Um exemplo de fidelidade

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Esse casal viajou 82km a pé para não abandonar os cães Milady e Paçoca

Carlos e Renata, com Milady (no carrinho) e Paçoca.  Crédito: Arquivo pessoal

Quem nunca ouviu a desculpa de que: “Vou me mudar e não tenho como levar meus cachorros”? Usando esse argumento, muita gente abandona cães e gatos, mesmo sabendo do sofrimento que estão impondo aos bichinhos.

Pois um casal de São José do Rio Preto (SP) deu uma verdeira lição de amor e companheirismo ao percorrer a pé 82km que separam o município da cidade de Votuporanga, onde estão morando atualmente. Foram seis dias de viagem, com paradas pelo caminho, apenas para poder levar com eles Paçoca e Milady, cãezinhos que tratam como filhos.

Paçoca: “Um filho”

Renata Barbato, 27 anos, contou ao blog que ela e o marido, Carlos, trabalhavam na cozinha de uma churrascaria de Rio Preto, onde alugavam uma casa. Porém, com a crise econômica, foram dispensados. Natural de Votuporanga, ela decidiu voltar para a cidade natal, com a família completa.

Paçoca e Milady entraram na vida do casal por acaso. “Um dia, em um fim de semana, eu estava em frente de casa e vi os dois com um morador de rua. Eles estavam com sede, com a linguinha de fora, e ofereci para dar água. Aí me encantei e pedi os cachorros pra ele. Ele me deu e perguntou se podia visitá-los, mas nunca voltou” conta.

A paixão de Renata pelos cãezinhos foi instantânea. “Eles foram criados dentro de casa, fui me apaixonando, dando regalias, deixando dormir em cima da cama… Virou filho mesmo”, diz.

Com o movimento fraco no restaurante, Renata e Carlos perderam o emprego. Venderam coxinha e água no sinal, mas o dinheiro não era suficiente para as despesas. “Então fomos vendendo os móveis que a gente tinha para tentar continuar lá. Mas teve uma hora que não deu mais.”

De passagem comprada, foram à rodoviária. Quando souberam que não poderiam embarcar os cães, por não terem as caixas de transporte apropriadas, eles conseguiram um carrinho velho de supermercado, e saíram empurrando estrada afora. Renata diz que não pensou em abandoná-los nem por um segundo, “De jeito nenhum, eles são nossos companheiros, nossos filhos.”

Quando chegaram a Votuporanga, uma prima de Renata procurou Leonardo Brigadão, vereador que defende a causa animal. Ele conheceu o casal, se sensibilizou com a história e publicou um post em sua página do Facebook. “Quando publiquei que esse casal veio empurrando o carrinho com os dois cães, algumas pessoas, inclusive o advogado da Câmara Municipal, comentaram comigo que viram eles na rodovia, com os cachorros”, conta o vereador.

Brigadão diz que, agora, está lutando para conseguir um lugar para eles morarem. A casa da prima de Renata, que tem três filhos e dois cachorros, é pequena demais para hospedá-los em definitivo — o casal vai lá para se alimentar, tomar banho e trocar de roupa. Nenhum abrigo público aceitou os dois, por causa de Milady e Paçoca. A saída foi morar em um barracão. “Meu medo é que algum homofóbico faça mal para a gente porque sou transgênero”, diz Renata. Por precaução, ela deixa os cães na casa da prima quando precisa sair.

“Eles estão em uma situação complicada. Estamos tentando arrumar moradia para eles”, conta o vereador Leonardo Brigadão. “No caso deles, é difícil encaixar no auxílio-aluguel, que a prefeitura oferece pela Secretaria de Assistência Social. Mas a Secretaria de Direitos Humanos vai empregar os dois, pelo programa Votuporanga em Ação II, para eles poderem trabalhar e ter uma vida digna”, afirma. Enquanto não conseguem um lar, os dois passam o dia em uma entidade que cuida de famílias carentes. “Eles são voluntários lá, estão trabalhando. Então eles precisam de ajuda, mas estão ajudando outras pessoas”, destaca o vereador. Com a repercussão local da história, o casal conseguiu doação de roupa, ração e de um ventilador.

Carlos, Renata, Milady e Paçoca no barracão

Apesar das dificuldades, Renata reforça que nunca se desfaria dos cachorros. “Jamais deixaria os dois para trás. É muito amor que tenho por eles“, afirma.

Ninguém duvida disso.

  • Se alguém quiser entrar em contato com Renata, o whatsapp da prima dela  é  (17) 99183-8869

Paloma Oliveto

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