Preste atenção aos sintomas: o pet se nega a andar por longas distâncias, tem dificuldades para subir ou descer escadas, passa a brincar menos e apresenta rigidez muscular. Esses podem ser sinais de que o cão ou o gato sofrem de uma doença muito associada a humanos, mas que também afeta os animais: a artrite.
De causa desconhecida, a artrite é considerada uma doença autoimune: o organismo começa a produzir uma resposta imunológica excessiva, como se estivesse combatendo vírus e bactérias, o que provoca inflamações crônicas. O problema pode surgir em várias articulações, mas é mais comum no quadril, nas patas e nos ombros. Segundo a veterinária Vanessa Couto de Magalhães Ferraz, especializada em ortopedia, muitas vezes, o diagnóstico é tardio. “Dificilmente, o cão ou o gato é trazido para o ortopedista logo de imediato, e, sim, apenas quando já está mancando”, conta. “Porém, a ida regular ao clínico pode trazer o diagnóstico da artrite ou poliartrite. Ás vezes, o animal fica mais apático, quieto, e os donos acham que é apenas uma mudança de comportamento, mas pode ser dor, e. quanto mais cedo ele é levado, melhor será o tratamento”, observa.
A veterinária diz que, embora mais frequente em cães, a doença também pode atingir gatos. A grande dificuldade para diagnosticar os felinos é que eles já têm um comportamento mais reservado, e não são agitados como os cachorros. Por isso mesmo, é necessário ir ao consultório com frequência, pois o tutor pode ter dificuldade para identificar alterações visíveis na saúde do animal. Embora não exista cura para a doença, o diagnóstico precoce e correto garante a qualidade de vida. Entre os tratamentos disponíveis, estão fisioterapia, acupuntura e medicamentos.
Quanto às raças, as de porte pequeno e médio porte são as mais acometidas pela doença, que se manifesta, geralmente, dos 4 aos 7 anos. “Nas raças maiores, é um pouco mais comum o desenvolvimento de displasia coxofemoral, que ocorre pela diferença da massa muscular e o crescimento dos ossos e pode até ser confundida com a artrite. Por isso, é bom ter mais de uma opinião na definição do diagnóstico e do tratamento”, ensina Vanessa Couto de Magalhães Ferraz. A médica veterinária fará uma palestra sobre o tema na Pet South America, um dos maiores eventos do setor na América Latina, que acontece entre 15 e 17 de agosto, em São Paulo.
Próteses
A área da ortopedia veterinária está em plena expansão, com novidades tecnológicas da medicina humana sendo também sendo utilizada para benefício dos animais. Um exemplo é a impressão 3D, que permite se obter cópias perfeitas de ossos e órgãos, para auxiliar os médicos a traçar o melhor tratamento. “Essa possibilidade de vermos a fratura de uma maneira mais próxima da realidade é ideal para planejarmos a melhor abordagem e testá-la neste objeto, especialmente em casos mais delicados e cirurgias de risco”, explica Cassio Ricardo Auada Ferrigno, professor do curso de veterinária da Universidade de São Paulo (USP).
O especialista em ortopedia animal explica que a prática tem sido muito explorada e está ganhando cada vez mais espaço desde que chegou ao Brasil, há quatro anos, com um aumento de até 40% de participação nos tratamentos. Na maioria dos casos, leva-se menos de 24 horas para imprimir os modelos.
De acordo com Ferrigno, outra tecnologia que está revolucionando o setor são os implantes anatomicamente adaptáveis que, diferentemente dos já existentes, podem ser usados em partes específicas do osso, se adaptando à anatomia do animal tratado. “Antes, quando tínhamos uma fratura, como, por exemplo, no ombro, só encontrávamos modelos de implantes completos que acabariam por substituir todo o osso. Com os avanços em pesquisa e tecnologia que estamos realizando, será possível fazer implantes apenas do local fraturado, o que é, realmente, um grande passo”, comemora. Esse tipo de procedimento ainda está em teste, mas o objetivo é que, em breve, esteja disponível.
Essas novidades também serão apresentadas na Pet South America.
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