que enfrentaram nas ruas e agora a dor de não ter uma família.

Desde que Suzane morreu, em março de 2014, estão hospedados em um  hotelzinho, na região do Jardim Botânico. Hoje, a proprietária Beta Jabor é a pessoa que mais conhece a personalidade de cada um. “São comportamentos bem diferentes”, conta ela. “A Tati é muito carente, ao contrário do Manoel, do Daniel e da Lia, que são mais reservados e preferem observar a gente à distância”. O resultado é a convivência solitária que, apesar de todos os esforços, tem se prolongado muito. O que deveria ser temporário aos poucos parece se consolidar, determinando o destino dos quatro a uma vida sem lar.

Tati, por exemplo, uma escaminha totalmente sociável e meiga, tem cistite idiopática, uma doença normalmente causada por situações de estresse e que levam o bichinho a sentir dor na hora de urinar. Lia, a frajolinha recatada, não é menos sensível. Chegou a ser adotada por uma família mas a adoção não se consolidou e ela foi devolvida ao hotelzinho. O resultado foi perda de peso e uma severa falta de apetite que se estenderam por vários meses até ela se recuperar.

Manoel (pretinho) e Daniel (tigrado) são tranquilos, mas precisam de tempo. Do tempo felino. Porque, como diria Arthur da Távola, em sua Ode ao gato, eles não se relacionam com a aparência – vêem além, por dentro e pelo avesso. Relacionam-se com a essência.  Os dois requerem dedicação e muito afeto sincero até serem conquistados e adquirirem a confiança em um novo ambiente e com pessoas diferentes.

Cris

Doçura – Além dos quatro gatinhos que vivem no hotel, outra que também está à espera de uma oportunidade de ser adotada é a Cris. Diagnosticada com Felv, o vírus da leucemia felina, encontrou acolhimento em um lar temporário especial. Dócil e meiga, não desenvolveu a doença e está totalmente saudável e pronta para viver em uma família definitiva.

Angústia – Para Maria José Veloso -, ou Zezé, como é mais conhecida -, e Claudia Helena Guimarães, as companheiras de Suzane na proteção animal, fundadoras do grupo Salvando Vidas Protetores Independentes, o sofrimento e a angústia são constantes, principalmente pela impotência na luta pela busca de adotantes para os gatinhos. Encontrar pessoas dispostas a assumir a responsabilidade e abrir um espaço no coração e na vida para os bichinhos é como um sonho que se renova diariamente, apesar dos momentos de desânimo.

“Às vezes, me sinto devendo à minha amiga”, diz Zezé, que tem dedicado toda a renda da sua atividade de pet sitter e parte do salário para pagar a hospedagem e as despesas com ração, areia, medicamentos, vacinas, exames e consultas veterinárias. São mais de R$ 1.800,00 mil por mês, que, infelizmente, são dispendidos sem a colaboração das doações que durante muito tempo eram feitas para ajudar os animais. Regularmente, o grupo recebe apenas R$135,00. “O Salvando Vidas, por conta de toda essa situação está com suas atividades bastante limitadas, mas estamos sempre orientando as pessoas que nos procuram, encaminhando animais para castração, enfim, é o que podemos fazer neste momento”, afirma Cláudia. “Os bazares continuam sendo realizados para arrecadação de recursos, por isso todo apoio é muito bem-vindo”. Para quem não puder se candidatar a adotar um dos gatinhos, qualquer forma de ajudar está valendo: desde contribuições financeiras a doações de ração e areia. Além das despesas com os gatinhos, ainda está pendente o pagamento de dívidas em clínicas parceiras que atendiam os animais.

Para o ano novo que se aproxima, momento em que todos desejam o que há de melhor e renovam as esperanças, Cláudia e Zezé esperam apenas uma coisa: uma vida feliz para Tati, Lia, Manoel,  Daniel e Cris. Se Deus quiser…

Serviço:

Bazar e Tarde de Tortas – Dia 3 de dezembro, das 9h às 17h, no salão de festas do Bloco H, da 215 Norte

Para conhecer Tati, Lia, Manoel, Daniel e Cris, contribuir financeiramente ou doar ração e areia.

SVPIsvpibsb@gmail.com

Cláudia –   cadi.hmg@hotmail.com

Zezé–  veloso43@hotmail.com

Kátia –  katiamarsicano@gmail.com

Bono Blue

é jornalista, um cão farejador de notícias

Publicado por
Bono Blue
Tags: #blogmaisbichos #correiobraziliense #feirasdeanimais adoção animais bichos cães feiras gatos maus tratos pets

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